Sonetos de Mário Quintana

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Se um poeta consegue um dia expressar as suas dores com toda a felicidade como é que poderá ser infeliz?

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

O ruim dos filmes de Far West é que os tiroteios acordam a gente no melhor do sono.

A indulgência é a maneira mais polida de desprezar alguém.

Mas que susto não irão levar essas velhas carolas se Deus existe mesmo...

O mais triste da arquitetura moderna é a resistência do seu material.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Qual Ioga, qual nada! A melhor ginástica respiratória que existe é a leitura, em voz alta, dos Lusíadas.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Tudo o que acontece é natural - inclusive o sobrenatural.

O grande consolo das velhas anedotas são os recém-nascidos...

O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Se não fosse o Van Gogh, o que seria do amarelo?

Só a poesia possui as coisas vivas. O resto é necropsia.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Hoje me acordei pensando em uma pedra numa rua de Calcutá. Numa determinada pedra numa rua de Calcutá. Solta. Sozinha. Quem repara nela? Só eu, que nunca fui lá. Só eu, deste lado do mundo, te mando agora esse pensamento... Minha pedra de Calcutá!

Só as crianças e os velhos conhecem a volúpia de viver dia-a-dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se estendem além de cinco minutos...

O MATA-BORRÃO
O mata-borrão absorve tudo e no fim da vida acaba confundindo as coisas por que passou... O mata borrão parece gente!

A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.

Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.

Mario Quintana
CARVALHAL, Tania Franco (org.). Mario Quintana: Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova. Aguilar, 2005.
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Despertador é bom para a gente se virar para o outro lado e dormir de novo.

Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta?

A indiferença é a maneira mais polida de desprezar alguém.