Surto
Berto se revoltou completamente ontem, um surto capaz de mudar toda a sua trajetória até então, mas ele não mudou. Era imutável, era fechado, era Berto. Pediu demissão de mais um emprego entre inúmeros no último ano, eremita insaciável, insatisfeito, inconsolado. Mandou seu superior pro inferno, engolia ofensas há meses, Berto não nasceu para se submeter, era insubmetível. Jogou uma caixa de arquivos na cara do canalha, que lhe ordenava ordens insensatas, um cretino munido de idiotices hierárquicas.
Aspirante a Vilão
Berto se revoltou completamente ontem, um surto capaz de mudar toda a sua trajetória até então, mas ele não mudou. Era imutável, era fechado, era Berto. Pediu demissão de mais um emprego entre inúmeros no último ano, eremita insaciável, insatisfeito, inconsolado. Mandou seu superior pro inferno, engolia ofensas há meses, Berto não nasceu para se submeter, era insubmetível. Jogou uma caixa de arquivos na cara do canalha, que lhe ordenava ordens insensatas, um cretino munido de idiotices hierárquicas.
Berto virou um demônio e pediu a Deus que lhe desse discernimento, para não cometer ali uma atrocidade. Aquela saleta fedia uma loção barata e desodorante vencido, misturado com cheiro de banheiro e desinfetante caseiro. Divisórias mofas exerciam sua tarefa mal sucedida de serem repartições, isolando os ambientes, descumprindo a missão de ocultarem as conversas em voz alta e os berros exaltados de chefes e subordinados neuróticos e estressados.
Aquele bairro tinha se tornado uma grande privada satélite, anexada ao centro velho e abandonado da cidade, um território esquecido por seres civilizados, antro supremo das mais relevantes categorias do tráfico, drogas, armas, contrabandos e piratarias de todos os gêneros imagináveis, prostituição. O lar do crime rigorosamente organizado, refúgio de marginais, imigrantes, putas, travecos, ligeiras, minorias, desempregados, miseráveis e mais miseráreis, mas nenhum culpado.
Dizer que não é fácil ser honesto no paraíso dos corruptos seria inocência demais, honestidade e dignidade não existem, são basicamente impossíveis de serem praticadas, num lugar como este. O próprio ar em si é corrompível, as ruas não alimentam o crime, o crime alimenta as ruas, sem ele não há forma de vida aqui; e ninguém é culpado.
Nem todo surdo é mudo, nem todo mudo é surto... e tem surdo-mudo. Brasil precisa ser bilingue, agregar libras em sua cultura (ouvintes). Pena que a educação não nos é permitido em sua plenitude.
Susto
Nem a poesia resiste a
este agora
Tornou_se furtivamente
estranha
Parece está em surto em
meio ao caos
Porém, de longe ela
observa tudo
E quando menos se espera,
um parto virá
Dará vida a versos fortes
e profanos
Só assim, ela encara a
realidade.
Sonhe,
Solfeje,
Sol lá fora,
Surto embora,
Saciada a fome de agora.
Saia,
Sorria,
Segrede, se alegre,
Semeie,
Sacie, salgue, sacuda,
Segure, sane, acuda!
Saboreie,
Sereno...
Este tempo é pequeno,
Antes que cheguem maus dias,
E digas não tenho mais alegrias.
Solidário,
Solitário,
Silente,
Sóbrio,
Sôfrego,
Só!
Só!
Só!
A vida ensina, regenera, cura o surto e lambe com bálsamo o que antes ardeu na pele.
Tal qual o mecanismo de um moinho de vento. Singelo e cru; ele sempre segue adiante. Gira a hélice após hélice e quando o inverno o congela; o sol posterior derrete o gelo. Um mantra que informa ao desavisado que relembrar o vento ruim é perpetuar o mau tempo. Quase uma prece gritada, dizendo: SEGUE ADIANTE!
''Não consigo parar de escrever...
É um surto de palavras
Um vazio que me tira a calma
Preciso escrever
Pra ver se ainda sou humana''.
Paixão, no seu surto, quando se associa à transgressão, à traição ou mesmo ao abandono, sempre crê que todos os impossíveis, dessa vez, serão possíveis.
a pessoa tomada pelo surto da paixão, vê (às vezes já tarde demais), que tudo o que ela dizia ser essencial, nada mais foi do que uma fome criada pelo instinto do inseguro; o qual, agora, depois de ter feito tudo quanto disse que tinha o significado de uma eternidade de importâncias, nada mais foi que um fugaz desejo de possuir; e apenas porque individuo não sente que possui a si mesmo; e, pior ainda: não gosta de si mesmo!
A PAIXÃO é um estado de surto; e, de cujo estado, vi muito pouca gente sair feliz; pois, os que saíram felizes, assim saíram apenas em razão das bem-aventuradas dores do arrependimento.
GRIPE SUINA
O surto de um novo tipo de vírus é algo que me intriga. Há uns 15 anos atrás, era o vírus ebola, que derretia suas vítimas em febre e assustava com a rapidez que se espalhava em uma África desde sempre precária em saúde. Depois, o surto da "vaca louca". Em seguida, um par de anos atrás, a gripe aviária. Agora, a mexicana gripe suina. Em todos os últimos casos, é de se notar que vírus devastadores agora se aproveitam da logística global do consumo exacerbado. Doenças que se limitavam a fundos de quintais ou cercanias de chácaras e sítios, agora adquiriram asas invisíveis. É de preocupar, claro.
Esse interesse pelo assunto que me levou a um livro de Stephen King, chamado "A dança da morte". No romance "kingiano" de quase mil páginas, um misterioso vírus liquida quase toda a raça humana, exceto algumas pessoas misteriosamente imunes, que tentam formar uma nova sociedade, enquanto o diabo andarilho erguia um império do mal num mundo caótico. Recomendo.
Ficção a parte, entre hipóteses de extinção da raça humana que às vezes formulo comigo mesmo, nenhuma está relacionada a algum tipo de vírus. Acredito que a biomedicina encontraria soluções mesmo em casos drásticos. E praticamente todo tipo de vírus acaba por encontrar resistência em algum dos diversos sistemas imonológicos entre bilhões de seres humanos. O homem encontrará uma maneira mais eficaz de se destruir, alguém duvida?
