Soneto da Falsidade de Vinicius de Moraes
O elemento que mantém-me aceso
Inspira-me do veículo temporal esmaga- me na camada sideral
Pois nú ainda permanecerei preso.
Das altas camadas fui expelido
Para larva embrulhada de vida.
Capa onde nascem as feridas
Frestas que engolem os fluídos.
DEPRESSÃO
Se alguém pudesse ler o teu olhar
enxergaria uma neblina densa,
ventos, tornados e a tormenta imensa
que o teu sorriso insiste em disfarçar...
Se alguém tivesse o dom de mergulhar
no que tu calas, e a cabeça pensa,
descobriria a correnteza intensa
do mais revolto e perigoso mar!
E, sob o véu desta aparente calma,
veria monstros te assombrando a alma
soprando escuras nuvens do desgosto...
E entenderia todos os momentos
nos quais a chuva dos teus sentimentos
transborda o peito e escorre no teu rosto...
POEMA PARA MINHA MÃE
Queria dar-te o que é teu por direito:
a poesia bem metrificada
feita com rima rica e rebuscada
e que outra igual, jamais se tenha feito.
Queria dar-te o verso mais perfeito,
criar aquela estrofe iluminada
que fosse bela, simples e inspirada
nesta emoção que mora no meu peito.
Mas sabe, Mãe, nenhuma poesia
vai conseguir dizer o que eu queria,
porque este sentimento que é tão meu
somente o coração pode guardar.
E o coração eu não posso te dar...
Não posso dar-te o que sempre foi teu!
COVARDE
Vós que habitais a profundeza fria
de onde espalhais venenos sem alardes
e navegais a nau da hipocrisia,
e governais o reino dos covardes.
Vós que escondei-vos no final das tardes,
vinde enfrentar-me sob a luz do dia!
Eu hei de expor aquilo que ocultardes,
desmascarando a vossa covardia!
Correi covarde! Que eu já vou marchar,
fazer ruir, tremer, desmoronar
vossas muralhas cheias de mistério.
Ao confrontar a própria decadência,
vossa arrogância há de implorar clemência...
Correi covarde! É o fim do vosso império!
FILHO PRÓDIGO
Um dia resolvi ganhar a estrada...
Ardia em mim uma revolta interna,
busquei nas ruas a vida moderna,
andei sem rumo, sem rota traçada...
E em cada noite, no bar, na taberna,
uma amizade falsa era encontrada.
Fui enganado... e ao ficar sem nada
restou-me o rumo da casa paterna.
E ao encontrar, justo ao abrir a porta,
o beijo doce, o abraço que conforta,
fui entendendo, após andar demais:
Mesmo que os filhos vivam a vagar
eles somente vão chamar de “Lar”
a casa onde reside o amor dos pais!
INDECISÃO
Quero querer-te menos do que quero!
Já não desejo desejar-te assim...
Quero findar a espera que é sem fim
pois de esperar-te, enfim, me desespero.
Sinceramente, eu não fui bem sincero...
Quero querer-te e desejar-te, sim!
E se esperar, preciso for, te espero
na indecisão do amor que habita em mim.
Amor? Repulsa? Não sei bem ao certo,
pois te rejeito quando estás por perto
e te desejo quando estás ausente...
Neste meu ódio, que de amor foi feito,
vou odiando amar-te deste jeito,
e vou te amar, negando eternamente!
MELODIA
Os filhos são quais notas musicais
de uma canção que na vida tocamos.
Mas como os sons, depois que os libertamos
não há maneira de prendê-los mais.
E quando vão ao mundo, é que notamos
que nossa "afinação" deixa sinais,
os filhos são espelhos de seus pais,
nos bons e maus exemplos que ora damos.
Por isso o nosso orgulho mais profundo
é ver um filho, nos "palcos" do mundo
viver sua "canção" com harmonia.
Sempre que um filho, em sua caminhada,
escolhe a trilha honesta e afinada
a nossa vida ganha melodia.
No nascer do sol
Pode crer que o sol nascerá pra você
Pode não ser hoje ou amanhã, mas "cê" vai vê
Esteja a vista que uma hora ele aparece
Com a sua força solar ele te aquece
Não se preocupe com os "ultravioleta"
Pois para toda ação se tem uma defesa
E é isto, pois, que deve teres em mente
Se tiver medo, então, não irás a frente.
