Ruth Rocha Amor
Quero pecar sempre pelo excesso, nunca pela inércia,
De pequena basta a vida,
Que nunca é maior que nossos sonhos.
Por acaso lembras daquele dia inverso
Em que te amei por instantes devagar
Não buscava somente amar pelo amor
Mas durar o tempo como os astos no deserto.
Me aprofundavas com o teu jeito lutador
Tuas mãos tateavam o chão de grama
Protegidos das estrelas sem pudor
Me amavas como forte sempre me amas.
Nunca esqueci de tudo o que me dissestes
Ante a maior luz que imperava altiva
A lua a amante dos desertos dos poetas
Não tivestes cerimônia com o teu olhar cativo
Nos saímos já com o primeiro sol
E agora minha eu te contemplava inteira
O teu batom saíra de tua boca e agora
Ficaram os meus pintados de aurora.
Tenho ainda aberto em minha reminiscência
O tempo contado em todos os dialetos
Por que por todo o mundo não vi clemência
De me lembrarem mais de ti o meu afeto.
MUDANÇA
Se acaso, abstrato até do que tenho sonhado
Ainda estou neste mundo só comigo
E, sincero ao que já não serve nada
Pelo mesmo caminho, quase à metado sigo.
Domina em mim desfeito o que já contei
Como meus sonhos aberto que falava
E muito pouco daquilo que provei
O amargo e o doce do acordo programado.
Aí me solto, abro as mãos e tudo largo
E conto o tempo, nutro a minha aparência
E me confundo se fora tudo sonhado
Ou de verdades que me dói a consciência.
Se em outros lugares a vida teme aportar
E de pequena, se fazendo, triste dormir
Se por encanto a lua e o sol ficam a desenhar
As mesmas dores, esperanças pressenti.
A NOITE
A noite tem um brilho fosco e nada pensa
Não reflete em tela que se vê
E as suas impressões digitais
Estão no céu bordado por estrelas
E de estrelas é o olhar da noite
Quando comunga com todos a vela acesa
E se expõe e a gente teme, se treme.
Quando enxergamos os contornos da noite
E já são os seus cobertores minguando.
A noite de um olhar minucioso
Em tudo capricha
Pinta da cor negrume o mundo inteiro, num segundo
E em um terço fica nem claro nem escuro
Nem o seguro no escuro é um desconforto ver
Porque em tudo se divisa nada.
A noite tem o poder de enlarquecer-se
De ninguém encontrá-la
E não cuida do seu tempo passado
Às vezes manso e de cordialidades.
De mãos vazias para se por o anel
A noite não teve infância e nem cresceu
Se construiu já grande e circunspeto
Um desapontamento órfão
Uma aventura difícil de se terminar
E nós vamos e ela ficará.
Na roda gigante marcada no chão
O único brinquedo que ela não quebrou.
Se o seu padrão de comportamento está focado somente para os seus interesses pessoais, tem algo errado com você. Está na hora de fazer uma auto-análise.
REFLEXO
O rio às vezes mergulha
Nos teus olhos insaciáveis.
Queres o mar e outras conquistas
O que distingues com o teu olhar
Acedidos nas nuvens precipitadas.
O que tem pra ti no que distingues
Que não haja em mim
Todo refeito?
Meu amor revolve o meu amor
Ao teu coração mais uma vez
Por que mais sofro
Vendo os teus olhos assim
Abismados por outra coisa
Que não sejam os meus.
Eu tantas vezes procuro
O teu olhar perdido
Nas matas ribeirinhas
E lavo e me ponho com o sol
Na desistência do dia
Na enfermidade do arrebol.
Passas agoniada com teu frio
Da ausência de mim a me desfazer
E eu bem que sei ser cobertor
Meu amor volves o teu olhar pra mim
A descrença com que olhas o nada
Descrito entre mim e o cais do rio.
Que sejas teu o semblante do mundo
E que tu o guardes em teus olhos mudos
Porém abranges nesta área oca
Eu que te aceno, eu que te cerco
Eu que sou água e quero ser um inclinado
Para refletir o teu olhar tão lindo.
