Se Desconfiar do seu Marido
SONETO COM VAIDADE
Me imagino num versejar perfeito
o que traz em seus versos vaidade
que tudo encanta, natural do peito
numa pura inspiração de divindade
Onde possa ser poeta de verdade
em que o ledor se sinta satisfeito
gafado na rima, todo, não metade
e assim, um bardo maior ser eleito
E no quanto mais, sede de proveito
vou devaneando, tento a equidade
pra ter no espanto sonhado aspeito
Aquele do saber, onde traz saudade...
E quanto mais desejo, mais estreito
mais vejo, que pouco sou majestade!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
SONETO DE JOELHOS
Bendita, Maria, mãe do Cristo Jesus
Bendito o Teu ceio que o fez nascer
Mãe de todos, da fé que nos conduz
Rainha dos céus e da terra, és haver
Bendito aquele que crê na Vossa luz
No Teu amor... trilha com o seu viver
Confia e reza à Teu Filho no enaltecer
Bendita Senhora, doce mãe, alvorecer
Bendito sejam todos que a Te clamarem
E diante de Teu Filho crentes ajoelharem
No ato de convicção, uma grande paixão
Se, um dia, for fraco e na fé pouco refém
Oh Redentora, de Tuas mãos que caem
Graças, abrase meu coração... (com Deus!)
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
TORMENTO NO SONETO
O fado, comigo, não teve deleite
Tem um gosto agridoce meu dia
Devoluto, e sem lisonja fugidia
Na ventura me sinto um enjeite
Lembranças, só são de nostalgia
Um poetar desnudo, sem enfeite
Inspiração desmaiada como leite
E a lágrima de tão pouca alegria
As doces palavras sem onde deite
O ânimo com nuance sem ousadia
O coração desprezado, quem aceite
E mesmo, num tal tormento, quereria
Um olhar de afogo, sorriso que afeite
Onde minha sorte, pudesse ter alforria
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
vento
o vento no cerrado, chia
acaricia grosseiramente
pelos pequizeiros rodopia
e assobia ansiosamente
nos buritis, e em romaria
de repente, se faz ausente...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
SONETO NO CREPÚSCULO
Morre o dia. Aqui no cerrado goiano
Dizemos-nos adeus silenciosamente
À meia luz do entardecer confidente
O sol no horizonte desfalece profano
Em um purpureado lôbrego poente
O céu é degustado pelo breu ufano
Num longo abraço de um cotidiano
Do sol e a terra num valsar ardente
Da vidraça, o crepúsculo soberano
Invade o quarto numa luz pendente
Vindo do luar voluptuoso e fontano
E, como uma orquestração silente
A noite se prostra num olhar arcano
Embalando o dia misteriosamente...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2016, novembro
Cerrado goiano
QUASE POESIA (soneto)
Poesias, que já inspiraram, amarrotadas
por mãos, também, que as aprimoram
as suaves e tristes, também as amadas
as dos beijos suspirosos, que já se foram
Umas indesejadas, outras atormentadas
dos sonhos fanadas, no coração moram
tem as dos emaranhados destrançadas
e as que as centelhas da criação imploram
Umas que morrem na alma silenciosas
outras cheias de viços e bem amorosas
as desventuradas, primeiras, derradeiras
Aí! Quem melhor que vós, oh primorosas
para coroar-me, poeta, e ter-te gloriosas
evocando, quase poesia, por belas prosas?
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2016, 17 de novembro
Cerrado goiano
SONETO COM CHARME
Moço, se no tempo, velho eu não fosse
Onde a dor da saudade a apoderar-me
As recordações a virarem um tal carme
E a lentidão em mim se tornarem posse
Ah! Aquelas vontades já me são adarme
O que outrora me era tão suave e doce
Num gosto acre o meu olhar tornou-se
O espelho, um revérbero, a desolar-me
O meu espírito a tudo acha tão precoce
Já o corpo, cansado, soa em um alarme
Na indagação a juventude que o endosse
Da utopia ao caos dum tão triste arme
Envelhecer, como se não fosse atroce
Então, vetusto, tenhas arrojo e charme!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2016, 18 de novembro
Cerrado goiano
Papel e Tinta
Laivei o meu pincel
no cinza do cascalhado
no entardecer fogueado
no chão ressecado
no desbotado areado...
Laivei o meu pincel
na luz do horizonte
na sombra atrás do monte
no suor da fronte...
E no branco do papel
vão aparecendo inquinações:
de folhas secas, chão árido
amarelados ipês, buritis, ar cálido
pequis, céu divino e estrelado
num desenho do cerrado...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2016
Cerrado goiano
garimpo
cerrado, alvoreceu o dia…
a chuva cai
há respingos de harmonia
a sequidão se esvai
e lava o sal da poesia.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
tagarela
quando o buriti balança no cerrado
ao vento, sigilo dele espalha...
são avisas a ele segredado
Quem disse que o cerrado não fala?
