Ruth Rocha Amor
UM DIA, DOIS DIAS
Um dia sonhamos ser
Outro dia queremos nascer
Romper a cortina que dá para o mundo
Um dia queremos ter
Um leito e um amor que vigie
Um dia queremos cifrar
A música de nosso afeto
No pentagrama que não sabemos ler.
Outro dia queremos ser astronautas
E voar muito além da lua
E nos precipitar na descida leve
Um dia sonharemos ricos
Carregados sob os ombros de outros
No comboio de desconhecidos.
Um dia aspiramos ouro em pó
Em outros dias espirramos cristais líquidos.
E nos entregamos à fraude da manipulação das horas.
Um dia sonhamos num país abastecido
Outros dias reconhecemos que nada disso
Nos interessa, que só tem valor o sonho.
Um dia queremos a passividade
E nos dispomos a não tocar em nada
Porque nada é nosso
E não podemos guardar.
Um dia, um dia, dois dias.
Dia de chuva, dia de sol
Dia de não se ver o arrebol.
E entendemos a nossa voz bemol.
SAIR DE VENETA
Sair, só por sair
Não é da noção de nenhum mundo
O que farejo aqui tem o cheiro de lá
Por em prova a minha cabeça
Temo perde-la e não mais encontrar.
Sair com a convicção da ponta da estrada
Me fortalece, a minha vida ter a noção
Do que distribuem por lá
Se não estão em litígios os outros de lá
E venham a me confundir com seus desafetos
E eu não levo nenhuma arma
Nem empunho a armadura
Que me preservem dos dias.
Sair só por querer
Não releva o meu nascimento distante
E ninguém me conhece por aqui
Sugar do tempo esta revelação
Me foi doída e de nada serviu
Porque eu sou a própria imagem
De todos os dias que levo
Do que tentei e não consegui
Não para mim, nem para os outros
Comboios o que me levas
Deixas o meu nome, no livro dos sumidos
Não leva a minha razão nem os meus olhos
Não cabe nos teus surrões
Ima parte dos meus sonhos
Sair só por sair,
Sem sentir, melhor ficar por aqui.
O RIO
O rio corre calmamente
Sobre o seu leito quente e macio
Cada conversão é um dia contado
Outros dias serão de folhas mortas
E escoras de cercas antigas.
Que o rio toma como alimento.
Teme o seu mergulho no mar
Mas pondera que ele não há.
E vai levando horas no seu leito
Dias boiando rumo à distância.
Compartilhadas com o sol
Que dele se nutre e o acompanha
A qualquer recanto, sob qualquer tempestade
A noite, o rio corre sozinho
E se esparge em leques na tolerância do mar
Que definitivo será sua ida, sem fim
Ora doce, ora salgado.
Ora fumante, ora tragado.
O rio conta a nossa existência
Pelos marcos nas encosta
Que se somem quando se enche
E aparece, se vai secando.
E o rio não tem fim
Caminha empurrado por ele
Pelas ribeiras tocada a remo
Assim é que o mundo vai passado
Assim se faz o extremo da minha saudade.
A MINHA HERANÇA
Acabado aqui o protocolo de saber a vida
Já serei outro
Mais astuto, mais bem humorado
E guardando sonhos para o presente.
Despachado a última assinatura
Vou ter o consentimento
De chamar o mundo “meu”.
E me porei de pé e proclamarei
A minha posse sobre os alqueires
Que me tocaram das heranças minhas.
Não tendo nada de urgente pra fazer
Indagarei algo que eu possa destruir
Com a minha artilharia
Num compulsivo choro de júbilo.
Terei o que fazer e não me farei de obsecrado.
Erguerei a enxada como uma espada
Acompanhada para a rumo aos artilheiros
E aí cercarei, e ararei o meu rancho.
E depois plantarei sementes prenhes
Que repousam deste o ano passado.
Se ocupadas todas as cadeiras da vista boa
Eu ocuparei o lugar atrás da coluna
E se acaso o relato da sentença for anunciado,
Já estarei preparado para trabalhar em silêncio.
PÁSSARO
Existe dentro de mim um pássaro
De caráter improvisado
De cor esverdeado, e outra tonalidade alheia
Quando emudece a precaver minhas fronteiras
Neste tempo de voz calada
Não tem canto, nem tem encanto.
Eu já gosto do caráter repentino
Porque quando quer me agradar
Ele canta as minhas infâncias
E me leva a ver outro mundo que já tive.
Do qual eu era donatário, de papel passado.
Quando eu era criança o mundo
Era do tamanho do meu quintal
E tinha quatro fronteiras
Dos limites ardilosos que me espremiam.
O pássaro cantava e me agradava
Já fui protegido por pessoas sensatas e alegres
Risonhos e de conversa boa.
Hoje se avisto um pássaro
Num oitão de uma casa velha
Cantando na minha espera
Eu fico a vislumbrar o seu canto
Observando se ele tem as penas esverdeadas.
