Ruth Rocha Amor

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E chegou tão simples
Numa manjedoura, num leito de feno
Mas era o mais bonitos
E todos O olhavam, como a um Deus supremo

Inserida por naenorocha

Eis aí o meu servo
A quem eu amparo por todo caminho
Sobre Ele eu faço repousar meu braço
Todo o meu carinho.

Inserida por naenorocha

CARTA

Um dos meus desejos mais ardentes
Sempre foi o de sair deste lugar
Minha primeira ambição foi ser
Um militar do exercito brasileiro
Sempre os julguei importantes demais
E trabalhadores eventuais.
Porém eu não era do tipo certo
Que recebiam ordens e a executava
E o mais complicado de tudo,
Sou o tipo miúdo, a que se serve quase a nada
E ainda com uma forte tendência a me perder
Nos meus devaneios de poeta.

Inserida por naenorocha

ENTREGADOR

Eu gosto de tudo o que gostas
E tenho repulsa a tudo do que te afastas
Adoro o teu silêncio e a tua fala
Gosto do teu jeito de andar e do teu deitado.
Amo o teu corpo esguio
Tenho amor ao espírito que te guia
Gosto do mar porque nele te banhas
Adoro as roupas que tu vestes
Teus vestidos de cetim. Amo, e choro
Amo os teus filhos, porque saíram de ti.
Cuido dos meus braços, porque te abraçam
Gosto de todos que gostam de ti.
Gosto de Deus, porque foi Ele quem te fez.
naeno*

Inserida por naenorocha

CANTO

Alguém cantando é como estar falando
Ao mundo inteiro por um sopro penetrante.
Sua voz se espalha, harmoniosamente,
Como uma bruma a cobrir a natureza
Deslizando na pauta serena
Na versão melódica de suas palavras.
Um jeito que, quando se comanda,
Do modo usual, de palavras, não se ouve assim.
Cantar é uma versão da fala, a de encantar.
Quem canta quer se ouvir chorando e rindo,
Não espelha seus gestos, a sua boca, não cita
Palavras comuns.
É como se outra língua pronunciasse,
A letra que se pusesse o canto, e se molhasse o pranto,
Gota a gota, palavra a palavra, gesto a gesto.
Porque é o tom e o som que as palavras ditas emitem.
Quem canta, mostra o coração, uma caixa ressonante,
E não é só a boca que externa palavras que podiam ser ternas,
Que em sinais se transformassem.

Rezo a que todos cantem, que em vez da fala seca,
Palavras com as mesmas letras tenham esse soar ameno,
O canto, a oração que a alma faz, no seu melhor:
Furando ondas de obstáculos à palavra,
E mais direto a Deus, sua presença se faça chegar.
Cantar não é um dom que só alguns têm,
Como falar.
É comum também ser melodia, todas as letras,
É algo possível, e dado a qualquer um fazer.
Quando as pessoas descobrirem,
Que o canto, diferente da fala e gesticulações vãs,
É o dom natural dos passarinhos
O mundo seria um coral sem fim, um louvor, assim
Como fazem os anjos reunidos em todo entardecer

Inserida por naenorocha

CONTIGO

Qualquer dia, qualquer,
Que seja coberto de nuvem,
Ou que o sol se alastre na terra,
Ai, amor, contigo eu gosto.

Qualquer pranto, qualquer,
Que seja gerado em teus olhos,
Por esta paixão que se vê,
Ai, amor, a vida entorna.

Como ficam lúbricos,
Meus olhos quando te vêem,
Quero chorar mais ainda,
Quero chorar, vida inteira.

Como são de vida,
Sinais que vem dos teus olhos,
Hei de viver muito ainda,
O amor de Rosane, me consola.
naeno

Inserida por naenorocha

E vou morrer berrando
Urrando pela boca das palavras.

Inserida por naenorocha

Alguém cantando é como estar falando
Ao mundo inteiro por um sopro penetrante.
Sua voz se espalha, harmoniosamente,
Como uma bruma a cobrir a natureza
Deslizando na pauta serena
Na versão melódica de suas palavras.

Inserida por naenorocha

O tempo empurra com sua frente larga,
Do meu pé não deixa,
Minha vida não larga.

Inserida por naenorocha

Por aqui o frio me faz lembrar que a solidão me abraça

Inserida por nilypopy

Eu dei pra contar o tempo, pra sonhar com o vento que o teu cheiro traz.

