Sombras do teu Sorriso
Criam e seguem as leis aqueles e aquelas que desejam equilibrar o mundo fora de si, esquecendo-se da sua própria condição de incompletude.
Deverá um juiz, ao sentenciar, alinhar-se com a sombra do réu, pois, sentenciando uma pena à outrem, usando como régua a análise da sua própria sombra, estará mesmo a agir com injustiça, não importando o que dizem os papéis e as provas.
Tornar-se iluminado ou iluminada, diz respeito à forma como tu usas a tua luz já reconhecida para iluminar não ao mundo exterior, mas ao fundo interno e íntimo da tua própria sacola das ações reprimidas.
As caretas que se transformam em rugas ao longo dos anos são reflexos de corações perdidos na ingratidão, sombras de almas esquecidas na desvalorização.
Certamente! A nossa mente é um terreno fértil para os mais sombrios pesadelos. A escuridão que concebemos em nossos pensamentos muitas vezes supera qualquer coisa que possamos encontrar no mundo real. Monstros, fantasmas e abismos insondáveis habitam os recantos da nossa imaginação, e é lá que eles se tornam verdadeiramente aterrorizantes. Nossos medos mais profundos emergem das profundezas da mente, como sombras dançantes em uma sala escura.
Há uma sombra no palco,
os olhos vazios, o corpo de pedra,
repete as palavras como quem mastiga silêncio,
e a multidão segue, sem ver o caminho.
Há música no ar,
não de flautas,
mas de cordas gastas que rangem,
e eles dançam,
dançam como folhas no vento,
sem perguntar para onde os leva a corrente.
O abismo espera.
As bocas sorriem, as mãos caem,
há corpos que já se foram,
mas ainda seguem os outros,
com o brilho de uma fé cega
ou de um desespero antigo.
Quem os ouve, quem os vê?
Só o vento, que leva tudo
antes da queda final.
Pássaros com as mesmas penas
Dizem que voam juntos,
Mas que valor tem tal laço
Quando os corações não se encontram?
Nos salões onde se acenam sorrisos,
Ecos de futilidade dançam no ar,
Mas eu, em busca de um sentido,
Vejo as sombras que pairam no silêncio.
Se não ressoam os meus anseios
Na companhia que me rodeia,
Não é arrogância a minha voz,
Apenas outra senda a explorar.
Que eu encontre no meu voo solitário
A liberdade de ser,
Pois no espaço entre as estrelas,
A verdade se revela na penumbra.
Que as penas sejam distintas,
E que cada um busque a luz,
Onde o reconhecimento é sincero,
E a conexão não é um peso a suportar.
Assim, na dança do existir,
Cada passo, mesmo isolado,
Seja um hino à autenticidade,
E um convite à descoberta da alma.
Há momentos em que me vejo,
não como o mundo me enxerga,
mas como sou, na essência crua.
Só, no abismo do próprio ser,
sinto minhas formas dissolvendo-se,
enquanto sombras me envolvem,
sussurrando angústias que crescem.
Luto, me debato contra o vórtice,
mas a cada golpe desferido,
afundo mais dentro de mim.
O Olhar do Mundo
Não, não é fácil ser lido.
O mundo vê-me passar
e já decidiu quem sou
antes que eu tenha dado um passo.
Se fico, sou pedra imóvel.
Se ando, sou vento sem raiz.
Se espero, sou indeciso.
Se escolho, sou rígido.
As sombras que se movem nos muros
não são minhas,
mas o mundo insiste em vê-las em mim.
Os gestos que lanço no tempo
mudam de forma ao tocar outros olhos.
E assim me perco nos reflexos,
na dobra das interpretações,
na lente de quem vê o que já esperava ver.
Mas talvez valha a pena seguir,
deixar que o dia corra o seu curso,
que a poeira assente,
que o próprio mundo reveja o que viu
e, quem sabe, um dia entenda.
O Que Se Lê no Mundo
Não, não é fácil compreender.
O que se vê nem sempre é o que é,
o que se sente nem sempre é o que se quis dar.
A luz que atravessa as folhas
é sombra ou claridade?
