Soneto Amor Impossivel
FEIÇÃO DA POESIA (soneto)
Amo a poesia pelo que é a poesia
Pela ilusão que há no teor a dizer
Sem importar com a reta simetria
Se tem paixão e na prosa a dor ter
Amo a imaginação, a vária surpresa
O deparar, quando sentimento há
Enchendo o versar com gentileza
Sem se preocupar de como será
A poesia é bela, só saber cantá-la
Pois, a sua soada na alma badala
E a sedução se põe a nos arrastar
Pôr a chorar se o pesar atormenta
Sorrir, caso a magia se apresenta
Afinal é provar, apreciar e delirar...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/07/2025, 16’21” – Araguari, MG
ÍMPAR FUNERAL (soneto)
Fui vigilar as minhas ilusões
Torno, versado, e tão servis
No compor, duras sensações
Das versificações que eu fiz
Também, contentei, então sigo
No delírio de uma imaginação
Ah! e a tristura chorou comigo
Lagrimejando do meu coração
Criei trova tosca, árida, escura
Ali enterrei suspiros e loucura
E na saudade, aquela vastidão
É ventura deste ímpar funeral
Cheios de emoções nada igual
Pulsando sentimento e paixão.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/07/2025, 20’214” – Araguari, MG
SERTÃO CERRADO (soneto)
Este amarronzado árido de se ver
Que o cerrado tem no seu cerro
Nos dá sensação de mais querer
No espaço variado, sem encerro
No sertão, a vida, deixa se correr
Em uma magia, num desemperro
Sem pressa, o que tem de suceder
Será. Perder o tom é um fatal erro
Nessa lentidão mirrada, o incrível
Tudo assim, chapadão disponível
Juntado... mais isto, mais aquilo...
A cada canto o encanto acridoce
Tudo é muito como se nada fosse
E tão magnificente em seu estilo.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 julho, 2025, 14’44” – Araguari, MG
Ternos, eternamente Avós (soneto)
É o dia aos Avós consagrado
Doces, intensamente sempar
Dentro do amparo um olhar
O amor pelos Avós é legado
Acalanto traz no vosso viver
Tanto! Mais, muito esperado
Estar... sobremaneira amado
Vô e Vó, de paixão és teu ser
São duas vezes paternidade
Entusiasmo, a fraternidade...
Sempre lembrança querida
Chegada, partida há emoção
Do genitor a soberana versão
Ternos, eternamente na vida.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24 julho, 2025, 14’44” – Araguari, MG
*dia dos avós 26 julho
CABELOS BRANCOS (soneto)
Já, cabelos brancos me são notórios
Cobrem as frontes tão inteiramente
Total. E embuçá-los, feitos ilusórios
Então, deixo-os assim, conducente
Cabelos brancos, ah, insatisfatórios
Sejamos francos, pouco atraente
Cheios de espantos, merencórios
Quando os percebi, me vi silente
O andamento com os seus paralelos
A tal surpresa ingênua da mudança
Pois, flavo realçava os meus cabelos
Agora, o outrora tornou lembrança
E no espanto, branquejados vê-los
Conferi que a vida tem ordenança.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 julho, 2025, 14’37” – Araguari, MG
VERSOS DE SAUDADE (soneto)
Vou de versos em saudade, sofrente
As trovas choram lágrimas, suspiram
Soluça. A solidão e o pesar, inspiram
Vertente. Nublando o verso da gente
O poetar de nostalgia, uma serpente
Ondeando o ritmo com um amargor
Envenenando o verso com sua dor
E na versificação uma dor clemente
Adeus, uma poesia que estrangula
Adeus, agonia que o pesar formula
Enfeitiçando a prosa tão cruelmente
Aperto, enjoo, o verso sem medida
Nesta saudade poética tão abatida
Enchendo o soneto de rima ardente.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28 julho, 2025, 13’51” – Araguari, MG
SONETO DE INFIDELIDADE
De tudo, a quem me queira, retirarei acalento,
Antes, e com tal gelo, e sempre e tanto
Que mesmo em face do menor encanto,
Dele se esvaia o meu pensamento
Quero esquecê-lo em cada vão momento
E com desprezo, espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar seu pranto
Ainda que ele esteja em sofrimento
Assim, quando mais tarde me procures,
Quem sabe a sorte, amiga de quem joga
Quem sabe a solidão, fim de uma noite
Eu possa me dizer de quem eu "tive"
Que não seja imoral (posto que é droga)
Mas que seja finito enquanto eu não ame.