Inserida por naenorocha

Se alguém quizer me ver chorar
Fale o seu nome uma vez
E me recorde aquele tempo amargo
O grande mal que você fez.

Inserida por naenorocha

PICASSO

Quem observa a invenção de Picasso
Ver linhas, curvas, traços, compasso.
Sente a ligadura de pontos, a largura
Do corpo desproporcional e ver algo
Incomum na terra, uma paz desenhada.
Ele como que escancara o consciente
Mostrando à vista o inconsciente
Pelos homens tão temidos, uma aquarela.
Quem ler Picasso ver a genialidade
Comum dos escolhidos e sente a dimensão farta
Do juízo agoniado pela maldade.
A idade da razão soterrada no alvoroço
Ou a comoção manifesta ao coração,
Como se não fosse ele, mas dele toda a razão.
Quem determina o caminho
Por onde se esvai os pincéis, é Picasso
E por se saber, foi o que foi, é o que é
Um gênio que ainda não foi enterrado
Posto que ainda não morreu
E certamente nunca morrerá.

naenorocha

Inserida por naenorocha

NUDEZ

Belo o teu corpo absoluto, nu.
O que não te revelas, despida,
Vê-se forma a beleza mais nítida,
A cor do teu olhar, de extremo azul.
Linda quando andas displicente,
Sem perceber que no teu redor,
Choram por ti, todos os olhos cheios deste pó.
Um alucinante vestígio que escapa,
Como uma réstia de luz no telhado,
És assim, a gota, o tudo que faltava,
A transbordar as taças dos embriagados.

Belo este teu corpo sólido, imenso,
Em consistência e beleza cândida,
Que nem a lua num fogaréu de incensos,
Se tem mostrado, com o apelo, lânguida,
Fosse eu teu um protetor de luz,
Me postava em riste, em tuas posições,
Sombreando a pele, que a mim seduz,
E te revelando tudo, todas as emoções.
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naenorocha*comreservasdedomínio

Inserida por naenorocha

LUZ

Que mulher é essa
Que chega trazendo o dia,
Acomodado em seu regaço,
Todos os sonhos malogrados,
E sem mostrar nenhum apego, no solo enfia
Como a pouco tivera um parto sangrento,
Desses indesejáveis, pesadelos,
Que não lhe deu tempo
De tomar nos braços o alijado rebento,
Trouxe-o para fora, e límpida,
O expôs à aurora.

Que mulher é essa
Que cuida de todos os sonhos,
Que se predestinou dar o melhor de si a nós,
Poucos merecedores, do tanto que somos rasos,
E por mais vezes agimos como um ser ignóbil,
Assim, por bondade não vê, que somos pele
Do mesmo tanto que somos carne
Desprovidos de coração.
O tempo que Ela presenciou, tempo que era,
De indumentárias de santos e sem ação,
Que justificasse o transtorno ao amor dela.
Que mulher é essa
Que traz nos braços o alvor
E semeia no tempo, a que as almas se vejam
A que os homens não errem os caminhos agora,
E não tropocem, a cair, sobre seus erros próprios.

Inserida por naenorocha

DESAFORTUNADO

Eu conheci a casa de um desafortunado
Nela vivi quase toda minha vida,
Apanhei gravetos para os invernados,
Puxei gavetas e guardei retratos,
Um arquivo morto de mim retirado.
Eu andei por dentro da casa cumeada
Tropecei pelos atalhos, cadafalsos
Troquei uma vida, que me dera, inventada
Por uma que eu vi de perto, andando enfalço.
Fui o primeiro desordeiro do motim.
Não tive nunca uma gota de raiva,
E foi assim, andando dentro e fora dos pântanos
Que hoje dou graças à sorte fora de mim.
A imaculada virgem, mãe da Conceição
O meu amparo, de quem mais eu vi nos olhos,
A minha amada, o tempo todo cortando a rota
Dos desamados, sempre me trouxe por sua mão.
Fiz pisoteio até o cultivo dos desgarrados,
E vi a festa da colheita das formigas,
E disso eu disse, com o coração e alma aflitos,
Não me descanso, mesmo quando estou sentado.
E da lavoura que os cupinzeiros demarcavam,
Umas espigas de milho bem debulhadas,
Pus o sabugo como mastro da bravata,
E lutei só, com Conceição, nela amparado.
Olha-me Deus, no que escrevi,
Eu relatei a minha vida e Vos traí,
Era um segredo até à outra por vir,
Até cansar, e cansado, aqui cair.