O rio que corre apressado
foge ou segue o seu rumo?
Tudo depende do olhar que pesa,
da memória que julga,
do medo que contamina.
O mundo não se explica,
move-se, respira, transborda
— e cada um o lê à sua maneira.
Mas talvez valha a pena ficar,
esperar que o tempo dissipe os enganos,
que a verdade encontre fenda na rocha
e que, no silêncio certo,
o mundo se mostre sem precisar de tradução.
Ruído e Sintonia
Às vezes, o mais difícil
é ser compreendido.
O que digo, o que faço,
o que deixo por dizer,
perde-se num labirinto
de ecos distorcidos.
Não é por nada que se diz
que o caminho para o inferno
está pavimentado de boas intenções.
Mas e quem lê as intenções?
Quem decifra o código
das entrelinhas invisíveis?
Cada olhar é um prisma,
cada ouvido, um filtro.
O que para um é gesto de afeto,
para outro, afronta.
O riso de uns
é a ferida aberta de outros.
Comunicar é atravessar o abismo
entre o que se sente
e o que se entende.
Palavras são apenas vento
se não encontram solo fértil,
se não fazem vibrar a mesma corda.
Porque no fim,
toda mensagem precisa de um lar,
de um receptor que a acolha
e a transforme em sentido.
Se não, é só ruído,
perdendo-se no vazio
Digo uma coisa, e entendem outra.
A vida é um jogo de espelhos
onde cada um vê apenas a sua própria sombra.
Falo com intenção limpa,
mas o outro ouve com o peso do seu mundo.
E assim, entre a verdade e o engano,
o que era claro torna-se nevoeiro.
Talvez nada seja realmente dito.
Talvez apenas fingimos comunicar
enquanto cada um se perde na solidão
das suas próprias ideias.
Digo palavras como quem lança
pedras num lago:
espero apenas que as ondas
toquem outra margem.
Mas nem sempre chegam.
Ficam presas na sombra
de quem as ouve.
Queria que tudo fosse claro,
como um rio ao meio-dia,
mas há sempre a névoa
dos dias difíceis.
No fim, talvez reste apenas
um eco perdido,
uma sílaba breve
na boca do vento.
O Eco do Silêncio
Lanço palavras como quem atira pedras
num lago sem margens,
esperando que o silêncio as devolva
sem distorção.
Mas o mundo é um espelho partido,
onde cada olhar lê o que já esperava ver,
onde cada voz se perde
num labirinto de ecos esquecidos.
Não sou feito de aço,
nem de pedra erguida contra o vento.
Sou a sombra de um pensamento que passa,
o reflexo de um instante que já se foi.
Se digo, não ouvem.
Se calo, suspeitam.
Mas sei que a raiz cresce no escuro
e a verdade não precisa de nome.
No fim, talvez reste apenas um vestígio,
um traço de luz na poeira do tempo.
E quem escutar, quem souber ler as entrelinhas,
saberá que sempre estive aqui.
"Imparcialidade é uma qualidade que concede a habilidade de ver através das ilusões do preconceito, de olhar além da superfície e julgar com clareza. É uma luz que revela a verdade, um escudo contra as sombras da injustiça.Imparcialidade não é simplesmente a ausência de parcialidade, mas a posse de uma visão clara que busca justiça e entendimento de todas as coisas."
Serei eu a sombra de um passado gasto,
Um rosto desfocado na água turva do tempo?
Serei eu o vidro de um amanhã incerto,
Baço e quebradiço, perdido no vento?
Ou serei apenas a sombra de agora,
Projectada num vidro que mal se sustenta,
Um lampejo que nasce, respira e se evapora,
Como um reflexo que o silêncio fragmenta?
Sou eu a sombra ou sou o espelho?
Sou o que se parte ou o brilho que ensejo?
O Navio Das Prioridades Invertidas e o Caos Moral.
Mulheres e crianças primeiro: um navio que deveria resgatá-las, mas que as lança ao mar da indiferença, onde mulheres tornam-se sombras esquecidas e as crianças, presas fáceis de monstros que nadam livres nas águas turvas da impunidade.
