Sou o Brilho dos seus Olhos ao me Olhar
No fundo, eu penso quem vai determinar se sou ou não poeta/poetisa é o leitor. Não me sinto com tal autoridade para dizer se sou ou não poeta/poetisa.
O poema sou eu
que me apresento,
te faço perdido
e encontrado comigo,
Você não conhece
mais outro caminho,
Sou eu o seu destino
escrito no chão
e também nas estrelas,
A tal eterna noiva
de Ariano vestida de Sol
e sempre com um manto de poemas.
Nesta e nas próximas noites
sou eu a flor de Peroba-Rosa
florescida nas tuas mãos
tocando o céu do seu coração,
Você não consegue mais
viver na vida sem amor e paixão,
Sou eu de vez que cheguei
para fazer em ti amorosa revolução.
Florada do Cedro-Rosa
que não consegue mais
dominar assim sou eu
amorosa florescendo
com Versos Intimistas
dentro de você porque
os meus sinais austrais
você os lê com o coração
e me tem na palma da mão.
Deixo para que decidam
ou não se sou a tal Poetisa
desta cidade de Rodeio
que põe a sua poesia
em descanso no verde
deste Médio Vale do Itajaí,
Que se deslumbra com
ventos e alvoradas sobre
esperas românticas
em companhia das vidas
atlânticas na habitação
com vista para o Pico do Montanhão.
Do lado de dentro
do teu coração divino,
do teu pensamento
sou eu a Vitória-Régia
semeada pelas asas
místicas do Hemisfério Sul
a Primavera eterna,
feita de herança nômade
e indígena desta terra.
(A dança dos deuses nas auroras).
Eu sou uma casa
dentro de outra
casa que é o meu Brasil,
O meu Brasil é uma
outra casa dentro
dentro de outra casa
que é a América do Sul,
O telhado da América
do Sul é feito de parte
do telhado de outra casa
que é o Hemisfério Celestial Sul,
E a América do Sul
é uma casa que é vizinha
de outras casas do Sul Global,
Eu sou uma casa dentro
de outras casas assim
sou uma casa sobrenatural
do Norte ao Sul Austral.
(Sinal indígena ancestral)
Sem nada mesmo,
sou pipa voada,
Tipo pré-micareta
pulando que nem pipoca,
Sem nada na cabeça
sem nada oferecer,
E ainda tem gente que
se sente incomodada,
E eu fico dando risada.
(Continuo debochada).
Existem vestígios
meus em ti,
Mesmo no abismo
que é o exílio
do teu silêncio.
Em ti sou poema
de amor vivo,
Ao seu redor és
o meu Condor
me protegendo.
Não sei qual
será o desígnio,
Só sei que algo
diz para nós baixinho
que está escrito
um no coração do outro:
O meu destino é você.
MISTÉRIOS DE VIDAS
Só agora eu soube, mesmo agora -
Que não sou aquele - o outro, quando nasci:
Enganei a mãe e meu pai pela vida fora,
Face à razão duma vida que já vivi
E desta minha que amargurada chora
Por outra passada que nunca senti.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Triste Por Escrever, em 14-05-2025)
Parto sempre em vantagem em relação aos meus opositores, porque eu,
sou sempre eu, e eles, não sabem o que são.
O CÃO QUE CANTAVA ÓPERA
Eu já tive um cão
Baixinho como eu que o sou
No destino e na pernada,
Que cantava ópera farsada
Sempre que eu dizia ao serão
Versos de dor a uma fada.
A ópera do meu cão, uivava
Numa voz tão pura de fina
Como alguma jamais encontrada
Em cantares de gente canina.
Tinha um não sei quê de magia
Saída pelos foles da garganta,
Sim, porque um cão triste canta
E encanta
No silêncio da noite vazia.
Um dia de sábado pela manhã fria
O meu cão de ópera já não operou...
Estava rígido, teso, na alcofa
Que ele tinha, meu Deus, tão fofa!...
Nem se despediu de mim
O companheiro amado...
Ele acabou o seu fado
E eu, sozinho assim
Não voltarei a dizer poemas
Porque dão azar e penas!
(Carlos De Castro, in Igreja de Argoncilhe, 22-06-2022)