Se eu Fosse Algum Rei
Quando eu me calo
Quando mudo de assunto
Não é porque não sei o que dizer
Na verdade eu sei
Mas receio falar
Receio me comprometer
Receio a conexão de tudo isso
Eu não estou adaptada
Ao seu modo sincero de ser
E ainda não sei
Ser tão recíproca quanto gostaria
Amo isso tudo, amo ser um Bombeiro, sem isso seria eu um ser incompleto.
Deus nos deu esse dom de nos doarmos pelo próximo e isso sim é uma dádiva, servir aos aflitos nos seus momentos de angústia, levando a esperança aos seus corações ao som vibrante de nossas sirenes...
saudade de esperar
quietinha, enquanto
gritavam seu
nome...
eu sempre soube que
no final... você ia chamar
o meu.
Claro que eu te perdôo...
outra pessoa vai te magoar
e não duvide por um segundo que eu não
vou estar sorrindo
nessa hora.
Eu te amei com tudo
que pude tirar de mim
sem ficar vazia..
Lamento que meu tudo
não tenha sido seu suficiente.
Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo...(além da
sífilis, é claro)*
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora...
Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa...
