Talvez eu Esteja Precisando de Voce
Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.
A possíveis leitores
Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada. Aquelas que sabem que a aproximação, do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente – atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar. Aquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro nada tira de ninguém. A mim, por exemplo, o personagem G.H. foi dando pouco a pouco uma alegria difícil; mas chama-se alegria.
O sorriso que eu levo hoje apaga todos os outros rastros. Eu aprendi, aos trancos, que ser feliz não dói. Ser feliz não dói!
“Fico me perguntando que outra mulher ouviria os maiores absurdos como eu, e, ainda assim, não deixaria de olhar pra você e ver um homem maravilhoso.”
Juro que nunca mais vou amar ninguém. Nunca mais vou me ligar a ninguém. Nunca mais. Eu acabo destruindo tudo que toco.
Todos pensam que eu sou delicada. Eles não me conhecem, pois por onde eu passo, eu derrubo alguma coisa.
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa
e eu não posso pegar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
(...) nada te posso garantir – eu sou a única prova de mim (...)
Eu quero a verdade que só me é dada através do seu oposto, de sua inverdade. E não aguento o cotidiano. Deve ser por isso que escrevo.
Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele me amaria mesmo eu sendo desfigurada, intensa e verdadeira, como um quadro do Picasso.