Soneto da Falsidade de Vinicius de Moraes
O vazio, o infinito, o piano
O vento, teu sorriso, teu pranto
Teu olhar, teu sonhar, uma noite de luar
As árvores a balançar
Um nó, uma dor, sem dó
A água, a alma, a calma
As folhas, o ar, a solidão
O silêncio, as luzes, aqui dentro
Aqui, assim, sem fim
Esse vazio que preenche-me
Depois de um acordar
Nessa noite de luar
A lua a me chamar
E eu em ti pensar
À minha mulher.
Apaixono-me dia após dia
pelo odor da sua ruminância,
pelo sabor do líquido que expelia,
pelo tato da sua carne em putrefância.
Expeli em mim, mostra-me
todo o seu resto de humanidade,
tudo o que tens de semelhante
com os animais, decomponha-me.
Se a podridão da morte vive
em teu fim, é onde sentir,
sentirei, serei quem convive
com o afago do enxofre
que ao meu cerébro a de subir,
fazendo meu último dia, hoje.
Deserto
Deserto, tão perto, incerto,
Tuas areias já invadem a minh'alma,
Posso sentir, de tua areia estou coberto,
Mas preciso manter a improvável calma.
O vento sopra forte durante a tempestade,
E o calor escalda fazendo ferver o suor durante o dia,
É quando até o nômade perde a vontade,
Incrédulo e maltratado pela mais ríspida agonia.
Quando percebe-se a magnitude da sua grandeza,
A miragem que vem na mente é de água da natureza,
Momento de puro encanto transformado em tristeza.
Logo a ilusão se desfaz e após loucura desmentida,
Destila-se o pensamento que emana do sopro de vida,
E do imenso deserto ressurge a alma absolvida.
Não dar pra ser só proza.
Eu sei ser poesia.
Sou a métrica rica, decassílaba de Castro Alves
Sou também o fogo ardente de Camões.
Sou um soneto, maltrapilho, vestido de sensações
Não vou nem perguntar se tu me amas,
pra não ouvir um papo muito antigo,
como "te quero so como amigo",
ou "com amigo não se vai pra cama".
Dificil de entender (eu nao consigo)
se nada falo, tu depois reclamas,
e se te digo, é aquele drama,
não queres nunca mais falar comigo.
Melhor, entao, tornar-me um sonetista
e ser romântico ou parnasiano,
deixando o amor para a perder de vista.
Nas tuas regras entro pelo cano,
acreditando em tuas falsas pistas,
e com meus versos eu mesmo me engano.
"Estou sentado ao lado,
Me sinto em pé de frente,
Respirando o Oxigênio, ficando denso
Ou Oxigênio nos respira lento.
Veja se há explicações para o ato
Interromper a historia a ser lida,
Onde está os deveres e direitos
De uma pobre e indefesa vida.
A historia para alguns já lida
A moral de toda fabula,
É a morte que substitui a vida.
Ser-humano é de longe, errado
Lembre-se, por você mesmo,
Pare de ser manipulado.
Cortesia de fast-food, hoje experimente,
Um Problema espiritual ou material?
O Magnifico Vento Artificial"
Não quero ser essa pessoa
Demostrar pensamentos vazios,
Vindos de uma negligente mente
Construída para ser vazia.
Ler as desvantagens das ações
Interpretar os privilégios do verbo,
Buscar sua própria perspectiva
Hipócritas! Disse ele.
Ouvir ruído, achar a música
Comprar e guardar, guardar e comprar,
Comer por estar saciado.
Perguntar, esperar respostas
Responder, gerando outras perguntas,
Aprender para esquecer.
Ontem a cura, ante-ontem bomba
O velho mais novo
Inevitável ciclo da Ignorância.
A Maria, jardineira das flores do próprio túmulo.
Co'a lata na cabeça parte a moça,
(na estrada triste e torta ela se some)
que tem ela, Maria, senão força?
que tem ela, Maria se não nome?
A lata bate forte e se encerra
Um tambor ruge vulto no estombo
Mal se difere a moça e a terra.
Se entortece Maria e o seu lombo.
Enquanto pinga gota da lata
e gota até do corpo dela,
No chão vasto pisado nascem flores
Quando a noite cai co'a lua prata
E a morte desce rude em sentinela
morrem latas, Marias e amores.
Primeiro amor
Em tempos de tão profunda escuridão
Ainda acho no teu coração,a pureza de um amor belo ao qual se deve contemplar..
Um amor que inebria aos lirios do campo
E desperta o desejo, que nos olhos dos santos, se matem abarcado
Se mantém puro em meio a maldade
Uma tentação doce, sem vaidade
Que se devora noperjúrio dos amantes
Um pouco instavel, porem nunca incostante.
Que não se limita a unico ser
Um segredo bem guardado, ao qual poucos iram conhecer
Um tesouro perdido, que conseguir
Encontrar em vc.
QUANDO O SONHO...
Quando o sonho que sonhei na mocidade
de mudança deste mundo em desatino,
for sonhado pelo campo e a cidade
cumprirá aqui na terra o seu destino.
Quando o sonho que sonhei de liberdade
for sonhado pelo o povo nordestino,
então meu sonho será realidade...
- u'a bandeira de vitória, um novo hino!
Muito embora alguns digam - "que quimera!
esse sonho que é sonhado nesta era,
não será concretizado um segundo!"...
O que importa se alguns pensam assim?
Se esse sonho que nasceu dentro de mim
se multiplica a cada dia p'lo mundo!...
Três Fantasmas
Três fantasmas que não me deixam esquecer,
A única amada de meu coração.
Consternam-me o intelecto e toda razão.
E vejo em meus sonhos o primeiro aparecer.
Esse é o qual me faz sempre sonhar.