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Poema para o amigo
É para você, este poema
Intitulado: - "pro amigo"
Nele a afeição é o tema
Nosso carinho, eu bendigo...
Receba este real presente
O trago do apreço comigo
É do coração vertente
Do afeto venho festejar contigo...
Pois, só ele deixa saudade
Amor. Só ele nos traz abrigo
E a lembrança de nossa amizade.
Feliz por ser seu amigo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
dia do amigo
Tudo
Tudo,
são metamorfose,
e também sanhudo.
Se é grão, se é chão,
criador e criado,
do todo, expressão,
desamor e amado...
Porém, se é do coração,
o afeto é apropriado,
e a poesia eterna canção...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 26 de 2016
Cerrado goiano
ciscando
busco significação
no cesto de entulho
do fim do ano
e eis que tenho na emoção
- monotonia –
uma folha em branco
e uma acinzentada poesia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
SONETO ABSTRATO
Na prosa do poeta, não só tem poesia
às vezes de tão vazia, o abstrato pinda
arremata cada imaginação, e aí, ainda
nada lhe completa, nada tem harmonia
Tu'alma inquieta, o verso na berlinda
a solidão, a lágrima, a dor em romaria
se perfilam no papel em uma rima fria
e assim, a privação na escrita brinda
Neste limitado querer, sem simpatia
o silêncio, o belo, no feio prescinda
e a inspiração, então, fica sem orgia
Aí, o soneto sem quimera, não finda
e os devaneios perdidos na ousadia
sem fantasia, a ausência é provinda
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 09 de 2016
Cerrado goiano
química
falar de amor
é tão especial
é tão boreal
é tato, afago, beijo, n'alma teor...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Ave Maria
Quando a noite vem e, cerra o dia
como se trincasse entre os dentes
eu, desfolho em reza a Ave Maria
na fé dos preceitos transparentes
Onde se tem somente primaveras
a fleuma do entardece, poentes
e a elevação de todas as esperas...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
SONETO NAS ONDAS DO MAR
De todos os cantos, o encanto é pro mar
É atração mais forte, encontro profundo
Do vento, praia, do sol, de modo singular
Onde minh'alma se une ao querer rotundo
O cheiro da maresia me leva num segundo
Me tira lá do fundo da saudade a apertar
Poeto com afeto, donde o verso é oriundo
Me rapta nas ondas e, que me faz sonhar
A arrebentação é meditação a contemplar
Onde a lua nua torna estórias pra contar
E nas tuas areias eu me enfarinho jucundo
Neste amor, um amor robusto, de amar
Onde no teu horizonte muito fui segredar
És querido de todos as quinas do mundo (o mar) ...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
DOMINGO CHUVOSO NO CERRADO (soneto)
Cerrado, as nuvens se encolheram
O céu abriu-se em gotas molhadas
A voz do vento dando gargalhadas
E as trovoadas o silêncio corroeram
Devagar veio o cheiro em pancadas
As folhas secas lânguidas desceram
Ao chão, encharcado e, obedeceram
Silenciosamente as suas chamadas
Uma a uma, gota a gota, vieram
Mansamente forrar as esplanadas
Cumprindo o fado que advieram
Aí, a relva e as árvores prostradas
Usufruindo, agradecimento fizeram
As chuvas no cerrado, tão clamadas
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Domingo, 27/11/2016
Cerrado goiano
RETROSPECTIVA (soneto)
A vida na vinda e ida tem multidões
Não percebi todo o vento a suspirar
Tão pouco todas as cantigas de ninar
Foram cantadas nas minhas emoções
Tive chances no partir e no chegar
Os medos os pus nas contradições
No tempo rompi todas as estações
E nem todas as flores eu pude amar
O trem teve distinto as suas estações
O doce da quimera o seu mel a melar
E o tanto de carinho as suas aluviões
Na curva da esquina, solidão pude visar
Nos prazeres os feitos e as proibições
Porém, primaveras, também, vi florar...
(Nesta retrospectiva particular) ...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
29/11/2016, 10'00"
Cerrado goiano
Alforria
Seria bom, eu queria
Ter uma afeição tua
Uma palavra à revelia
Nada ouço ou vejo na rua
Noturnal, duma noite vazia
Só a lua solitária, fria e nua
me fazendo companhia...
Mas a saudade é sua
ou é minha?
Não importa a quem valeria
se a vida é torta
e reta é a sabedoria
do tempo. Se viva ou morta
a prosa da poesia.
O que voga é o que o amor reporta
aí sim, a paixão tem harmonia
e a permissão, na solidão, exporta...
Alforria!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
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