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Alguns costumes aprisionam e outros libertam, o relevante dessa conclusão é saber que entre eles existem os que permitem prever suas consequências, porém, há também aqueles que são completamente imprevisíveis e talvez irreversíveis.
As pessoas têm costume de dizer: Ah! fulano, você sumiu. Mas na verdade é uma desculpa esfarrapada pra dizer que você não andou procurando eles.
OUTRO LADO
- Oi, moço. Uma informação por favor... a loja que ficava aqui ao lado fechou?
-Não, minha senhora. Só mudou pro outro lado da rua.
-Hã? Como assim?! - perguntou enquanto olhava pro outro lado tentando enxergar o que procurava - Acho que você não entendeu a pergunta... A loja que ficava aqui ao lado fechou, não foi?
- Sim. Fechou aqui e reabriu do outro lado. Está logo ali. Bem de frente. Basta a senhora atravessar a rua.
Ela olhou mais uma vez pro outro lado. Desta vez mais demoradamente... Me pergunto se talvez o hábito, a tradição e o costume a tenham deixado desconfortável em aceitar mudanças e se isso, de certa forma, a tenha cegado (ou pelo menos limitado sua visão).
Incapaz de enxergar a realidade, não atravessou a rua. Simplesmente agradeceu e foi embora balançando a cabeça lamentando a loja ter fechado (e possivelmente ponderando a integridade de minhas funções cognitivas e estabilidade mental).
"Moço doido"
Acontece o tempo todo.
E não apenas sobre lojas.
Hoje eu chorei.
Hoje chorei por você.
Hoje não consegui segurar e chorei.
Hoje a saudade doeu mais.
Hoje, diferente das outras vezes, não segurei as lágrimas.
Chorei.
Senti molhar meu rosto.
Quis controlar meu pranto, mas não deu.
Chorei de saudade.
Chorei com muita saudade.
Chegou a doer em mim.
As lembranças e a distância me torturam.
A distância é grande.
A saudade, maior ainda.
A vontade, nem se fala.
A ausência é dolorida.
Hoje está doendo mais do que o costume, apesar de eu não me acostumar. Me recuso a acostumar. Não está nos meus planos acostumar.
Quando o sonho acabar, sorria pra vida. Ela tem costume de retribuir gestos de atenção e carinho, repondo a beleza de viver, reparando realidades em coloridas pinceladas de sonhos adormecidos.
Costume.
É estranho como só consigo escrever de você e desse sentimento, é engraçado como todas as outras bocas perderam a graça depois da sua, não consigo parar de pensar em você, te amo tanto, que não consigo descrever.
Tenho o costume de achar que a vida vale a pena. Que o mundo, apesar das feiuras que tentam escurecer as paisagens, o sol sempre faz tudo em minha volta brilhar. Porque eu tenho o abençoado costume de acreditar que os minutos seguintes superarão as minhas expectativas em ter um mundo mais belo. Embora os fatos mostrem o negativo, prefiro confiar sempre no otimismo. A vida é brava para quem usa melhor a força do encantamento por viver.
