Sonetos Pablo Neruda
Entre os arbustos
Que o vento
Envolvia,
As flores insistiam em
Nascer.
Teimosia sem fim
O sol
As aquecia,
A chuva saciava.
Mas,
O que é
Belo!
Ninguém tinha
Tempo, universo
Para olhar
Ou...
Gostar!
Paciência, ciência
Arte de ter
Crer, rever.
Palavras, Gestos
Desgostos.
Palavras, lavadas
Recicladas, gastas
À toa.
Razões, ilusões
Temporárias,
Ciência de ter
Paciência.
Há dias que você amanhece com dor
Há dias que você não acorda,
Tem momentos que você não sente.
Existem noites que você não dorme
Apenas respira, inspira, petrifica,
Mistura-se a escuridão.
Há dias e noites que parecem não existir
Há sentimentos que nunca deveríamos sentir,
Há vidas que nunca deveriam partir.
Linhas infinitas
Sentimentos inacabados
Figuras abstratas,
Um trago, mais um trago!
Corpos atraídos, copos virados.
A putrefação sentida na sua essência
Decadência, desrespeito, negligência.
Mais um trago, mais um trago!
A trilha sonora que se segue
É o silencio que rompe o escuro,
Noticias de ultima hora
Amaram-se em demasia,
Beberam de mais!
Sonhos e fantasias
Acabaram como tristes,
Mas quase sempre esperadas
Manchetes de jornais!
Enquanto amigos para reverenciar
Imbecilmente conclamam,
Mais um trago, mais um trago!
Estes são dias impossíveis
Não há tempo que cure,
Lágrima que lave
E ódio que perdure.
Não há sorriso
Que persista!
Bondade que não se acabe,
Noite sem ciumes.
E de todo sol
Que lhe resta
Insiste, em viver
Com pressa!
Apenas mais uma sombra
Invisível á tantas outras
Que dormem.
Uma peça lascada
De uma cidade despedaçada.
Quadros vivos
De uma paisagem petrificada,
Pouco admirada
Lembrada ou amada.
Quem sabe ao amanhecer
Mais uma mancha de sangue
Se destaque na calçada.
Revestida por corpos
Pequenas diferenças
Que por hora não são nada.
A flor
A pessoa
Que destrói uma flor,
Para ver se tem sorte na vida.
Não merece um amor
Deveria ganhar mais sabedoria!
Por que nunca na vida
Sua alegria viria,
Através da destruição
De uma bela forma de vida!
Onde está o progresso
Quando se precisam destruir sonhos,
Para construir muros.
Onde está a bondade
Quando olhar para lado,
É melhor que ajudar.
Onde esta o sorriso
Quando o que te dão,
É motivo para chorar.
Tantos passos em vão
Tantos planos destruídos pelo suor,
Tanta pressa, tanta hora marcada!
Para no fim
Não se levar nada,
Não se orgulhar de nada.
Ser apenas mais uma lembrança
De uma vida que se viveu
Da forma errada.
0 a esquerda também deveriam ser reconhecidos.
Te olhar, e não dizer nada, é uma facada no peito.
Te amar pelos cantos retrata minha solidão.
Te ver e somente ver, não ouvir sua voz...
Sinto que perdi sua confiança, mas ganhei sua saudade.
Seus olhares tímidos, ao meu rumo, são os piores.
Eu sei que e tudo culpa minha, mas busco o perdão
Quando sonho com você prefiro não acordar.
Mas quando acordo, vejo que você está no meu passado.
Isso parte meu coração. Sei que não vai me perdoar
Mas peço a meu Deus que não me esqueça!
É mais fácil chamar alguém de louco do que compreender o seu raciocínio.
Todos os vivos são loucos.
Todos os loucos são motivados por algo, por mais vivos que possam parecer.
Para os tolos, não basta apenas a apatia, a omissão e a covardia. É impreterível perseguir aqueles que escolheram a estrada inversa.
