Suave como a Pimenta
Psicólogo não é super-herói, guru nem robô. É ser humano assim como você. Então não procure nele salvação, milagres ou respostas prontas!
Se sua empresa prega meritocracia, aceite ver o QI de algum “costa quente” assumir o cargo que você almejava.
Busco por sorrisos sinceros, pois só tem valor aquilo que é raro, e de dores e falsidade o mundo está cheio..
A verdade é que, apesar de pedir diariamente aos céus para te esquecer, não sei se estou preparada. Ficará um buraco terrível no peito. Quem é que me fará transbordar apenas com um olhar?
Você liga na quarta me chamando para sair sexta e minha vida vira uma contagem regressiva. Perco a fome. O sono. Mas não reclamo, pelo contrário. Distribuo sorrisos, passeio com o cachorro, lavo a louça do jantar, chego animado no escritório e tudo é festa. A piada sem graça do colega de equipe me faz rir por minutos. Canto com gosto a música chata que toca no bar da esquina e, em vez de reclamar do calor escaldante que faz na noite de quinta, calço os chinelos, saio por aí, caminho pela orla, reparo na lua, sento no quiosque mais pé sujo da praia e tomo uma cerveja barata enquanto converso com alguém que nunca vi antes. Sorrio como se a vida tivesse antecipado meus créditos de felicidade. Daí o dia finalmente chega e, no metrô, todo mundo está animado, sem motivos, porque não precisa, esse dia é tradicionalmente leve, bom, contente, esperado. Mas ninguém sabe que para mim não é uma data qualquer. Torço para que a hora voe. Ela passa devagar. Crio diálogos, imagino abraços, prevejo beijos e, quando a noite cai, basta te ver vindo abrir o portão com o sorriso aberto no rosto, para que eu arremesse no espaço todos os meus ensaios. Aí você me abraça, dá um beijo na bochecha e pergunta como passei a semana com a inocência de quem não faz ideia de que foi dona de todos os meus dias. Eu respondo que correu tudo bem. E sorrio sem saber que esse dia é o mais aguardado do ano até o nosso próximo encontro. Naquela ligação você não me roubou só alguns dias, me roubou inteiro.
Às vezes a gente conhece alguém e logo sente que o perigo mora ali. Que no pequeno caminho traçado para o cumprimento com dois beijos no rosto tem uma mensagem subliminar que avisa “vai dar merda”. Por que não paramos? Por que prosseguimos? Qual é o nosso problema? Contigo, na hora em que nos apresentaram, estritamente no primeiro segundo, foi assim. Eu senti.
