Ruth Rocha Amor
PASSARINHO
Passarinho fez fi,fi
Na hora que o sol se abriu
No tempo que ele te viu
levantar-se da cama.
Não te engana
Este passarinho sou eu
Que nunca deixou teu quintal
E nem do teu beijo esqueceu.
A SAUDADE
A saudade chega surpresa
E nos incomoda, preguiçosa
E se reparte em dias
Pelos ponteiros do sol e da lua
E se observa em nossos lados de ferimentos
Também por onde a água nasce
E se entretém com o andamento dos rios
E se finca-se afluente.
A saudade é uma pertencente
Do veio de dentro
Da terra profunda e do coração.
A saudade não é traiçoeira
E nós podemos acompanhá-la
Do seu prenuncio de fazer-se
Até não contermos mais lugares cavos
Onde se ponha um castigo.
Somos só a superfície riscada
E nem retos somos, remotos
Gritos de despedidas
Em cada ponto que passe
A saudade líquida.
NADA
Eu, que por traz de tudo
Ando com nada nas minhas mãos.
Eu que por ser mensageiro de coisas boas
Hoje entregarei nada das minhas mãos.
O tempo todo estive contendo tudo nas cercanias
Acenando a ninguém para compartilhar o meu nada
Tantos gritos de aflição
Lancei no sentido errado
Quando o destino seria mesmo eu.
Eu, que por dentro de tudo
Não caibo nem o meu nada comporta
Sacudo os braços e a esfinge tatuada
Insiste em ser a minha companhia
Quando eu volvo para o presente
Com o desejo ardente de que seja
As minhas partes tiradas
Disseminada todas aos olhos especiosos
Que não se fincam no luar
O que serviria como um alento
Muitos momentos de graça.
Eu que mesmo remoto me movo
Para a direção onde estão os sonhos de todos
Querendo o meu para um remédio
Para uma dor
Para sarar
A chaga aberta que cabe nada.
MINHA ALDEIA
Aldeia conquistada, da minha saudade!
Pedaço, quase nada de terra, e nenhum herói.
Não foi necessária a força, o cerco embaçador
Para se tornar terras de ouros.
Porque num abalançamento que fiz
Nada é tão belo e não
Como este lugar suspenso
Por dentro dos meus braços.
Aldeia que por meus olhos seletivos em séries
Identificadores dos reais caminhos
Que hoje não se sabe
E daqueles que são convites a que eu não vá
Que darão em outros fundos que não conheço
Mas que me têm recomendado
Numa escultura de bronze,
Já na entrada da aventura
Que também é saída dos que não visitam
Suas instalações seus primórdios
E saem em retirada pisando o contrário
Que não era previsto quando
Eu demarquei a tua face estrema
Tuas vias tornas que dão a ver quase todas as casas
Província, porque os teus conquistadores
Em nada te recuperaram
Não tiraram nem colocaram sequer um adobe.
Há uma razão para eu ter sempre saudade de ti
Que alguém arrebatou por acharem que ela
Era mesmo o lugar que conscientemente de
Seus elevados se tinha a vista do restante do céu.
" Me lembro de quando você dizia que me amava, e que ficaria comigo para sempre. Engraçado, cadê você agora?
Palavras não me derrubam. Mas se for me derrubar, que derrubem hoje, para que amanhã eu não caia outra vez.
"Gostamos tanto das crianças e dos cachorros, pois toda palavra sempre é a primeira, e nunca é tomada com indiferença ou como uma inverdade. Neste momento nos tornamos semelhantes, puros e felizes em sermos reais por um instante..."
Feliz Ano Bom
Quero praia, sol mar,
Natureza, cachoeira, banho gelado.
Quero loucura de um trânsito chato, cansaço, esgotamento, descanso.
Quero música tocando no rádio, uma vitrola, alguns discos.
Quero amigos por perto, um novo amor descoberto...Amar, amar e amar...
Quero amor fraterno, amor conexo, amor desconexo,
Confusão de sentimentos (sim, é bom!), clarear de idéias numa tarde qualquer.
Quero aulas de danças, um novo idioma, uma bússulo, um binóculo,
Aventura certeira, viagens sem programar, som do piano, gaita, violino, ballet, guittara, contra baixo,coral, tango, jazz, blues, mpb e a tão sonhada Ópera!
Quero estudar, aprender, estudar, aprender e, quem sabe, ensinar.
