Sou como um Velho Escaravelho
CHACAL
Ó Cerrado! ó velho de bravura!
Ó cruel e implacável vastidão!
Que propina solidão ao coração
E ao silêncio lágrimas mistura!
Pois a melancolia, onde é chão
Abre em secura, arde a tristura
Na quietude tal duma sepultura
A dor viva de um atroz bordão!
Tal o contraste! agridoce figura
Aridez, e flores na contramão
De saudades no vazio em jura!
Ó Natureza! Ó Divina criação
Alegria e tristeza em conjuntura
Nasce a privação e brota a ilusão...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
início de setembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Eu não tenho ideia de onde consigo tirar tanta paciência pra te aguentar! Velho, acho que de 5 minutos que você fica na minha casa, 6 você passa falando besteira. Eu não tenho ideia também de onde eu consegui enxergar que você é meu melhor amigo. A gente mais briga do que sei lá o que, mas vou te confessar uma coisa: quando a gente briga DE VERDADE, eu fico muito triste. Eu acho que acostumei com você me tirando do sério o tempo todo, que quando a gente fica sem se falar, parece que falta um pedaço de mim. Um não escuta o conselho do outro, e daí sempre volta o cão arrependido, por não ter seguido o conselho e chorar no ombro do outro. Talvez seja essa sinceridade que um tem com o outro, esse "ódio", essa ignorância, que faz essa amizade ser diferenciada, e um ter o outro como irmão de verdade.
LAMPEJOS!
De repente o igual fica velho e decadente,
Quando chega o novo e diferente.
De repente o novo diferente, que era diferente,
Torna velho e decadente.
Tal é a mutação do tempo,
Dos caminhos e contratempos.
Vem a indagação da razão da vida,
Que de tão atrevida, teima em ser vivida.
O novo é belo porque é diferente.
O diferente é belo porque é novo.
Mas de repente o velho que era decadente,
Retorna novo e diferente.
Tal as mutações dos desejos,
De sonhos e ensejos.
São amores de sobejos,
Vividos em lampejos.
O ego que pede passagem,
Vislumbrando a imagem.
É o mesmo da aterrizagem,
Da fina arte da miragem.
Élcio José Martins
A mulher na calçada
Ela estava sempre sentada na calçada quando eu passava, vestido velho, puído, um lenço que já tinha sido vermelho cobrindo seus cabelos maltratados, um pote de sorvete encardido, rachado, pousado ao seu lado para recolher moedas; diziam que era maluca, excêntrica, uma mendiga por opção, quando tentavam ajudá-la, se recusava, se a internavam, fugia. Ela já fazia parte da vida daquela rua, tornou-se uma estátua viva, um patrimônio da decadência humana, um dia, da mesma forma que apareceu, sumiu. Ainda hoje quando passo por ali penso ela, de alguma forma sinto sua falta; a rua ficou tão vazia.
Se quiser
Se quiser ser alguma coisa, se é para ser igual a alguma coisa então seja como o velho carvalho que repousa serenamente no topo da colina, despretensioso? Não, nem um pouco, tranquilo? Não, com certeza. Porém feliz com sua estrutura gigante e sua aparência bruta, seu tronco de casca grossa, vergado sobre o monte e mesmo sabendo do abismo que o cerca tem como suporte suas raízes retorcidas sob o solo e mesmo sabendo do vento que o empurra tem como base seus galhos que o envolve e sacrificam suas folhas cansadas e secas que outrora brilharam ao sol, se for para ser alguma coisa então seja gigante como o velho carvalho assim seus sonhos não realizados e os seus temores mais profundos não vão sumir, eles não somem, mas com certeza deixarão de fazer diferença
O mundo muda de acordo com a morte.
É quando morre o velho para nascer o novo;
com a perspectiva de novas ideias.
Já dizia um velho sábio: se benze que a sua felicidade vai ofender muita gente! A vida é curta. Quebre as regras, perdoe rapidamente, beba lentamente, ame verdadeiramente, ria incontrolavelmente e nunca se arrependa de nada que te faça sorrir!
Queria voltar a ser criança, pensar no velho senhor de barba Branca, com o seu traje vermelho, trazendo a felicidade...