Seus raios são consequências como qualquer ação
No entanto, o que importa é que faça de coração
É sobre dares o melhor de ti e estar a vista
Não se importe com a chuva ou mesmo a noite
Chuva mais sol é arco-íris e a noite traz o dia
Dias nascem da noite, viva e, pois, não se atordoe.
RELIGIÃO
Por trás das regras de uma religião
você se põe a criticar meu jeito.
Contabiliza cada um defeito
que não se encaixa em seu “padrão cristão”.
Você idolatra um deus que é preconceito,
e se aliena em horas de Oração,
mas desconhece o amor e a compaixão
que vêm da cruz, que pende no seu peito!
E dessa forma, “em nome de Jesus”,
você decide quem vai pôr na cruz,
julga... Apedreja... Igual aos Fariseus!
Mas Deus, que abraça ovelhas desgarradas,
deve estar dando muitas gargalhadas
desta visão que você tem de Deus!
VEREI QUE É PRIMAVERA
Verei que é primavera se o poente
cobrir com raios rubros nosso leito,
e a flor do nosso amor (que era perfeito)
surgir desabrochando lentamente.
Verei que é primavera se meu peito
sentir brotar o ardor que estava ausente,
e, então, tendo-te perto novamente,
unir as partes do que foi desfeito.
Verei que é primavera se chegares
e o teu perfume em todos os lugares
vier recompensar tão longa espera.
O inverno da saudade irá sumindo,
deixando, em seu lugar, o amor florindo,
e ao ser feliz verei que é primavera...
VISITA
A triste Morte, no final do dia,
veio tentar tirar-me deste mundo...
Pedi a ela só mais um segundo
para encerrar a última poesia.
Ela aceitou, com desprezo profundo,
e ficou lendo os versos que eu fazia,
notei, então, centelhas de alegria
a transformar seu rosto moribundo.
E ela entendeu: como levar-me embora,
se a minha essência estava eternizada
nas tantas rimas e versos que eu fiz?
Então, jurando voltar outra hora,
Pediu-me uns versos para ler na estrada,
deu-me um sorriso e lá se foi, feliz...
1.Logo de cara, no primeiro abraço, você já nasce apaixonado;
2.O filho quer morar no colo, diante de pouco espaço o medo se vai;
3.Mãe é pra sempre ou até mais, o mundo é seu, desbravai!
4.Ela sorri ao te ver chorar, embrulho perfeito, solta o laço do presente fechado;
5.Muito contato, noites longas sem pressa, a confiança lhe sugere os primeiros passos;
6.Sou fruto do amor e de dor em dor, represento a linhagem;
7.Agora já sou jovem, decorei a sua
frase: Agasalho e friagem;
8.Triste é quando, o mesmo abraço ansiado, se torna o último impacto, Adeus ou até logo? Rompendo os laços;
9.Sua voz é uma melodia acalanto,
10.Me faz vivo, valente, vencedor;
11.Silêncio que apara meu pranto;
12.Mãe é amor e até mais, curador;
13.Me abençoe com um beijo de canto,
14.Um anjo emprestado pelo criador!
Deus castiga e a fofoca muito mais.
E nunca saberemos se foi Deus
Ou a fofoca a razão destes meus ais.
Todavia deu tudo no que deu.
Aproxima-se a luz, vem vindo o trem,
A do Natal vem para os outros, forte,
Gente desconhecida, que é do bem,
Ou que se diz do bem, mas não tem sorte,
Essa sorte que dizem que possuo.
A deles é o suor, gabam-se sempre;
Tipos de sorte, penso, e como amuo.
Que o mal de cada dia, acumulado,
Torne-se o bem, e que eu também me torne
Altamente inspirado, um anjo alado
Minha vida em versos
Selda Kalil & Edson Nelson Soares Botelho*In memoriam*
Como ondas do mar às vezes sem lugar
Destravada e com trejeito rezo meu terço
Vim do sertão e dos matagais sem berço
De bem com meu canto, credo e tradições.
