Sair da Casa da Mae
Você é estranha. Mas acha que ser estranho é ruim. Você acha que é a única. Mas quer saber? Você não é. Há milhares de estranhos por aí. Pessoas interessantes como você. Você só precisa sair para o mundo e os encontrar.
Confesso que um dos meus maiores medos era contar para os meus pais sobre a minha orientação afetivo-sexual.
Aprendi a ser Mar …
Aprendendo a cada dia com
a sabedoria das águas,
Aprendo a deixar ir,
A esperar, sentir, respeitar.
Aprendi a ser Mar,
Sendo mulher, mãe, gota e oceano.
Aprendendo a zelar, nutrir e ensinar.
Aprendi a ser Mar
Através de toda lágrima e suor,
Aprendendo o preço do caminhar e
A necessidade de sempre seguir.
Felicidade de mãe
É ver o filho nascer
Tanto tempo, esperando
Agora é pra valer
Amor de mãe é vital
Não existe nada igual
E vai ainda crescer
Minha Velha Tia
Minha velha tia me contava muitas histórias. E entre uma história e outra, ela me ensinava muitas coisas. Minha tia me contou que houve um tempo em que os animais falavam. Ela me ensinou que a Terra é redonda e que se eu sair andando sempre em frente, acabo voltando ao mesmo lugar. Minha tia me ensinou que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil e que Santos Dumont inventou o avião. As histórias de minha tia eram sempre assim. As coisas mais difíceis ela explicava do jeito mais simples. Era preciso que cada coisa tivesse o seu inventor ou o seu descobridor. Se Santos Dumont não tivesse inventado o avião, até hoje estaríamos andando só a pé ou de carro.
Um dia minha tia me ensinou um acróstico: Minha Velha Tia Mandou Jogar Sal Úmido Nas Plantas. Para que eu nunca esquecesse os nomes dos nove planetas do Sistema Solar. Nunca me esqueci dessa tarefa que, é bem verdade, não cheguei a realizar; mas nunca me esqueci dos nomes dos nove planetas.
Eu sempre ouvia maravilhado as histórias de minha tia e nunca me esquecia de nada do que ela me falava. E ela dizia que quando eu crescesse iria saber muito mais do que ela. Talvez esse tenha sido o ensinamento que mais me intrigou. Eu não fazia idéia de como isso seria possível, embora soubesse que tudo o que ela me dizia era verdade. Lembro-me de quando comecei também a contar a minha tia as coisas que tinha aprendido sem ela. Minha tia sorria e ouvia atentamente tudo o que eu lhe dizia. Sei que às vezes ela achava que era tudo bobagem, mas nunca me dizia isso. Ficava feliz por eu estar aprendendo. E eu sempre esperava que ela complementasse as minhas descobertas com o que ela sabia. Minha tia é que sabia verdadeiramente das coisas; e só com o seu aval é que eu podia acreditar em tudo o que aprendia.
Vez ou outra eu a interpelava sobre algumas incoerências. Por que Colombo descobriu a América e Cabral descobriu o Brasil? Eles não descobriram, na verdade, a mesma coisa? Por que foi Colombo quem descobriu a América, e não os índios, que já estavam aqui? Minha tia sorriu e me explicou que os índios não tinham consciência de quem eram, nem de onde estavam, mas Colombo sim. Por isso os chamou de índios.
Lembro-me do dia em que contei à minha tia que a professora tinha dito que não foram nem Cabral, nem Colombo os nossos descobridores, e sim outros homens que estiveram aqui antes, mas que se nos perguntassem, era preciso dizer o que estava no livro. Minha tia abriu o mesmo sorriso carinhoso, sem dizer nenhuma palavra. Sei que ela nunca mais se lembrou dos nomes que eu havia dito a ela, mas, para dizer a verdade, eu também não me lembrei.
Hoje me arrependo de ter deixado tão cedo de visitar a minha tia. Lembro-me de que nas últimas vezes em que a visitei, eu ouvia atentamente o que ela me dizia, e sorria. Às vezes gostaria que ela ainda estivesse aqui. Mas sei que não seria mais possível. Talvez o mais duro exemplo de uma das tantas coisas que ela me ensinou: “cada coisa tem o seu tempo”. No tempo de Cabral, de Santos Dumont e da minha tia, as coisas mudavam muito pouco. Ela pôde me ensinar o que havia aprendido com a tia dela. Hoje, ela certamente se sentiria enciumada por causa da Internet. Eu não saberia como dizer a ela que o seu acróstico não vale mais. Não saberia dizer a ela que Plutão não é mais um planeta. Minha velha tia não sabia muito bem o que era um planeta. Não saberia me explicar por que isso aconteceu. Talvez ela fosse sorrir e dizer “isso é bobagem”. E, para dizer a verdade, eu também não saberia explicar isso a ela. Minha tia tinha razão em tudo o que dizia. Teve razão ao dizer que eu saberia muito mais do que ela. Mas minha tia é que entendia verdadeiramente das coisas. E hoje eu não sei onde aprender as coisas que ela sabia.
Mãe, eu gostaria de voltar no tempo para te beijar desde ainda estando em seu ventre, mesmo que durasse "mil anos"... seria pouco para que eu não sentisse a sua falta
Tu já viu que não tem jeito, não tem, a mudança vem ou a gente correndo atrás dela ou ela atropelando a gente com tudo, sem pedir pra sair do meio.
