Se eu Fosse Algum Rei
Entre o que seca
e o que germina,
há um intervalo
onde eu respiro.
Alguns dias sou raiz cansada,
outros, vento recente
Há presenças que me pedem
com os olhos de antes,
e outras que me buscam
como se eu fosse abrigo
O tempo se dobra,
e eu, estou no vinco
tentando não rasgar
para dar conta de tudo
Bem que às vezes até das tardes tumultuadas, eu gosto. Tormentas servem de lembrete de rendição e confiança, e da irremediável necessidade de repousar em Deus mesmo sem entender o porquê. Há paz em meio à espera!
Entrega não realizada.
O amor não é correio expresso.
Se eu tivesse que rastrear, o meu já deve ter morrido na triagem.
Ele me apareceu do nada, miando na minha porta, fingindo que sempre morou aqui.
Eu ofereci um pouco de leite, ele aceitou, e de brinde levou meu sofá, minha paz e o controle da minha TV!
Mas tudo bem... Eu sempre quis companhia para reclamar da vida.
Todas as coisas se transformam nas melhores quando você está perto. Você pode falar mil vezes que eu sou incrível e eu falarei mil e cem vezes o quanto você é incrível. Você consegue transformar os mínimos detalhes nos mais importantes, mesmo quando é desatenta. Você de fato tem despertado o melhor em mim e ultimamente estar contigo é a única coisa que mais importa. Se mil e cem vezes eu te falar que você é incrível, tanto quanto o incrível seja, ele será cem mil vezes mais com você por perto.
Eu Alessandro Macena acredito em Deus como um todo que compõe o universo, como um quebra-cabeça infinito, eu não sou deus mas faço parte do todo que é, sou parte dele.
Quando Deus Me Fez Olhar
por Purificação
Eu disse em voz baixa, cansado de tudo:
Senhor, eu não quero mais continuar.
Eu aceito parar. Eu aceito entregar.
Mas Ele não me respondeu com palavras.
Ele me mostrou.
De repente, foi como se o chão abrisse a alma.
E eu vi —
não com os olhos,
mas com algo que doía por dentro.
Havia um homem.
O corpo arqueado,
os ombros feridos,
as mãos tremendo de tanto carregar.
Não falava nada,
mas cada passo parecia uma prece sem som.
E a Voz me perguntou:
“O que vês?”
Eu disse:
“Vejo um homem sendo conduzido…
e alguém atrás dele, com algo nas mãos…
um chicote talvez…
e cada golpe parece rasgar o céu.”
“Fala mais.”
Vejo poeira, vejo sangue
e vejo gente que não entende o que está vendo.
O homem cai,
os joelhos abrem,
o chão se mistura com o sangue,
mas ele tenta se levantar.”
“E o que mais vês?”
Eu respirei fundo, e disse:
“Vejo dor…
mas vejo amor no meio da dor.”
E então a Voz falou, calma, firme, real:
“Não estás vendo outro homem.
Estás vendo o que Eu quis construir dentro de ti.”
“A cruz não é sinal de fim,
é símbolo de processo.
O peso que te dobra é o mesmo que te molda.”
E naquele instante eu entendi.
O madeiro que ele carregava não era de madeira —
era propósito.
O sangue não era castigo —
era entrega.
A dor não era derrota —
era lapidação.
E o chicote?
Era o som da alma sendo forjada.
“Purificação,” — disse Ele —
“quando pensares em parar, lembra:
a fé não anda em linha reta,
ela rasteja, tropeça, cai,
e mesmo sangrando, continua crendo.”
Eu chorei.
Não porque doía —
mas porque entendi o que o amor de Deus faz com quem não desiste.
O silêncio Dele não era ausência.
Era treinamento.
E ali, no meio daquela visão,
com o chão molhado de lágrima e luz,
eu disse:
“Senhor, se for pra seguir,
que cada ferida vire testemunho,
e cada queda ensine alguém a se levantar.”
E o céu se abriu.
E o peso virou presença.
E eu me levantei.
Porque agora eu sabia —
não era o fim do ministério.
Era o começo da missão.
✍️ Purificação
Quando Deus Me Fez Parar
Purificação
Eu disse:
— Jesus... eu não aguento mais.