Hoje fiquei pensando um pouco na vida...
Lembrei das batalhas perdidas... das Guerras vencidas...
Lembrei de voce...
Lembrei de mim...
Lembrei de tudo que poderia ter acontecido
Lembrei de tudo que não aconteceu...
De tudo que voce me disse...
De tudo que eu não disse...
Antes de tudo eu era apenas um garoto
Depois de tudo me tornei um homem
Você me fez crescer....
Você me fez aprender...
Por você eu cai....
Por você eu levantei....
Por tudo que eu senti por você...
Por tudo que você me fez apredender...
Eu deixo todo esse amor de lado...
So pra ver você voar...
so pra ver você fugir de algo que poderia ser bom...
O tempo não passa em vão, ele traz aprendizado e deixa conhecimento, crescimento, experiência e maturidade..
Normalmente quando as pessoas estão próximas não lhes damos o valor merecido, a importância delas somente é sentida quando se vão definitivamente.
UMA IDA UMA VOLTA
Buscamos um começo
Para tudo
E nos envolvemos mais
Com esses retornos
Que esquecemos o presente embrulhado
Posto debaixo da cama
Como um despertador de guizo
Que se dispara a cada volta ou a cada retorno
Tanto a volta como o retorno
Podem ser na ida para o começo
E o começo é perigoso tal como é o retorno
O retorno pode ser a ida
Como pode ser a volta.
E neste vai e vem cumulativo
Vemos as mesmas coisas que já vimos
E sentimos tudo o que á choramos.
Não é bom pretexto para rebuscar a si próprio
Não, por que há engano em tudo
E em tudo o tempo tem mexido.
Eu não posso chegar no meu começo
Usando as roupas que estou vestindo
Pois já é uma ofensa à trança da vida
O que aprendemos está incluso em nós
Portanto quando vamos ou voltamos
Não somos aceitos em mais nenhum lugar
Do mundo, que deixamos de cabeça para cima
É tal a confusão que fazemos
E por nossa própria inteligência
Saberemos mais cedo ou tarde
Que negligenciamos ao não vivermos
Cativos aos muitos presentes
Nem nos perpetuamos seguindo-o
Tanto que estamos soltos
No livre fazer, na relação
De tudo o que somos do que fomos.
AO OCASO À AURORA
Num abstrato sol que eu estranho
Reside a luz que emana de ti
E que me absorto por jatos de cores
Na temperatura dos teus olhos
Que se deslumbram.
Os homens preferem as noites densas
Por sobre a lua
E elas não são deles
Nem queima
Nem se origina de uma força eletromotriz
A luz avermelhada do sol
Destaca o fogo das caatingas
O maldizer de quem se amedronta e conta as horas
Face da lua toda branca e reticente
Em fases se distrai e passa
Do horizonte dividido em pedaços de estrada.
O sol tem uma estação na mesma posição
E como a velha locomotiva
Não se cansa e precisa de mais gravetos
E quem lhe alimente em sua fome voraz.
A lua renasce em partes por vezes se arremete
À terra por discos voadores.
E nós voamos também além horizontes
No dia pela amarelidão da luz
À noite pelo foco brando do luar.
PRESENÇA
È necessário que se complete a saudade.
A ansiedade de perder e deixar
Ainda é uma esperança para o que esperamos
Se somos aliados do amor e dele nos nutrimos
Num frêmito negrume do teu olhar enciumado.
E temos tudo que possa chamar a saudade sentimental
E não arda tanto, não mexa nosso coração.
A saudade é uma espera aberta
Que nos ama e ama a outrem
E dorme, e acorda, e vai, e vem, conosco.
Se por acaso o amor que sentimos
For da mesma verdade de que amamos
A saudade fica como em desuso
Sem sentido.
E convém não deixarmos de lhe vigiar.
Existe o amor volátil que a gravidade imática
Que fixa no ponto do centro
Que nem a lua em mesmo o sol podem precisar.
O amor vaga além dos limites da terra e do vazio
Acima das nuvens de claras de ovo
E quando ele aporta, foi por esta desventura
De permanecer fora
Mais que o tempo disfarça.
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