SONETO DO PÔR DO SOL
Teus olhos são a base da minha alma
Tua boca e tenra e doce é puro encanto
Dentro de mim, não há mais dor, não há mais pranto,
Encontrei a luz que guia a minha calma
A felicidade eu encontro em seu sorriso,
Tranqüilidade pura, verdadeira e imortal,
O tempo passa, dia e noite, sol e riso
Amor suave levemente natural
São momentos que eu sinto lentamente
Ao seu lado, mesmo longe, te vejo aqui,
Suspirando seu olhar sinceramente
Estou parada, caminhando e me perdi,
Levitando em seus braços, apaixonada livremente,
As cenas mais únicas das quais eu já vivi.
Soneto nostálgico
Solitário passei a falar com a solidão
A lua passou a me ver amanhecer
E o brilho do sol a me ver anoitecer
Então o repesar instalou no coração
Via a noite, as estrela e a escuridão
Na comitiva o ontem, hoje o porvir
Tentando comigo alvos para sentir
E nos cochichos nenhuma questão
As lágrimas não mais querem falar
Para que chorar, naquele momento
O vazio é quem veio em mim poetar
E neste total silêncio do pensamento
A viga do tempo e que veio escorar
A saudade, pois o fado é seguimento
Luciano Spagnol
Soneto variante
Hoje sou diferente do ontem
Ontem eu era diferente do hoje
Amanhã serei díspar no reloje
Variamos no tempo, outrem
De manhã sou um de tarde outro
Se vivo! Diferente anoitecerei
É o destino em seu decreto lei
Sou um, sou vários, aqueloutro
Passo a passo na cadência
Rugas, choros e sorrisos
E assim parindo essência
E nestes todos atos incisos
Ando onde me há subsistência
Até quando tiver regência e improvisos
Luciano Spagnol
Soneto Amoroso
Este é um soneto amoroso
Que verseja alacridade
Recoberto de docilidade
E rimas de um olhar airoso
São versos tão teus
Desenhados nos sonhos
Aqueles doces risonhos
De momentos teus e meus
Sirvo-te em oferenda
Está tão terna prenda
De entrelaçada renda
Assim, aqui metrificado
E na alma concretizado
O amor deste apaixonado
Soneto idílico
Acordar, aguar o jardim, fingir um dia
e assim inicia a melancolia e o vazio
o sol a pino, cerrado e o sonho macio
das saudades num tempo em primazia
Sim! O tempo não é sentido, é ébrio
os amores ficaram, são sem analogia
trariam o meu peito, viraram euforia
nas lágrimas algozes do olhar esquio
Tudo é efêmero no triste e na alegria
árido o sentimento e cheio de arrepio
que importa se tem saída ou portaria
E neste movimento de soltura e exílio
a magia do por do sol torna cortesia
nas palavras que cantam o meu idílio
Luciano Spagnol
05 de julho, 2016
Cerrado goiano
Soneto de perda
A perda é igual ao um fio de navalha
fende-se num leve resvalo do destino
que engole a alma num apetite ferino
no alto e baixo de uma eterna batalha
Nos testilha, pouco a pouco, sem tino
como o fogo atiçado a uma seca palha
espalhando desnorteada e vil bandalha
no peito amargo duma saudade a pino
Inquieto e silente sempre é o término
num drama ao desalento se espalha
tornando séquito no avivar matutino
O tal estrago é uma senhora canalha
que faz ao poeta um poetar pequenino
e dor que da alegria não resta migalha
Luciano Spagnol
08/06/2016, 05'05"
Cerrado goiano
Ilusão (soneto)
No beiral do cerrado a vida que passa
tal passada larga e velocidade feroz
num galope de ilusão faz-se algoz
da mocidade se tonando fácil caça
O tempo traga um vinho sem graça
da ilusão ser iludida pela face tardoz
de que é possível ter mundo de "oz"
no tardar veloz do fado que nos abraça
E assim, nesta altiva e devaneadora voz
tenta comandar com cortina de fumaça
a ilusão sonhando em não chegar a foz
Doce ledo engano desta ilusão trapaça
servindo a esperança do que já é após
de amarga fantasia em cuia de cabaça
Luciano Spagnol
11 de junho de 2016
06'30"
Cerrado goiano
Dor secreta (soneto)
Se a saudade que escuma, alternasse
com o pesar que perfura, e caísse fora
e nalma tirasse o dragão que devora
as lembranças seriam uma catarse
O coração é um ser que também chora
que põe o suspiro a escorrer pela face
prensa o sufoco no peito num repasse
e quando encontra a solidão, tudo piora
Há, ilusão, uma piedade que causasse
uma esperança que pudesse ter agora
um alento que no ombro cochichasse
Se se eu pudesse ter uma outra outrora
mesmo na dor que chora, e estampasse
um parecer venturoso, eu iria embora...