Se for pra parar, eu paro.
Se for pra entregar o ministério, eu entrego.
Mas me mostra... me mostra o porquê.
E o céu silenciou.
Por um instante, achei que Ele não fosse responder.
Mas então... Ele abriu uma visão diante de mim.
E perguntou:
— O que você vê?
Eu respondi, com a voz tremendo:
— Eu vejo... um homem de pé.
Ele disse:
— Fala mais.
— Eu vejo alguém com um chicote na mão...
batendo.
E vejo o homem... sangrando.
Sangrando muito.
— Fala mais — Ele insistiu.
E eu disse:
— Eu vejo esse homem carregando um madeiro nos ombros.
Pesado.
A rua é estreita... o chão fere os pés...
Há pedras pontiagudas... e ele cai.
Ele cai.
E quando ele cai...
dá pra ver a carne se abrir no joelho.
Dá pra ver a rótula se mover.
E mesmo assim...
ele tenta se levantar.
E o Senhor me perguntou:
— Sabe quem é esse homem?
Eu não consegui responder.
Só chorei.
E Ele disse:
— É você.
Toda vez que quis parar...
Toda vez que sangrou e continuou...
Toda vez que caiu e se levantou...
Sou Eu em você.
E naquele instante,
o chão deixou de ser pedra.
Virou altar.
Porque às vezes...
Deus não te pede pra continuar por força.
Ele te pede pra continuar por fé.
E quando você entende isso...
até o sangue vira luz.
✍️ Purificação
Van Gogh dizia que a tristeza duraria para sempre.
Eu digo que ela pode durar, mas não precisa vencer.
A tristeza tenta ser eterna, mas a alma que luta também é.
Van Gogh tirou a própria vida porque o mundo não o entendia. Eu escrevo porque ainda espero que alguém entenda.
O Que Fica do Que Fomos
William Contraponto
Se um dia eu cruzar a noite inteira
e o corpo cansar do próprio som,
não esperarei por luz ou fronteira;
apenas o rastro do que ainda sou.
Porque além da morte não há segredo,
não há espírito buscando um lar.
Há só memória vencendo o medo
e o que deixamos no fundo do olhar.
O que fica do que fomos é o gesto,
é o nome lançado ao vento incerto.
Não é alma pairando em algum lugar,
é a lembrança que insiste em continuar.
E se eu não voltar, que seja assim:
no que construí, no que vive em ti.
Quando a última porta se fechar,
não haverá juízo nem muralha.
A vida é um barco que aprende a passar,
e cada travessia ensina – e falha.
O que chamam alma, eu chamo história:
a voz simples do que se amou.
É a cicatriz guardando a memória
de cada luta que alguém lutou.
O que fica do que fomos é o gesto,
é o nome lançado ao vento incerto.
Não é alma pairando em algum lugar,
é a lembrança que insiste em continuar.
E se eu não voltar, que seja assim:
no que construí, no que vive em ti.
Se deixo um verso solto pela rua,
que seja luz pra quem quiser seguir.
Não há mistério entre sombra e lua:
há só a marca do que se quis sentir.
E quem nos guarda não é o além,
é quem repousa o nosso bem.
No silêncio que sucede o último passo,
ninguém nos chama para salvação.
O tempo recolhe o nosso espaço
e entrega aos outros a continuação.
Se algo vive depois do adeus,
não são anjos nem eternidade:
é o que plantamos no chão dos seus,
a parte nossa que vira verdade.
O que fica do que fomos é o gesto,
é o nome lançado ao vento incerto.
Não é alma pairando em algum lugar,
é a lembrança que insiste em continuar.
E se eu não voltar, que seja assim:
no que construí,
no que vive em ti,
no que chamam fim
e que eu chamo de existir.
Eu acredito que não existe nenhuma pessoa por natureza má. As que estão no estado de maldade é por que estão perdidas e isto é bem preocupante.
Ao primeiro coração que se alimentou da minha natureza, eu lhe dou tal alcunha:
Os fogos que reproduzi em teu peito,
saiba que não se originaram da minha vontade,
mas de um desejo sórdido, do qual fui marionete de impulsos.
Ao final do vosso nome, eu fui vilão,
mas, para os nascidos após aqui, serei herói.
