Sair de Casa
Lar
Se a casa é onde nos sentimos bem,
Faço ao seu lado minha morada.
Jamais passarei fome ou frio, além
De estar no coração de minha amada.
E pelo seu feitiço deveria ser queimada,
Tal qual as bruxas há anos atrás.
Fez-me um servo em sua jornada
Sou um escravo, mas vivo em paz.
Quando quiser me assassinar, se despeça
Não consigo viver sem teu carinho.
Mas me mate, e que não seja depressa,
Prefiro ser torturado, que estar sozinho.
Lucas 15.8: Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? Na parábola da dracma perdida a mulher precisa acender a luz e varrer a casa; limpar a casa para encontrar o tesouro perdido, digo novamente perdido. Se a luz em nossa casa estiver apagada não veremos a sujeira e não encontraremos o tesouro que perdermos. Para recuperar a dracma perdida precisamos acender a luz e varrer a casa. Acenda a luz e você encontrará sujeira, varra a casa e você encontrará o que perdeu. Toda revelação dada por Deus tem o propósito de limpar a nossa vida e encontrar o que perdemos na caminhada.
Tua casa é onde tá teu sangue. Onde estão tuas irmãs. Aí é onde é tua casa.
Terra, casa e trabalho são direitos sagrados. Que ninguém lhes retire essa convicção, que ninguém os prive dessa esperança, que ninguém apague seus sonhos.
Mãe, avó, dona de casa...
por onde passa,
eu sei que você domina.
és tão bela,
que causa inveja,
nos corações das meninas.
O ano que vem passou ontem lá em casa e disse que o futuro vai ser melhor. Disse que o presente é bom, que é também doído, que o passado pode ter sido ruim mas que também, certamente, foi bom. Que foi tudo uma mistura. Disse também que o futuro assim exatamente o será, alternando as horas duras com as horas doces, os dias de subida pedra acima e os dias de descida e de sombra, de horas de alegria, de muitas horas de tédio – mas sempre um pouquinho mais de tédio do que de emoção. E tudo isso, de novo e pra sempre com a diferença de que, no futuro, nós mesmos seremos uma versão mais melhorada de nós mesmos. Os nossos defeitos sempre um pouquinho mais despiorados.
O futuro disse ontem que ano que vem a vida virá com menos partículas de feiura porque a gente vai tá mais experiente. Que no futuro, a gente vai tá mais preparado para a beleza já bonita que existe. O ano que vem tomou um cafezinho com a gente, sentou no sofá, perguntou da família, ficou sabendo das notícias… Disse que é preciso prestar atenção pro presente porque o presente é tudo o que a gente tem. Disse que, bem dizer, o presente é o melhor presente que só ganha quem tá vivo.
Sentado num tamborete na varada, depois de um silêncio de tanto falar, disse que cuidemos da casa porque a casa é uma das melhores coisas que temos. Que se dê atenção pro jardim, que se ria na cozinha, se enfeite o quarto e se tome muito banho bom no banheiro, consciente de que o chuveiro é o maior luxo do nosso tempo.
Saiu lá de casa era boca da noite. Findou a visita ontem dizendo que a casa é pro nosso corpo o que o nosso corpo é pra nossa alma: reveladora de quem somos, de quem podemos ou de quem conseguimos ser. E que pra tudo tem uma esperança, ainda que a esperança seja fazer as pazes com tudo que a vida nos dá. De modo que o ano que vem saiu ontem lá de casa rindo, dizendo que o futuro está quase presente e que se deve conciliar com o passado. E que no fim do ano ele chega, e que vai estar feliz de nos ver.
Tenho o hábito de enfeitar janelas: as da casa onde mora meu corpo eu as enfeito com flores, as da casa onde mora minha alma eu as enfeito com sentimentos floridos.
Perda total da razão,
só pensa na guerra,
ações sem sentido,
só anda com a cabeça
no mundo da terra!
Nunca se vê
se é que um dia nos vimos,
vestidos de aparências,
o desejo rasgou o prazer
que sentimos em fantasia!
Logo retornei, linha muda:
A cor do tecido,
a vista do horizonte,
o trajeto do trem,
o destino de um homem...
O dedo aponta adiante distrai também,
as frases que leio nos muros:
“Quem chega não chama.”
Quem entra não bate”.
Rol de nomes aos bois,
sem guardar orgulho da raça
que tem barulho
de carroça na cabeça,
descamisado no parapeito
da janela, grito palavras incabíveis
na beleza de um poema.
Os animais fogem para a cidade,
os homens para a selva,
rastro de pétalas, caule e espinho,
vereda de flores feridas,
fragrâncias fúnebres.