Com essa volúpia estúpida, regrada de sementes trevosas e de peçonhentos grãos, eles intentam em realizar alusivamente o maior de seus objetivos pessoais: o de ver seus semelhantes serem embriagados com uma preguiça irreversivelmente eterna que terá força para transformar o universo em uma esfera multicelular de mulas ambulantes – tendo tais patetas como “líderes” supremos e absolutos do bando –.
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A maior riqueza é aquela que não pode ser tomada, pois nasceu em um raio de águas eternas. Não se engane, as melhores coisas desta vida são de graça e acredite: a maioria das pessoas não as quer.
Olhe a sua volta: grande parte dos homens age pelos seus interesses, não pelos seus ideais, mentem para esconder a verdade e nem ao menos sabem quem são e pior ainda do que todas essas coisas expostas: possuem muitos bens, mas nenhum deles é capaz de lhes completar, visto que são absolutamente secos, vazios, ignorantes e desprovidos do maior de todos os atributos: o amor.
Para compreender o inteligente, é necessário pensar.
Para compreender o sábio, é necessário imaginar.
Para compreender o ignorante, é necessário hibernar.
Camille
Deixa dizer-te os formosos cânticos do meu coração
Que a minha alma tanto repulsa pela emoção e pela dor
Foram moldados com carinho, ternura, brandura, zelo e amor
Petrificados na ânfora de Atena com a força de uma paixão
Camille, tu que viajas nas cataratas eternas, deleitando-se
Nem de longe esquece-te do imponente ser de garras e rugido
Oh minha sonhadora: de mechas loiras, ruivas e traje brunido
Quero viajar para sempre nas quedas celestiais, acariciando-te
Tu matastes a morte com a flamejante espada da esperança
E me destes a vida, criando um paraíso que nunca poderei igualar
Cravando o sagrado opúsculo nas areias do Chronos hodierno
Por ti, sofro nas mãos cruéis e perversas do soldado da vingança
Tudo para cavalgar pela última vez, rumando para o reino basilar
Unindo-me para coabitarmos no paraíso cróceo, flavescente e eviterno
Joia da rainha
De noite espinhos trevosos penetram minha alma
De dia as sagradas pétalas voam para me curar
O coração sangra por dentro sem cessar
Nas memórias eternas do livro sem capa
As letras no pó de estrelas representam a saudade
E a presença sublime do grande soneto dourado
Levantando-me não encontro o embrulho na tempestade
E a joia se perde para sempre no furor do vento soprado
Dama cintilante de cabelos encaracolados e escurecidos
Tu és bela e formosa como as elfas dos reinos desconhecidos
Se Deus pintasse novamente a Terra, ele tiraria de ti, inúmeros resquícios
Da terra da amazona rainha foste gerada, herdando punhos enfurecidos
Que clamam com veemência por justiça e por gestos enobrecidos
Não descansando até contemplar a passividade e júbilo dos campos Elísios
Atenetti
A delicadeza de suas palavras em mim
A doçura e serenidade de sua meiga voz
São puras e santas como as asas de um serafim
Que velozes e fortes atacam seu algoz
Um relâmpago de luz reluzente no amanhã
Me mostra sua face flamejante e lúdica
Suas vestes e versos são meu o talismã
Dotado de poderes e energia mística
Tu és meu santuário profano
Desde tempos medievais e distantes
Da poeira de Atenas fora construída
Meu amor por ti é infinito e sacrossanto
Semelhantes aos montes belos e radiantes
Umbilicalmente ligado à pérola mágica druida
Deus disse-lhe:
vivo vendo você viajar e várias vezes à vacilar , depois disso despede-se da doideira e desculpa-se, dou-lhe o perdão , mas sei que devagar se desviará e desandará dinovo...
Jogou pedra na cruz
Palavras ao vento,
Olhares vazios.
Trocou a roupa
Escolheu os sapatos,
Enfeitou as palavras.
A melhor marca, o melhor sonho,
A unica forma individual de viver.
O coração blindado
O sentimento escondido,
Para dar valor a insignificâncias.
Apagou a luz, deitou e dormiu,
Mais um dia perdido, obsoleto e vazio,
Escolheu ser mais um retrato na parede
Do que uma cor perdida, que pinta alegrias,
Na paisagem cinza da vida.
