Soneto da Falsidade de Vinicius de Moraes

A pena é a língua da alma.

A arte de agradar é a arte de enganar.

A religião supre o juízo e a razão que falta em muita gente.

É pelos defeitos que podemos governar os que nos amam.

Sem os males que contrastam os bens, não nos creríamos jamais felizes por maior que fosse nossa felicidade.

Aquele que perde a reputação pelos negócios, perde os negócios e a reputação.

Um devoto é aquele que, sob um rei ateu, seria ateu.

O orgulho é o caminho do erro.

Não fazer nada, é ser vencido.

Se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os marinheiros seriam os mais instruídos.

O valor do casamento não está no fato de que adultos produzem crianças, mas em que crianças produzem adultos.

Mudamos de paixões, mas não vivemos sem elas.

A ignorância, lidando muito, aproveita pouco: a inteligência, diminuindo o trabalho, aumenta o produto e o proveito.

Causam menos danos cem delinquentes do que um mau juiz.

As grandes livrarias são monumentos da ignorância humana. Bem poucos seriam os livros se contivessem somente verdades. Os erros dos homens abastecem as estantes.

É que a sabedoria é um trabalho, e sermos apenas sensatos custa muito, pois para se fazerem asneiras basta deixarmo-nos ir.

A virtude é mais perseguida pelos maus do que amada pelos bons.

Paciência e nada de pressas fazem mais do que a força e a ira.

Uma coisa não é justa porque é lei, mas deve ser lei porque é justa.

Sabei escusar o supérfluo, e não vos faltará o necessário.