Quero Deus ao meu lado, lágrimas colhidas pelo trono, sorrisos de gratidão lançados.
Quero trabalho! Expectativa, projetos, desafios, conquistas,
Sentimentos de missão cumprida, novos horizontes, caminhos abertos...um adeus!
Quero no fim dizer: Valeu a pena, que venha o próximo ano!
Não ignore quem realmente você é...
pois você pode perder sua verdadeira indentidade,
seja o quer quer ser... não finja ser.
É necessário nessa vida dura que o sonho não se apague
Cabeça firme pé no chão isso sim já é milagre
Acorda cedo dorme tarde, c já sabe o que te abate
Chefe chato, trampo duro e um bando de covarde
Olhe a frente, queira mais, deixe pra trás o que te trai
Só assim verá a o amanhecer e o tempo que te invade
Arsenal de guerra pra mim é informação
E quem fala que ´não sabe’ pra mim já é cuzão!
No mundo atual é rato comendo rato
Ter amigos de verdade, isso sim é um barato
Ajude o próximo, seja mais que pra mim já basta
Do que vestir uma roupa nova mas cheia de traça
Pra fazer rap não precisei vir da favela
Pois ideia boa vem do cranio e não da viela
Atitude humildade sereninade
Vida longa aos bons, esquecimento aos covardes.
A voz é de um guerreiro e o flow me faz voar
Pra bem distante desssa treva que quer me levar
Bem na calada da noite sempre alguém pra puxar
Pra levar, pra te induzir pra te sugar
CURTA AUSÊNCIA
Ainda não passou o curto tempo
E eu já te busco pelos lugares
Com o que há de nós
O que guardamos
Nossos mantimentos
Do bem sonhar da alegria.
E não é do amor
Que semprfe sintom, agora
Quando não miro os teus olhos
Quando me vejo também nesta estória
O amor é só por ti,
São por ti todos os gestos que voltam agora
Mais demorados e cheios de agonia.
Sei da temperatura dos teus olhos
Do custo alto desta prematura lembrança.
O tempo ainda não é presente
E eu já mordo o meu lábio
Querendo tornar-me tu
Ou que sinto por ti, para ser grande
O amor, que, é, e tu me amas.
A confusão que o meu coração tenta desemaranhar
Quem saiu fostes tu
Ou terá sido eu?
Isto gera uma situação de desordem
Criada por nossas ausências,
Quando não é tempo para
Nada julgarmos
Neste andamento que ainda te vejo e mal saístes
Tenho todas as visões no tumulto de ir e vir.
A temperatura do teu lábio
Reticencioso ainda por me provocar
Antes de me abraçar com intensidade
Abocanhado pelo teu corpo
Só isto, só isto, nada mais
Nada, além disto, sou capaz.
CAROCHINHA
Quando eu era bem menino
Gostava de ouvir estórias da carochinha
De não bater pestanas,
Engraçado, como a vida se protege
Como o tempo passa
Por tantos temerosos
À vezes chegam a marcar a alma.
O medo é companhia dos animais
Quem não tem medo
Fica sem comer
E sem dizer palavra alguma.
Apenas os meninos
Por um período muito curto
Enfrentam o medo.
E renegam sua companhia,
Por que morrem de medo
E se protegem no adulto
Fitando os seus olhos e catando gestos
Preparado para correr
Se o adulto se movimenta.
Quando somos meninos mesmo
Temos medo das estórias
E não tememos a carochinha
Hoje pretendo contar
Os pousos dos animais
Ver suas peles e penas multicores
A deduzir que tenho o mesmo medo
Das estórias da carochinha!
DIA E NOITE
Passei a ter medo da noite
Não de noite
Quando não vemos os ameaçadores do dia
Quando a gente ver o que é daquele dia
Com mais acepção e precisão.
E se previne a noite
E pensamos com a luz do sol, no dia
Que não tem nada a ver com a noite
De noite temos as sombras dos sustos
E por ser igual às noite, das sombras
Nada podemos ver, na noite.
No dia o que não queremos ver
Somos forçados também a conviver
E as orações que cantamos de dia
Parece não terem o mesmo sentido
Quando o fazemos no lusco-fusco.
Resguardo-me com o meu coração de adivinho
Que a noite é um destino
E é cabido limpar os seus caminhos
Que se escondem destras das árvores
Que gritam ao mesmo tempo
Que a onça grita
De dor, parindo
De amor, que é ameaçador,
