Sou porque tu Es Pablo Neruda

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Não há, na arte, nem passado nem futuro. A arte que não estiver no presente jamais será arte.

Uma ideia é um ponto de partida e nada mais. Logo que se começa a elaborá-la, é transformada pelo pensamento.

Só um sentido de invenção e uma necessidade intensa de criar levam o homem a revoltar-se, a descobrir e a descobrir-se com lucidez.

Para mim só há duas espécies de mulheres: as deusas e os capachos.

Um quadro bom no meio de quadros maus acaba por se transformar num mau quadro. E um quadro mau no meio de quadros bons acaba por se tornar um bom quadro.

Na realidade trabalha-se com poucas cores. O que dá a ilusão do seu número é serem postas no seu justo lugar.

Leva muito tempo tornarmo-nos jovens.

No mundo nada mais existe a não ser o amor. Qualquer que ele seja.

Pintar é libertar-se, e isso é o essencial.

Dantes um quadro era uma soma de adições. Comigo um quadro é uma soma de destruições.

Suprimir os obstáculos não é dar liberdade, mas sim permitir o desregramento, que conduz à desestruturação, à monotonia, ao nada.

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas
não me tires o teu riso.

(...) mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas
as portas da vida.

quando os meus passos se forem,
quando os meus passos voltarem,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas o teu riso nunca
porque sem ele morreria.

And because love battles

(...)
And I in these lines say:
Like this I want you, love,
love, Like this I love you,
as you dress
and how your hair lifts up
and how your mouth smiles,
light as the water
of the spring upon the pure stones,
Like this I love you, beloved.

To bread I do not ask to teach me
but only not to lack during every day of life.
I don't know anything about light, from where
it comes nor where it goes,
I only want the light to light up,
I do not ask to the night
explanations,
I wait for it and it envelops me,
And so you, bread and light
And shadow are.

You came to my life
with what you were bringing,
made
of light and bread and shadow I expected you,
and Like this I need you,
Like this I love you,
and to those who want to hear tomorrow
that which I will not tell them, let them read it here,
and let them back off today because it is early
for these arguments.

Tomorrow we will only give them
a leaf of the tree of our love, a leaf
which will fall on the earth
like if it had been made by our lips
like a kiss which falls
from our invincible heights
to show the fire and the tenderness
of a true love.

XLVIII

Dois amantes ditosos fazem um só pão,
uma só gota de lua na erva,
deixam andando duas sombras que se reúnem,
deixam um só sol vazio numa cama.

De todas as verdades escolheram o dia:
não se ataram com fios senão com um aroma,
e não despedaçaram a paz nem as palavras.
A ventura é uma torre transparente.

O ar, o vinho vão com os dois amantes,
a noite lhes oferta suas ditosas pétalas,
tem direito a todos os cravos.

Dois amantes felizes não tem fim nem morte,
nascem e morrem muitas vezes enquanto vivem,
tem da natureza a eternidade.

Pablo Neruda
Cem Sonetos de Amor

I need the sea because it teaches me.

O tempo lava e desenvolve, ordena e continua.
E que fica então das pequenas podridões, das pequenas conspirações do silêncio, dos pequenos frios sujos da hostilidade?

Per il mio cuore basta il tuo petto,
per la tua libertà bastano le mie ali.
Dalla mia bocca arriverà fino in cielo
ciò che stava sopito sulla tua anima.

E' in te l'illusione di ogni giorno.
Giungi come la rugiada sulle corolle.
Scavi l'orizzonte con la tua assenza.
Eternamente in fuga come l'onda.

Ho detto che cantavi nel vento
come i pini e come gli alberi maestri delle navi.
Come quelli sei alta e taciturna.
E di colpo ti rattristi, come un viaggio.

Accogliente come una vecchia strada.
Ti popolano echi e voci nostalgiche.
Io mi sono svegliato e a volte migrano e fuggono
gli uccelli che dormivano nella tua anima.

Áspero amor, violeta coroada de espinhos,
cipoal entre tantas paixões eriçado,
lança das dores, corola da cólera,
por que caminhos e como te dirigiste a minha alma?

Por que precipitaste teu fogo doloroso,
de repente, entre as folhas frias de meu caminho?
Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?
Que flor, que pedra, que fumaça mostraram minha morada?

O certo é que tremeu a noite pavorosa,
a aurora encheu todas as taças com seu vinho
e o sol estabeleceu sua presença celeste,

enquanto o cruel amor sem trégua me cercava,
até que lacerando-me com espadas e espinhos
abriu no coração um caminho queimante.

Pablo Neruda
NERUDA, P. Cem Sonetos de Amor. Porto Alegre: L&PM, 2006.

Virás comigo, disse sem que ninguém soubesse
onde e como pulsava meu estado doloroso,
e para mim não havia cravo nem barcarola,
nada senão uma ferida pelo amor aberta.

Repeti: vem comigo, como se morresse,
e ninguém viu em minha boca a lua que sangrava,
ninguém viu aquele sangue que subia ao silêncio.
Oh, amor, agora esqueçamos a estrela com pontas!

Por isso quando ouvi que tua voz repetia
"Virás comigo", foi como se desatasses
dor, amor, a fúria do vinho encarcerado

que da sua cantina submergida soubesse
e outra vez em minha boca senti um sabor de chama,
de sangue e cravos, de pedra e queimadura.

Pablo Neruda

Nota: "Soneto VII" de "Cem sonetos de amor"

Otro

De tanto andar una región
que no figuraba en los libros
me acostumbré a las tierras tercas
en que nadie me preguntaba
si me gustaban las lechugas
o si prefería la menta
que devoran los elefantes.
Y de tanto no responder
tengo el corazón amarillo.