Pois quanto mais eu cresço mais acredito em mentiras e menos vejo o quanto isso éra a verdade
" O velho lobo, em ruínas não uiva para o luar
suas garras velhas e cansadas,
não lhes sustentam mais
é hora de partir
quem sabe a lua ainda ria
fazendo graça
iluminando uma estrada que levará ao abismo
ou ao céu...
Ultimamente tenho vivido uma máxima: mais velho por óbvio, todavia quando me sinto mais fraco algo mais mais forte acontece.
NUNCA SOLTEI....
Sempre passeei com os meus três filhos quando eram pequenos, o mais velho, a do meio e a caçula...
Não sei se eles se lembram, mas pegava em suas mãos e caminhávamos aqui ou ali, tomar sorvete, comer pipoca... coisas assim que participamos com as crianças...
Mas eles crescem, ganham autonomia, governando suas vidas com os seus próprios meios.
O primeiro chega um dia já com os seus 18 é diz: "Pai to indo"
Aí eu aperto, bem apertado, sua mão a minha, ele solta, mas o meu aperto foi tão forte que minha mão ficou grudada a dele, nunca soltei... ainda que ele tenha ido....
Dali uns tempos chega a do meio, toda faceira e cantarola, dizendo, pai "vou casar", mais uma vez minha mão aperta com força a mãozinha dela... Mas nunca soltei, e sua mão ficou colada a minha....
Tempos depois, e tudo isso de maneira precoce, a caçula... Sai também do lado, e se vai longe para outro estado, mais uma vez, minha mão aperta forte a sua... expressando o meu coração choroso que insiste em afirmar aos três... NUNCA SOLTEI
Uma taça de vinho ouvindo Sapato Velho, é tudo de bom...
Hoje, não colho mais as flores de maio
nem sou mais veloz Como os heróis.
É talvez eu seja simplesmente como um pneu no arame, mas vai que ainda te possa socorrer...
O cajueiro
O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância: belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.
Eu me lembro do outro cajueiro que era menor, e morreu há muito mais tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente “tala”) e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, “beijos”, violetas. Tudo sumira; mas o grande pé de fruta-pão ao lado de casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde.
No último verão ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos amarelos, trêmulo de sanhaços. Chovera; mas assim mesmo fiz questão de que Carybé subisse o morro para vê-lo de perto, como quem apresenta a um amigo de outras terras um parente muito querido.
A carta de minha irmã mais moça diz que ele caiu numa tarde de ventania, num fragor tremendo pela ribanceira; e caiu meio de lado, como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa. Diz que passou o dia abatida, pensando em nossa mãe, em nosso pai, em nossos irmãos que já morreram. Diz que seus filhos pequenos se assustaram; mas depois foram brincar nos galhos tombados.
Foi agora, em setembro. Estava carregado de flores.
Enquanto caminhava feliz a beira mar, num barco sem fundo, tropecei na perna de um velho cego, sentado em pé num dos cantos de uma parede oval que filosofava sobre a vida, lendo um grosso livro de Matemática de apenas uma capa que dizia: a terra é redonda como uma bola Triangular que gira parado no sentido anti-horário, e... terminando a sua longa leitura, o velho cego e mudo, fechou o grosso livro e dormiu caminhando numa cama feita de madeira de pedra e disse: - Sou um pobre sonhador.
#OFERECIDO
Tal ditado é um conselho...
Não te mostres desolado...
Ha sempre um chinelo velho
Pra um pé doente e cansado...
Se quem você quer...
Não lhe quer...
E quem lhe quer...
Você manda embora...
Encoste no balcão de um boteco...
Tome uma dose de cachaça...
E esqueça das horas...
Não fique se lamentando ...
Se achando rejeitado...
Mas vale beijar um sapo...
Quem sabe, não é mesmo?
Ele vira príncipe encantado...
Só não faça desse vida...
Uma arte de viver...
Ficar só às vezes é bom...
Melhor do que sempre padecer...
Comece se amando mais...
Fazendo mais por você...
Quando a gente mais se ama...
Mais a gente deixa de sofrer...
Tome um banho ...
Se arrume...
Se enfeite...
Se perfume...
Sempre alguém vai te ver...
Quem sabe te querer...
É tão bom flertar...
Sem ninguém perceber...
Se não pegar ninguém...
Ninguém eu perdôo...
Vai querer?
Estou aqui disposto...
Todinho prá você...
Sandro Paschoal Nogueira
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