Lembrar mesmo inconsciente o maldito beijo.
Maior-pior que a razão é esse desejo.
Mesmo sem consciência não cesso de lembrar.
O último me vem estando eu desperto.
Melhor ao ser humano é não te-lo por perto.
E novamente me vem com surreal dança.
Três fantasmas que não me deixam esquecer.
O nome dos três pra que possas crer,
O sonho, o desejo e a maldita esperança.
Doce Quimera
Tens olhos como que de anjo.
De ano caído que causa tormento.
Diante de teus olhos se torna excremento,
Toda a beleza de qualquer arcanjo.
Basta-me ver-te e minha mente se dobra.
Minhas vontades transmutam-se em brasas.
Não podes ser anjo, falta-lhe asas.
Disseram que deus não dá asas à cobra.
Teu belo sorriso nem parece de quimera,
Tens um encanto que, no entanto, dilacera.
Que faz alucinar até os mais sábios.
No último terceto um conselho te deixo,
Disfarçadamente limpa o teu queixo,
Tens veneno escorrendo dos lábios.
Lição de um cão putrefato
Certo dia a caminhar e pensar minha'mada,
Conjecturando se o amor me abatera pela beleza.
Não foi por serdes bela, esta foi minha certeza,
Após estudar um cão putrefato na estrada.
Parei à estudar aquela coisa torta.
Outrora criatura, agora poço de verme.
Transmutaram em piscina a antiga epiderme.
A vida surgindo da vida já morta.
É estado da mente a beleza encantada.
Muito aprendi em pouca caminhada.
Aprendi a lição e nisto sou grato.
Não sei se por justiça natural ou ironia,
Mas sei que tua beleza, querida, algum dia
Será semelhante à do cão putrefato.
Da família dos Anjos
Tudo o que tento se torna excremento.
Constato por fim que não posso esquecer.
Lembranças que me tornam um triste ser.
São correntes que, de fraco, não as arrebento.
Parece que sinto teu cheiro no vento.
Tamanho é esse meu desejo.
E quando te revejo me vem num lampejo,
Novamente todo esse meu sentimento.
Não pude esquece-la nem à custo,
Vendo-me criado, homem, marmanjo,
Creditei que havia algo mais em teu busto.
Em teus olhos haviam divinos arranjos,
Sei que não és da família de Augusto,
Mas certamente és da família dos Anjos.
O amor abortado
E viu com repúdio o que foi-lhe abortado.
E viu o parasita que lhe domara as entranhas.
Utopias antigas agora tão estranhas,
Sem os olhos do puro amor derrotado.
E viu encarnado em si mesmo este sol.
Sol este repleto de chamas valentes.
Valentes chamas tais quais mil serpentes.
Serpentes que dançam no próprio cheol.
E viu com repúdio o verme falante.
Bípede animal repleto de mal.
Abortara o amor e foi despertado.
"Não me impressiona um verme que cante "
Sem o parasita se viu racional,
E escarrou com repúdio o amor abortado.
Um certo verme
Há um certo verme impregnando-me a mente,
Com devaneios e sonhos embebidos em veneno,
Tornando-me impuro com muito que condeno.
Há um certo verme com beleza reluzente.
Há um certo verme escarrando-me esta dor.
Vomitando versos de longuíssimo sermão.
Andando num caminho e sonhando a contra-mão,
Na loucura controversa de quem vive o amor.
Há um certo verme que me faz desvairar,
Que mesmo não querendo vem me visitar,
Como anjo iluminado pra causar-me espanto.
Há um certo verme que me faz enlouquecer.
Querer não querendo e querendo sem querer.
Há um certo verme numa casca de encanto.
A luz que emana desses lindos olhos, cega ao mais forte coração e traz realeza a mais pobre alma, que se encontra em plena devastação
Quem é esse? Que segura a noite na palma da sua mão, e que em seu sorriso, se encontra a mais bela estrela de toda uma constelação?
Diga-me meu anjo, porque mostras tua grandeza a uma mera mortal?
E porque a carrega junto a suas asas sem a deixar cair? Sem a abandonar?
Pois juro, tão certo como a certeza de que todos um dia iremos partir,é a certeza do amor que essa imperfeita tem por ti
Acredite meu amor, não ha lugar mais seguro pra ti, do que aqui, no meu coração, e aqui eu te protejo da dor, do ódio e da solidão.
O cansaço que me invade,
O sono que me abraça,
Logo, logo, pregarei os olhos.
Será, então, para morte,o descanso eterno,
Ou, para mais um dia de tédio ?
Se a lua nossa desce o canto no alpendre
eu sobre o som daquela noite triste
escorro em prantos - uma dor que existe -
a melodia que me sai do ventre.
Canto a certeza de só ter em mente
O que nos braços o desejo clama.
Há dor maior que essa, de quem ama,
que emudece o ato que se sente?
DOR DE POETA, DOR DE PALHAÇO
Eu amo ao ponto de me dar ao sim,
de me vestir de ais, de ser o nunca,
o todo, o meio, começo... enfim.
Eu amo ao tanto que não cabe em mim,
Sonho o instante que não chega; junca.
Meço o começo, mas o que tenho é fim.
O amor é o juízo perdido dos loucos,
e a loucura encontrada nos sábios.
É um dom que as pessoas perderam,
e o substituído dos fortes que são fracos.
É o sonho que me chama pra dormir,
e a luta que me mantem acordado.
É o calor que esquenta o amante,
e o refrescar que alivia o angustiado.
Uma perfeição acompanhada de confusão,
e a dificuldade que desespera até o mais calmo.
É tudo o que me alivia e também o que me deixa cansado.
Amar se resume em uma grande loucura,
e deve ser algo somente para os loucos,
porém mais louco que os loucos, apenas é quem deixa de amar.
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