Sou o Brilho dos seus Olhos ao me Olhar
Último estoico
Sou amante da beleza,
sem extravagância
sem pudor, sem arrogância.
Amo a beleza sem medida,
fico preso a contemplar
uma noite, um luar,
ou uma tarde em despedida.
Mas no que tange ao meu prazer
sou estoico a perecer
nesta geração desvalida.
Não sou uma pessoa normal, pois tudo que não é arte, digo grande arte me incomoda. Me irrita de fato ter que ouvir discussões sobre futebol, religião e política.
Não me chame de gênio
nem classifique-me por gênero
sou humano-divino
sem classificação.
A obra que faço
é como disfarço
minha inquietação.
Não sou fêmea
nem macho
não sou luz
nem facho
sou constelação.
LATINO AMERICANO
Sou latino-americano,
filho de paraibano...
Fui criado no Nordeste,
mas logo corri da peste...
Da peste de passa fome...
Fui embora muito cedo...
Com coragem e pouco medo
fui morar com tio baiano...
Na Bahia percebi, duramente descobri
qual seria o meu destino...
Não seria como os outros
Filho errante, natimorto...
Eu queria ser urbano.
Num impulso fui ao alto
de carona pro Planalto
pra seguir a minha sina
no Distrito Federal.
Em Brasília fui pra noite
pra cantar sob os açoites
dos donos da Capital...
Mas foi boa a experiência
descobri logo a ciência
não queria ser cantor!
E o tempo foi passando
E a plateia foi cansando
Não queria mais me ouvir...
Entre copos de cerveja
mesas de melancolia
eu colhi o suprassumo
de onde faço a poesia...
Entre tanto vaivém
Sem notar eu encontrei
A morena de olhos negros
Meu maior e eterno bem!
Não sou político nem apolítico. Penso que a mediocridade do espírito político não merece minha adesão nem minha exclusão.
Eu sou um poeta boêmio
E Ipanema é meu refúgio certo
Onde a musa carioca me inspira
E o ritmo Bossa Nova me encanta
Em meio às garotas douradas
Que caminham pela areia fina
Eu vejo a beleza da vida noturna
Lembrando de Tom Jobim e Vinícius de Moraes
Com acordes dissonantes inconscientes
Minhas notas musicais se fundem
Com a brisa do mar e as ondas da saudade
Em uma Bossa Nova de amor e paixão
Ipanema é meu lar, minha morada
Onde a noite se torna minha amada
E a boemia transforma em poesia
Cada respirar desta bela cidade.
Oh, vida tão doce e tão amarga vida,
Sou um poeta, maldito, incompreendido,
Através das rimas, a dor é desmedida,
E o mundo em volta, é um fardo caído.
Charles Baudelaire me ensinou a sonhar,
Com o ópio deixa a mente a delirar,
Rimbaud mostrou o caminho da loucura,
E o café, ah, como ele desperta a ternura!
Mas o vinho é a minha droga preferida,
Ele me faz esquecer da solidão sofrida,
E acalenta a minha alma tão ferida.
Ser um poeta é uma sina, é um destino,
Com as palavras, eu navego sem tino
A minha alma transborda em verso divino.
Sou verso sem rima
Que tenta se expressar
Sou música e melodia
Tentando te encantar
Sou estrada sem destino
Que percorre sem saber
Um sonho a realizar
Lutando para acontecer
Sou alma solitária
Em busca de um abrigo
Sou coração que procura
Um abraço de um amigo
Sou pequena em imensidão
Destemido em força e voz
Sou a poeira que dança no caos
Facho de luz, aquarela azul-lilás
Sou imortal na minha arte,
Inspirado pelos astros,
pela natureza e pela vida,
Com minhas palavras,
encontro o caminho
para a eternidade.
Meu coração pulsa,
minha mente cria,
Cada verso
uma nova história,
um novo universo,
Compondo um poema
vivo e imortal.
E mesmo que a morte bata
à minha porta,
Minha poesiacontinuará a viver,
Preenchendo corações,
iluminando mentes,
Eternamente imortal.
O cara de pau
Eu sou um cara de pau
Se falam em trabalho
Eu passo mal
Se me pedem um favor
Por amor de Deus
Eu digo não.
Falta-me disposição
Pra chutar a bola pro gol
Pra cobrar um escanteio
Nem o cabelo eu penteio
Nesta vida, o que anseio
É não ter obrigação
Nem defesa nem ataque
Nem barbeiro nem peão
Falta-me disposição
Para afiar a navalha
Pra mover com uma palha
Para amassar o pão..
Eu sou um cara de pau
Se falam em trabalho
Eu passo mal.
Se me pedem um favor
Por amor de Deus
Eu digo não.
Falta-me disposição
qualquer coisa apareça
Eu disfarço e digo não
Não abro mão da minha solidão
Quando sou vazio metafísico
No silencioso abismo de mim
Onde criou o imponderável.
Neste instante glorioso em que "sou"
Longe do mundo e das pessoas
Eu tomo meu café amargo
E me solto das amarras dos homens
Tudo é infinito e intocável
Para tudo além de mim
Sou natureza e instinto
Não importa se sou verdade
O que crio foge às convenções
A arte de viver é ser livre
A arte de morrer é negar
Julgar é tarefa para os mortos.
Enquanto vivo penso, existo
A crença de esperar o amanhã
É fuga e medo de sonhar
Não sou poeta, apenas minto.
Queime-me
Queime-me,
porque sou pó, e ao pó devo voltar,
mas escolho o fogo, o calor que consome,
não como morte, mas como transformação.
Queime essa matéria que me veste,
esse corpo que habitou a alma,
que pulsou em cada verso,
em cada nota, em cada instante de festa
vivido como se amanhã nunca viesse.
Porque amanhã, talvez, não estarei.
E tudo que fui, que amei,
será cinza ao vento,
um sopro que fertiliza o infinito.
Queime-me,
pois o que é eterno já vive
nas palavras que ergui,
nas obras que de mim nasceram,
abstratas, físicas, eternas.
Queime essa matéria,
mas não a memória,
não a alma secreta que me habitou.
Pois enquanto há quem ame,
quem viva, quem cante,
sou mais do que cinza—
sou fogo que arde no coração do mundo.
Ser o que sou
Sou o universo em tons diversos, em mil cores,
no balé eterno das estrelas finitas.
Sou o todo de ontem e a soma do agora,
o peso e o voo, o fardo e a febre,
medo e desengano entrelaçados.
Sou luz que arde, sombra que dança,
ferida que abre, navalha que estanca.
Sou você, sou o outro,
estou por dentro, estou por fora.
No espelho me vejo — sou cais e mar,
o que resta e o que há de faltar.
Sou abismo, sou pranto, sou riso de insânia,
sombra que resiste à indomável aurora.
"Arrebente a porta dos meus sentidos, entorpeça tudo ao seu redor. Diga-me que sou louca, e eu lhe digo que ceifarei sua voz. Maldita seja sua língua que dança e profere falsas poesias."
Cada vez mais sinto ânsia de mudar novamente. Mudar de lugar, mudar quem eu sou. Não para agradar alguém. Mas para me sentir alguém.
É triste saber que sou parte da única espécie animal que destrói o próprio habitat. E nós é que somos os racionais.