Sou Igual a minha Irma
Escrevo por instinto e não por razão
Sou aquele animal ferido por uma lança
acuado, revolto, inflamado
Com sua língua lambe a ferida
Sorve seu próprio sangue
A palavra é meu sangue
Escrevê-la é minha língua
Meus olhos insistem em ser cachoeira
O vento ainda não a dispersou
Sou intensidade altaneira
Inescrupuloso embaraço
Sou o traço
Do riso discreto
Os dentes falhos
A janela aberta
Da imensidão.
Sou estranha às vestes alheias
Mas não sou sozinha
Eu sou multidão.
Os meus olhos ainda persistem
Como jarros d’água
Infinitas fontes
A cruzar as pontes da escuridão
Eu sou a senhora
Sou a meninice
Sou a pausa e o pique
Da imperfeição.
Meus olhos reclamam por vida
Os braços não deixam enxergar
A pele tão destemperada
O fogo aterra a água e o ar.
Eu sou incredulidade
Palavra de quem argumenta
Motivos, sentenças, viagens
Ao grão da pura inocência.
Meus olhos
Estão cansados
De tanto verter um rio
A cada segundo
No seu mais profundo
Mar em desvario.
Sou uma criança
Em teus excelsos braços
Oh majestosa noite
Tu és mãe dos meus sonhos
Tu és sono das minhas dores
Tu és encanto da esperança
Tu és primor dos estertores
Eu sou os meus passos
Eu sou meu espaço
Eu sou o que toco
Eu sou o que vejo
Eu sou o que sinto
Eu sou a viagem
Eu sou o pouso
Eu sou a virtude
Eu sou a imagem
E semelhança
De quem me criou
Para ser...
Livre!
Meus passos correm em busca de mim
Em busca de quem eu sou
Em busca de onde estou
Em busca do meu lugar no mundo
Do meu propósito
Da minha missão
Do meu ser
Do meu mais profundo
Não me cale!
Não ouse me calar
- Não mais!
Eu sou assim
Eu sou o que posso
Eu sou o quero
Eu sou o que gozo
Eu sou o que gosto!
Eu viverei de mim
- E ai de ti!
… se vier de novo
querer calar a minha voz!
Sou a penúria da escassez
Que murmura
Sou o sentir da falta de sentimentos
Sou a paisagem da beleza
Enfeitada
Eu sou a sombra do próprio
Tormento!
Sou o escândalo da noite
Faceira
Sou o perfume, em cândido ardor
Sou a mortalha que prende o meio
Sou estranheza banhada em torpor.
Eu sou o buraco que não se esconde
A teia de aranha que engole o mal
Eu sou a tempestade do vento suave
Sou a certeza do vendaval.
Sou a persona grata non here
Sou o pudor da vergonha em mim
Sou o estrago do próprio embaraço
Sou o nó que desfaz o laço...
Eu sou a intensidade da monotonia
Sou o cansaço da alegria
Sou a temperança da própria raiva
Sou a paixão lasciva e viva.
Sou a contradição aos pedaços
Sou o som da mudez no espaço
Sou a pedra no meio do caminho
Sou a bebida do meu desalinho.
Metade do tempo
sou eu!
Metade de mim
é o tempo!
Eu sou esta corda bamba
Sou o equilíbrio entre a pilha
de coisas da vida
e a queda desmedida!
Sou a espiritualidade e o tormento
Sou a doença e o unguento
Sou a leveza e a vazão
Sou a subida e o escorregão!
Eu sou metade do tempo
O tempo é metade de mim
Se isto é um sonho, eu digo:
- Os sonhos transformam a vida!
E eu vivo sempre assim!
Sou uma religiosa
Sem religião
Sou uma ateia
Cercada de deuses
Sou uma peregrina
Parada no tempo
Sou uma profana
Que embeleza o templo
Sou o riso puro
Na sordidez desmedida
Sou a palavra dada
No silêncio da noite
Sou a ternura plena
Na entranha do vil
Sou a estranha imagem
Do meu próprio desvario
Não sou tão arguta quanto deveria
Nem tão inocente quanto queria
Sou um meio termo estranho
Entre o azedume e o doce
Entre o ar e a terra
Entre a vida e a morte
Entre a paz e a guerra.
eu sou amante da vida
ainda vou morrer por causa disso
mas como morrerei - de qualquer jeito
será lindo morrer de amor!
eu não estou me aguentando dentro de mim
e sou a única que pode me escutar
afogo-me no mar de sentimentos que criei
e não dou conta de me salvar
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