Inserida por naenorocha

ACASO

Acabo de gritar que te amo
E te desvendastes uma montanha vazada
Passaram-se minhas intenções, quietas
Meus malogrados gestos de amor.
Ainda balançam as folhas
Essas me amam!
Do teu desprezo não tiro nada
Nem acresço, por não dispor
De um pingo sequer, a por no olho
Para que não vejas minha choradeira
Voltando a nascente as ilusões desfeitas.
E fica cheio meu coração novamente
Um coletivo de vexados passageiros.

Acabo de falar para o silêncio
Que calado assim te amo
E a resposta que eu tento
Não sai, não se concebe
E mais real fica a ilusão
Do teu corpo formado de nuvens
Singrando o céu inatingível.
Procuro por Deus e Ele, calmo
Responde-me, fincando na minha alma
Que o amor é meu, que o amor sou é eu.

Inserida por naenorocha

AMANDO

Ontem as vinte e duas horas e quarenta minutos
Horário oficial de Brasília
Eu estava ardendo em febre, suando.
E na tiragem dos meus ais contados
Uns vinte e tantos mil, falei, lagrimei
Aos teus ouvidos.
E de febril, o meu remédio
Tomei por tantas horas, em tantos goles
Até me embriagar e cair sobre o teu corpo.
Amando-te libertino, suei
A febre não passava
Passavam-se tempos recorrentes
Já pela madrugada, ainda eu te desejava.
E pela manhã, eu te ordenhava
À hora da voz do Brasil
Em meu delírio, uma poldra branca
De crinas alvas e esvoaçantes
Carregava-me sobre seu dorso.
E eu galopei por mais dez horas
Sobre um leito de areia fina.
E nas esquinas por onde andei
Espantava-me o medo, de cair
Por tua cabeça,
Quando te inclinavas a me beijar
Fazendo. Aproximadamente
Um tempo impreciso, imenso
Sem que o espólio se cruzasse.
Eu seguro na tua crina
E nos meus flancos te segurando

Inserida por naenorocha

MEUS OLHOS

Meus olhos não dão conta de vêem
O tanto de silêncio ajuntado
Encima de tudo, camada espessa,
Massa profunda, cheiro sem cor.
Meus olhos não cabem a visão
Dos teus, simulação de vertigem,
Porta fechada, desabrigo,
Corda fornalha, os meus tição.
E não dão conta da claridade
Luz de eletricidade,
Sem tamanho.
Nem choram o tanto dos teus,
Lembrança que me faz tentar,
Um choro, um pingo... Não sai.
Meus olhos não são do mesmo tamanho
Da solidão, sol a pino,
Quando de um galho de cima
Um passarinho me lembra
A calma do teu amor,
A lentidão do teu beijo,
O interesse regressivo,
Por ti, que já contei em resposta.
Por mais que eu abra os meus olhos
Tentando a visão do que sei,
Envolto em mim, passeia e queda,
Não, em altura, em largura
Em comprimento e fundo,
Eles decifram a visão do mundo compacto,
Que minha vida é.
Um alqueire, talvez menor,
Uma testada, talvez, menor,
A casa dos anões, talvez menor,
Mesmo em sendo, meus olhos,
Ainda são muito menores.

Inserida por naenorocha

OLHO PRA TI

Olho tudo em ti, todo o teu corpo
E me revelam uma limpeza
Que fizeram no céu.
Estrelas em devaneios, tontas
Que caíram e te pontilharam de sinais
Os quais poderia alcançar, até por minhas mãos
Tua nudez não mostra tua displicência
Ou um sono de noite.
Há nuvens que te cobrem
E um branco espesso
Em que às vezes me afundam
Ao palmilhar o tamanho
Da mais bonita visão desses tempos.
Tua boca aberta, não me deixa certo
De que meu nome tu pronuncias
Ou se tu te comunicas com o teu feitor.
Tu não és invenção, nem criação
De um quadro onde o artista
Aspergiu água em vez de fazê-la
Olho pra tanta beleza e não te sinto indiferente
Então não és o mistério que busco
Quando já estou muito perto do sol
E perigosamente me exponho
Para admirar, mais confuso ainda
A tua beleza difusa em perfeição.
Propositadamente deitastes
Na cama onde durmo,
Do meu lado de costume.
Mas só te faço alvo dos meus olhos
Não buscaria mais que isso,
Fosses tua beleza estampada só pra mim.

Inserida por naenorocha