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Nas minhas genéticas obscuras sem conexão
De professor adotei a vida informal
Através dos cantos e das almas sofridas
Dos louvores e das labutas de vida.
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Nas minhas andanças de tempo criança
Da vida extinta sem abraço e sem afago
Solta no mundo vivendo o perigo dos náufragos.
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Hoje com jeito e de bom trejeito, vejo no céu meu sossego.
Se for certo ou incerto, este é o meu apego.
Meu credo e rezas são vendavais, que me levam até aos céus.
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Cântico pra Ela
Lírico som... em livre leve vento voou
Seu cântico em prece, que tanto entoou
E em sutil acorde, de paixão ele tocou
E nos ouvidos dela, repouso encontrou.
Sem desistir... a cruel batalha lutou
Vencendo todo o medo... que o castigou
E eis que no caminho com a fé bailou
E seguindo seu destino, alto cantou.
Se fez sublime tal melodia para aquela
Que a muito esperava em sua pureza
O dia de voltar... a encontrar o amor.
Que fugitivo deixou apenas a fria tristeza
Mas hoje se fez chama, que emana calor
Eternizando as notas da serenata pra ela.
Claudio Broliani
PRECE LIMIAR ABSOLUTO
Marejar de olhos vermelhos em lágrimas sentidas,
apagando o flamejar de sonhos e paixões vividas.
Maldade das hordas dilacerando a pureza do encanto,
levando crueldade ávida a profanar o momento.
Gotejos cortantes do negro véu da solidão,
afogando lamentos que inundam o coração.
Garras de harpias rasgando a carne até os ossos,
conduzindo vidas perdidas ao trilhar dos mortos.
Arrastar de correntes cheias de sacrifício e pranto.
Bestas que usurpam a fé barganhando temor.
Demônios insanos mercadores de vil sentimento.
Instante final onde renasce a esperança no amor,
Labareda que arde nobre e não se apaga ao vento.
Prece... chama divina que cura da alma o sofrimento e a dor.
Claudio Broliani
Refúgio em Noite Sombria - Vida de Cael Arcanus.
Na calada da noite, aos treze anos,
Uma aflição cruel me consumia,
Reflexo antigo, em ciclos sobre-humanos,
Que desde os nove a sombra já trazia.
Corria aos braços dela, mãe tão guia,
Seu toque leve, a paz me devolvia,
Com mãos que afagavam minha agonia,
Até que o sono enfim me acolhia.
Gigante o mundo, e o peito se oprimia,
Mas em seu colo a calma se achegava,
E em seu carinho a dor se dissolvia,
O mal, aos poucos, dali se afastava.
Aos quinze foi-se a sombra que me via,
E a paz que ela trouxe em mim ficava.
Menina amável com coração ardente,
É em seus olhos que me descubro gente.
Pergunto teu nome, tão insistente,
Me torno curioso por acidente.
Saudade que aperta o meu coração,
Em sua ausência ele é preocupação.
Tão ágil a pulsar, que perco a noção,
Sinto que tudo o que faço não vale um tostão.
Para que sirvo, se não para a amar,
Como esperar, se preciso te encontrar.
Amor é intenso, e, por isso, sinto aflição.
No fim, o que esperar do coração?
Nele, os sentimentos você desperta.
Não consigo esquecer tal emoção.
Beirando o mar, observando o céu e as ondas
Penso em você e me encontro sobre cordas
Compostura instável, arrisco as quedas
Por sorte, você é gambito sem perdas
O mar me chama, como teu coração
Ouço ele a distância, que sensação
Deveria, eu, arriscar aproximação
Tendo em mente o perigo da paixão?
Sequer o pôr do sol chega aos teus pés
Teus olhos castanhos são nota dez
Teria problema te querer demais?
Sempre que estou com você, tenho paz
A partir de hoje, estou sob teus pés
Você é belíssima à frente e atrás
Da ilha das especiarias
do Caribe és a flor eleita
Floresce a Bougainvillea
com a sua beleza perfeita
O vento quando acaricia
a costa de Granada
me canta a canção poética
das três Américas
Levando a Bougainvillea
a derramar as suas flores no chão
para encantar o coração
Na Bougainvillea estão
a unidade e a abundância
que sempre traz inspiração.
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