Não pude caminhar em teus ombros,
contudo, fui capaz de sentir a chuva de quem te amou.
E, sem dúvidas, foram sonhos, enquanto fingíamos dormir.
🌿 Poema 🌿
Não te chamo só de avó,
porque foste casa antes de eu saber
o que era abrigo.
Tuas mãos — costura do tempo —
eram mapas que ensinavam caminhos
mesmo quando o chão parecia sumir.
O silêncio da tua ausência
tem um peso de lençol dobrado,
daqueles que ainda guardam
o cheiro do sabão caseiro.
Às vezes, passo por uma rua
e juro ouvir teu chamado,
um eco que não se cansa
de procurar meu nome no vento.
Se a vida fosse justa,
terias ficado para ver
as flores que plantei do teu jeito:
enterrando a semente
como quem faz oração.
Mas agora as rego sozinha,
e cada gota que cai
é lágrima disfarçada de chuva.
Avó-mãe,
és raiz que não morre.
Tua falta não é vazio,
é presença espalhada —
no café que esfria devagar,
na cadeira que range sem peso,
no abraço que invento
quando fecho os olhos.
E se a eternidade existe,
sei que está nas tuas histórias
que se recusam a acabar.
Eu sou abrigo pra quem quer abrigo,
sou teto em dia de tempestade,
sou silêncio que acolhe o grito,
sou presença quando falta verdade.
Sou a paz pra quem busca descanso,
sou colo pra quem já cansou de lutar,
sou ponte onde só havia abismo,
sou luz mesmo sem me deixarem brilhar.
Sou o ombro que não cobra retorno,
sou escuta que não exige voz,
sou inteiro mesmo sendo quebrado,
sou muitos, mesmo quando estou a sós.
Sou o que fica quando todos vão,
sou raiz em solo que não me quer,
sou amor sem manual de uso,
sou força que ninguém vê de pé.
Mas também sou limite, sou freio, sou fim, alguns me chamam de doido e o sem noção quando querem me manipular,.
sou o não que aprendeu a dizer sim pra si.
Porque ser tudo pra todos me fez quase nada, e agora sou tudo pra mim.
E sou sim pra quem quer ficar ao lado do respeito e da dignidade .
Evans Araújo
OLHEI
Hoje eu tive medo, talvez porque eu tenha olhado para o mundo, não da mesma forma que olho todos os dias, hoje eu vi mais:
Dor causada pela pandemia, pela violência, pela maldade, pela fome, pela falta de abrigo, pela falta de amor.
Olhei para antes da pandemia e vi sofrimento, vi pranto, desespero.
A pandemia esconde muita coisa pior que ela, esconde o descaso com o próximo, esconde nossa falta de cuidado.
Experimentemos parar por alguns minutos e pensar em nos despirmos de nós, três coisas são gargalos entre nós e Deus:
1º O pecado - Paremos de falar tanto a frase: somos pecadores, isso já sabemos, porém, onde abundou o pecado, superabundou a graça;
2º Nós, sim, nós, somos tão orgulhosos que não abrimos mão de estender o olhar pra o lado, para o nosso “irmão” para ajudar, o mundo seria melhor se pudéssemos nos apoiar;
3º O próximo, aquele que nos fere, que não conseguimos perdoar, apesar de vivermos pedindo perdão a Deus e Ele nos perdoando, não por merecermos, mas, porque Ele é bom, o tempo todo diga-se de passagem. É muito fácil amar a Deus, Ele só nos possibilita coisas boas, faz alianças para nos salvar, entregou seu filho por nós, tem um plano pra viveremos eternamente, difícil é amar o próximo. Só que a conta não fecha, amar a Deus é amar o próximo e um não existe sem o outro, então, como fazemos?
Sua reflexão é a resposta…
O mundo está caótico por nossa causa, brigas, guerras entre vizinhos, irmãos, país, filhos, maridos, esposas, ex casais, funcionários, patrões, e, tudo isso pra nada. Não conseguimos aprender nem mesmo com nossos erros.
Quer mudar o mundo? Comece em você, comece libertando-se de si, tenha coragem de se importar com quem precisa, não é a pandemia que assusta, é o nosso livre arbítrio.