"A traição de uma mãe é uma dor inimaginável, pois é a quebra de um laço maternal que deveria ser o mais forte e incondicional. É uma ferida profunda que afeta não apenas a confiança, mas também a identidade e a confiança na figura materna como um porto seguro."
Sua amada e querida mãe é um presente precioso em sua vida. Ela é uma figura que te amou desde o momento em que você nasceu, oferecendo seu amor incondicional, apoio e orientação ao longo dos anos. Sua mãe é alguém que se preocupa profundamente com seu bem-estar, sempre disposta a ouvir, aconselhar e oferecer o ombro amigo nos momentos difíceis. Ela é uma fonte de sabedoria e força, inspirando você a ser a melhor versão de si mesmo. Através de seu amor e dedicação, sua mãe tem deixado uma marca indelével em seu coração, e você é verdadeiramente abençoado por tê-la em sua vida. Agradeça a ela por todo o amor e sacrifício, e valorize cada momento que você compartilha com essa mulher especial.
Eu conheci muitas pessoas, algumas conseguiam viver a realidade, outras buscavam incessantemente sair dela.
Nenhuma combinação de palavras pode expressar completamente a imensidão do amor, superação, carinho e dedicação que você trouxe à minha vida. Cada gesto, cada sorriso, cada sacrifício que você fez em prol do meu bem-estar e felicidade é uma inspiração constante.
Desde o momento em que me trouxe ao mundo, você tem sido a força que me sustenta, a luz que ilumina meu caminho. Você me alimentou não apenas com comida, mas também com valores, princípios e a crença no poder do amor incondicional.
Suas ações silenciosas falam volumes sobre sua devoção. Você cuidou de mim nos momentos difíceis, me incentivou a superar desafios e sempre me mostrou o verdadeiro significado da persistência. Seu amor não conhece limites, sua dedicação não tem fim.
As lições que você me ensinou são tesouros que guardarei para sempre. Cada conselho, cada orientação, moldou o que sou hoje. E, acima de tudo, você me mostrou que o amor verdadeiro é dar sem esperar recompensa, é estender a mão sem pedir algo em troca.
Mãe, você é a personificação do amor incondicional e da resiliência. Seu coração generoso é um farol que me guia em meio às tempestades da vida. Agradeço profundamente por tudo o que você me deu, por cada momento de carinho, por cada sacrifício silencioso. Sua presença é meu refúgio, sua sabedoria é meu conselho.
Neste caminho da vida que trilhamos juntos, saiba que você é minha heroína, minha inspiração eterna. E, acima de tudo, você é amada além das palavras. Obrigado, mãe, por ser a pessoa incrível que você é.
Com todo o meu amor,
do seu filhote:
Felipe Facundes
Em grupos de redes sociais, tenho observado muitas reclamações a respeito de mães que deixam seus filhos com parentes. Em algumas delas, essas pessoas questionam o fato de a mãe não ter avaliado os efeitos da maternidade antes de tomar a decisão de ter um filho. Muitas argumentam que “quem pariu Mateus que balance” e dizem para não terem filhos se não podem cuidar deles. A decisão e a responsabilidade pela maternidade são, nesse contexto, consideradas como individuais. Certamente você não é obrigada a ser mãe, mas a maternidade não é individual, ela é social. Tanto pelo papel social exercido pela mãe, quanto como uma necessidade da sociedade. Se todas as mulheres acatarem o conselho de não ter filhos, a sociedade cai em ruína. O capitalismo entra em crise sem novas gerações sendo criadas para atuarem como mão de obra. No Japão, o estímulo à natalidade já é uma política pública. Então, a maternidade não pode ser um problema individual. Isso não significa que você, tia, avó, avô, amiga (o) ou madrinha/padrinho precisam ser compulsoriamente a rede de apoio de alguém ou se responsabilizar pelo filho alheio. Mas que o discurso que culpa a mãe deve ser substituído pela responsabilização da sociedade, que deve criar condições para que estas mães não vivam exaustas e sem proteção, o que torna a elas e as crianças vulneráveis. Em muitos países, já existe a opção de turno reduzido para aqueles que cuidam de seus filhos (pais ou mães), licença maternidade estendida e horário de trabalho a partir das 9h, para que os responsáveis deixem seus filhos na creche. A natalidade é um problema de Estado. E se isentar do debate ou polarizar o universo feminino entre aquelas que escolhem ou não ser mães só fortalece o patriarcado.
SE QUISER JOGAR, EU JOGO
Comprei um vídeo game para a minha filha e tive uma grata surpresa quando notei o quanto eu gosto de jogar.
Tenho uma grande habilidade em jogos de corrida e é interessante que, sempre que alguém me visita, eu escuto a frase: nossa, você parece um homem!
Eu também sempre escuto essa frase quando digo para alguém que gosto de ir em todas as rodas de samba da minha cidade: Você parece um homem!
A mesma frase é ouvida quando digo que odeio festas escolares porque somente me criam mais demandas ou que sou uma péssima dona de casa ou que gosto de ganhar dinheiro e investir.
Já ouvi, em contrapartida, a frase “Parece coisa de mulher!” quando um homem é o responsável pelas refeições da família ou pela louça suja.
Quando foi que, por ser mulher, eu tive que assumir toda a parte chata da vida familiar? Por que eu não posso também preferir a parte mais divertida e lúdica?
Mas eu resisto! E sigo jogando e sambando!
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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