O pássaro porém, não lembra
Que já morou no meu coração
De que já foi meu um dia
Que por ser o meu, por meu desatino
Ele pegava vôo mais alto
Que tudo, adiante, mais que as nuvens
Aquele pássaro já foi meu
Hoje adulto é das alturas.
O ÚLTIMO ENDEREÇO
Outros beberão os nossos sonhos
E farão isso ainda quando sonhamos
Os devaneadores do mundo
Deixarão papéis com algoritmos
De mapas de tesouros fincados aonde?
Os outros de depois
E escavarão o mundo todo
Colhendo o que não amanham
Distante se chamarão do nosso nome
Legados para parentes, principalmente
E isto não nos perpetua
Porque o mundo e o tempo
Coligados desde o começo
Tratarão de derrubar
O entusiasmo dos outros
E lembrarão do esquecimento de nós
E não terá mais sentido
Nem pela noite nem pelo dia
Lembrar-nos pelo que deixamos
Nem como eram nosso nome
Não erguerão, os outros, os olhos
Pra nos lembrarem mesmo
Se deixamos nossa assinatura
No vão da parede que sustentam a casa
E a casa, pelas pequenas intervenções de agora
Já será deles, como invadiram
Os filhos dos meus filhos
Nos terão esquecido
Mesmo que utilizem nossos nomes
Repetidas vezes, a cada geração.
Nem os nossos retratos amarelos
Farão com que alguém nos lembre.
Mas haverá, menos de um dia
Em que lembrarão de nós encobertos
Por várias cortinas, totalmente esquecidos
E este pedaço de dia será
Do dia que em que precisem urgentemente
Da casa que fizeram para nós.
O único, o último endereço
E nós os acolheremos por ser mistério
Estas fazes de Deus.
PLANO DE VOO
No plano alucinado
Já no degrau maior
Estrelas se enroscam em mim
E eu tomo conta delas.
São jorge é uma ilusão.
Não acreditem que São Jorge
É um guardião da lua
Quem poderia fazer mal a lua
Uma mulher solitária que só vê seus filhos
Não acreditem em São Jorge.
O homem por sua conta
Criou os dogmas, as ilusões, os mistérios
E por todas as naus
Que singram o luar disperso
Não nos trazem informações sobre
O que se preferimos ver com nossos próprios olhos
Porque o encanto se demudaria um quebranto
E as infinitas entradas trancadas
Por rendas de sedas e ornados
Se concretizariam tais as madeiras
Das portas de nossas casas.
No plano dos sonhos tudo acontece
Da forma que ninguém fale
Aqui os mistérios são tratados como mistérios
E não nos entrançamos com estrelas
Nem damos de comer à lua
E a chamamos bonitas
Porque não vive entre nós
E a distância de nós a ela
É motivo de pesquisa da NASA.
Ser mãe , não sei como traduzir ser mãe ! Não me imaginava sendo mãe apesar de sempre amar crianças . Mas de repente , puff ! Virei mãe , e tudo mudou , mudou o corpo , mudou a mente , mudou o tempo , mudou a liberdade . Mas o que mais mudou foi o amor que recebi , amor verdadeiro , amor em toda sua proporção . Me senti amada e especial , útil e essencial . De todas as decisões a de me tornar mãe foi a única que fez sentido , foi a única que me tornou mais flexível e a única que me fez agir com precaução . Esse dia das mães eu quero dizer a minha mãe que hoje entendo o quanto nós mães nos sacrificamos por nossos filhos , o quanto temos que engolir sapos e o quanto as palavras de repreensão tinham sentido . Eu tenho plena certeza de que nada que eu me tornasse me faria tão completa e tão segura quanto ser mãe . De todas as minhas certezas a mais firme é de que estou exercendo meu papel de mãe mais que perfeitamente , dedico meu tempo á eles , meu carinho e amor . Sem vocês eu não teria dia das mães , ia viver comemorando carnaval eternamente , mas carnaval não tem amor , carnaval não tem carinho e carnaval não vale a pena ! Muito obrigado pela oportunidade Senhor de ser mamãe desses dois amores , lindos , amados e saudáveis . Davi e Sara , amo vocês infinitamente !
A senhora do mistério
Reverenciando a morte,
passando por quedas de equilíbrio
onde a fala não é ouvida,
mas sim...
sentida.
Traço por linhas e versos minha vida,
vida a qual
escorre como a água em meu corpo
passando por cada parte do que sou.
As vezes
fico assustado de ver a velocidade da vida,
ou talvez...
fico feliz,,
aguardando e reverenciando
a senhora do mistério....a morte
onde não sei se quero beijá-la ou afastá-la de mim.
"É de grande nobreza o homem que se reinventa diariamente admitindo suas fragilidades ... e com generosidade, ainda se dispõe a compartilhar seus erros e acertos a alguém que queira aprender."
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