Luciano Spagnol
12/06/2016, 16'10"
Cerrado goiano
SONETO NA MADRUGADA FRIA
Madrugada fria, no cerrado, lua no céu
Confidente, luzente, criando imaginação
Que faz do vazio, menestrel desta solidão
Nostálgica, que rascunha pesar no papel
Com duas estrelas ali caídas ao chão
Uma pulsando a saudade ao peito fiel
A outra querendo memorar feliz cordel
E assim, as duas, ditando a sua versão
Então, nas linhas, somente verso infiel
Chorando dos dedos, suspiros em vão
Já no tempo, perdidos, em veloz tropel
Oh, madrugada fria, consinta a emoção
Sair desta letargia de estar aqui ao léu
E dê ao versejar doce e leve inspiração
Luciano Spagnol
Julho de 2016
Cerrado goiano
SONETO DE POUCA FÉ
Oh! Alma conturbada, assim desolada
É tão pouca a tua fé, oh filho ingrato
Prende-te à esperança, sejas sensato
E a confiança em Deus, onde guarda?
Ele te assiste, te olha dos Céus, é fato!
Com paternidade impávida, e iluminada
Jamais cansa ou desiste, nunca é nada
De amor estoico, âncora, firme vicariato
Porque assim, me cambaleia, na morada
Nele tudo se alcança, é afeto imediato
Inteiro, como na morte, é terna estrada
Paladino de lança em riste, superiorato
Não fiques assim triste, ouça a chamada
Deus te clama, no conflito, Ele é exato!
Luciano Spagnol
06 de junho, 2016
Cerrado goiano
Soneto da saudade tua
Não consigo ficar sem te escrever
cada cheiro teu que comigo ficou
tornou versos que comigo chorou
aqui nesta ditadura no meu viver
São sonetos que a paixão poetou
São momentos de amor sem ter
perdidos nesta dor, dói pra valer
latejando no coração, ali aportou
Sem o teu sorriso a quem recorrer
o teu olhar a recordação eternizou
os meus retalhos, estou sem coser
Por fim, vagueio, não sei onde vou
é trilha sem som, sem como finalizar
é tal saudade, que ainda não passou
Luciano Spagnol
2016, 07 de junho
Cerrado goiano
SONETO DA SOLIDÃO
Eu estou completamente solitário
Passa o dia, vem a noite, agonia
A tarde entristece, cinzenta e fria
E eu aqui no cerrado, destinatário
O por do sol, de belo, virou nostalgia
Numa clausura da saudade... Unário
Eu, vejo o tempo não mais temporário
Tal folha de outono sem a autonomia
Nesta sequidão aumenta o itinerário
Do místico e algoz retiro em infantaria
Avançando firme, sendo um breviário
A solidão na vida, tornou-se relicário
Onde o tempo ora neste árido sacrário
Em cadência nas contas da melancolia
Luciano Spagnol
30/06/2016
Cerrado goiano
SONETO SOLENE
Memorar. Um ano. Que importa o ano? Talvez
somente para lembrar os suspiros de tua ida
do silêncio invasor na casa após a tua partida
pra morte, igual, desfolho outonal em palidez
Fatal e transitório, a nossa viveza é vencida
pelo sopro funesto, ao sentimento a viuvez.
Julho, agosto, setembro, vai-se mês a mês
ano a ano e outro ano a recordação parida
Da saudade filial, que dói numa dor doída
de renovação amarga e de vil insipidez
que renasce na gelada ausência sofrida
No continuar, o vazio, traz pra alma nudez
chorada na recordação jamais esquecida...
Neste soneto solene: - a bênção outra vez!
Luciano Spagnol
julho, 2016
Cerrado goiano
Um ano de morte de meu pai.
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