Se Depender de Mim
“” Passará por ti
Num malmequer por perto
Lembrarás de mim
Quando o sol chiar solitário no deserto
Quando tuas noites, fores solidão.
Em su cama pedirdes minha mão
Haverá um sonho pra te lembrar
Que fostes o melhor que pude encontrar
Então chorarás
Lágrimas de pura saudade
Molharás seus lábios no desejo
Que tudo fosse realidade
Amanhecerá o dia
E pela janela verás o vôo solitário da esperança
No gesto que virá da lembrança
Que o coração teima em não deixar apagar...””
“” A melhor parte de mim,
Cantava e dançava
Parecia louco e assobiava
Mas era a melhor parte de mim
E mesmo assim ainda habita
Em mim a esperança
Que a criança crescida que sou
Nunca morra, mas corra
Pelos becos da vida
Em busca de respostas
Atrevidas,
Que ousem confirmar
Que o belo é viver...””
" Vá e sonhe outros sonhos, percorra outras estradas e quando lembrar de mim, dê um sorriso e lembre-se das histórias que juntos escrevemos e deixamos para trás...""
“” Aposto o vento
Que a todo o momento
Você pensa em mim
Aposto um beijo
Que sou seu desejo
Sem fim ...””
“” Como um mimo de amor
Assim te entrego o mais puro crystal
Para que saibas
Que és tudo em mim....””
Tudo em mim, é um projeto inacabado.
Só peço ao artífice, ao escultor sem gosto que talhou o meu perfil de vida, que me restitua os meus lindos olhos de menino, na estatueta imperfeita que me quis oferecer, mas que eu, orgulhosamente, rejeitei.
Eu nunca seria um ser humano consciencioso, se não fizesse perguntas a mim próprio antes de responder aos meus semelhantes.
A LATA DE SARDINHAS E OUTRA DE
CONSERVA DE FEIJÕES
Há dentro de mim
Muita fome de aprender
A ser
Independente!
E quando à outra fome física
Que leva à tísica
Me querem à força matar,
Eu lhes digo e redigo:
Mesmo seco de morrer
Hei de vos ver
Aqui ou lá, num sofrer
De arrepiar...
Ontem, já no hoje do amanhã
Alguém de outros me trouxeram
E ofereceram
Comida nova
Que fizeram
Quentinha a escaldar
Pelas alminhas,
Que a renova
E me disseram
A abraçar:
Come, é o fruto da nossa paixão!
E eu, depois no aido, engoli;
Mas pensei:
Benditos os que sabem que eu
Não posso viver só de sardinhas
E de feijões de lata!
Se não, morro pelo estômago meu
Na mais breve data...
(Depois, de ter o estômago "enganado" é que me lembrei dos sem-abrigo, mulheres e homens e crianças que as latas de sardinhas e outras de conservas de feijões são uma miragem e então chorei... chorei... por ser tão indiferente e injusto ao males do mundo.)
(Carlos De Castro, a tentar saber de onde vem a razão do lápis de censura do Pensador, in, 27-06-2022)
SENTIR SEM TI
Senti em mim
Até que enfim,
Que o dia
Quando nascia,
Era já noite para mim.
E assim, em sinfonia,
Se o fosse, eu completaria
O ciclo atroz da morte,
Que de outra sorte
Numa centelha de luz
Que mesmo apagada,
Reluz
Na madrugada,
Momento de enganar a morte,
Eu escolheria.
E daria
As voltas à vil tosa,
Engenhosa,
Manhosa,
Fantasiosa,
Folclórica
Esclerótica.
Essa feia patuta
Bruta
Infiel
Cruel
E já em desnorte.
Viva a vida
Morte, à morte!
(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 19-08-2022)
MÃE CANTA PARA MIM
Canta:
As tuas ladainhas de embalar,
Nas noites de menino a arfar
À procura de um sono imenso
Com cheiro a fumo de incenso
Para quebrar o quebranto
No desencanto
Do mau-olhado
Rezado e talhado
Na cruz de Cristo
Ensebada
Por mãos de outros usada
Na renegação do malquisto
Que vem pela calada
Na inocência
Até à velhice da demência
Sem nunca parar o maldito
Do proscrito.
Mãe:
Vem.
Canta para mim.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 04-10-2022)
F A R TO
De ter esperança em mim,
Fartei-me de ti.
Esperança de mim em ti,
Nem assim, porque sim.
Nunca mais acredito
Na bonança
De uma esperança
Feita rito
Que dizem, sem saber
Porque é a última a morrer,
Se calhar, num grito!
Como se eu não estivesse
E ao demais não parece
Farto,
Infarto,
De crer.
(Carlos De Castro, in Há um Livro Por Escrever, em 21-10-2022)
C O N V I T E
Apareça, quem de mim gostar
Só hoje, sem choros, à beira do rio,
Porque amanhã cedo, o navio
Parte comigo para outro lugar.
E eu não sei se lá vou chegar.
Pode até o navio ao longe, naufragar.
Ou dar-me vontade de defecar
De pé, em cima das ondas do mar.
Aqui vos deixo o convite.
Depois, não me venham dizer
Por palpite,
Que era melhor eu ser
Sem parecer
O Eu,
Que não o Outro,
Que vos enviou o convite.
(Carlos De Castro, in Há um Livro Por Escrever, em 04-11-2022)
CRUEL DESTINO
Pedem-me amor
E eu não sei o que isso é;
Porque nunca o tive ao pé
De mim.
Assim,
Não sei se ele é dor
Ou prazer do início ao fim.
Pedem-me poemas
E eu não sei o que isso é;
Porque, malditas as minhas penas:
Poemas, será gente de fé?
Não quero nada,
Porque nada sei dar
Desde menino,
A não ser meu cruel destino
De querer amar
No já,
A quem nada me dá.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 08-11-2022)
O PIANO
Há um piano
Que toca para mim
Sem parar,
Todo o ano,
De noite ou de dia
Como companhia,
Lá toca o piano.
Ele sabe que escrevo
A solo,
Como um tolo
Que se desvela
E canta à capela
Sem procurar relevo.
Bendito piano,
Quando me acompanhas
Nas poesias estranhas.
Maldito piano,
Quando tão solitário tocas
No silêncio das bocas
Com sono,
E me fazes chorar
Sempre que quero poetar
Nos dias tristes de outono.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 09-11-2022)
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