Rubem Alves Saudades

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A moda é o sucesso. Um famoso conferencista anuncia com letras enormes: “O seu lugar é o pódio”. Imaginemos que assim seja. Jogos Olímpicos. Corrida de 100 metros rasos. Aí ele diz para todos: “O seu lugar é o pódio!”. Os corredores disparam. Só um deles arrebenta a fita. Nas Olimpíadas, são pouquíssimos os que vão para o pódio. Isso vale para a vida inteira. Então, alguma coisa está errada.
O mais provável é que o dito conferencista esteja mentindo para manter-se no pódio à custa da credulidade das pessoas. Quem acredita que o seu lugar é o pódio está sempre estressado, competindo, tentando passar na frente. Quem não tem pretensões ao pódio vive uma vida mais alegre. Não é preciso chegar na frente.
Mas há uma seita que anuncia como palavra de Deus: “Você está destinado ao sucesso!”. Não sei onde descobriram isto. Pelo menos o Deus cristão não promete sucesso para ninguém.
(“Ostra feliz não faz pérola”)

Ostra feliz não faz pérola.

"No paraíso não havia templos. Deus andava pelo jardim, extasiado, dizendo: 'Como é belo! Como é belo!'. A beleza é a face visível de Deus". (Em Se eu pudesse viver minha vida de novo)

Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo menos fragmentos de futuro em que a alegria é servida como sacramento, para que as crianças aprendam que o mundo pode ser diferente. Que a escola, ela mesma, seja um fragmento do futuro...

(Em "Estórias de quem gosta de ensinar: o fim dos vestibulares". Campinas/SP: Papirus Editora, 2000, p. 166. – Fonte: Templo Cultural Delfos)

"Penso que borboletas, seres alados, diáfanos e coloridos, devem ser emissários dos deuses, anjos que anunciam coisas do amor. Imaginei então que aquela borboleta era um anjo disfarçado que os deuses me enviavam com uma promessa de felicidade”.

-(em "Na companhia de Rubem Alves: livro de anotações para mulheres". Editora Best Seller ltda, 2010.)

"Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. E neste espaço o amor só sobrevive graças a algo que se chama fidelidade: a espera do regresso. De alguma forma a gota da chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora”.

(Trecho de "Onde mora o Amor", do livro 'Tempus Fugit'. São Paulo: Edições Paulus, 1990. )

No silêncio das crianças há um programa de vida: sonhos. É dos sonhos que nasce a inteligência. A inteligência é a ferramenta que o corpo usa para transformar os seus sonhos em realidade. É preciso escutar para que a inteligência desabroche.

Rubem Alves
"O Melhor de Rubem Alves". Campinas/SP: Papirus, 2012.

“A arte não suporta o efêmero. Ela é uma luta contra a morte. O encantamento não está no que se vê. Está no que se imagina”.

(Em ‘Mulher com uma vela’ – Pensamentos que penso quando não estou pensando – Editora Papirus – Página 85 – São Paulo, 2012.)

Porque amor é algo que não se tem nunca. É o vento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro”.

(em "Onde mora o Amor", do livro 'Tempus Fugit'. São Paulo: Edições Paulus, 1990.)

São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa…

Rubem Alves
Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta, 2021.

"Felicidade é precisamente isso: a coincidência daquilo que se deseja com aquilo que é".

(Em: Leandro - "Concerto para corpo e alma" – Página 111 – Editora Papirus – Campinas – São Paulo – 2012)

"Quando o meu amor luta contra o sofrimento e a morte, Deus luta também. E quando eu choro o sofrimento e a morte (...), Deus chora também. O amor dEle é infinito".

(Em "Leandro" - Extraído do livro "Concerto para corpo e alma" – Página 111 – Editora Papirus – Campinas – São Paulo – 2012)

Tristeza e comunhão Os que bebem juntos da mesma fonte de tristeza descobrem, surpresos, que a tristeza partilhada se transmuta em comunhão.

(em “ostra feliz não faz pérola )

As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.

Rubem Alves
Religião e Repressão. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

“Ensinar é um exercício de imortalidade.
De alguma forma continuamos a viver
naqueles cujos olhos aprenderam a ver
o mundo pela magia da nossa palavra.
O professor assim, não morre jamais.”
“O corpo é o lugar fantástico onde mora, adormecido, um universo inteiro…
Tudo adormecido. O que vai acordar é aquilo que a Palavra vai chamar…
As palavras são entidades mágicas, potências feiticeiras, poderes bruxos que despertam os mundos que jazem dentro dos nossos corpos, num estado de hibernação, como sonhos…
A este processo mágico pelo qual a Palavra desperta mundos adormecidos se dá o nome de educação."

Livro "A alegria de ensinar"

“... O Pensamento é uma coisa existindo na imaginação antes de ela se tornar real.
A mente é o útero. A imaginação a fecunda. Forma-se um feto: o pensamento. Ai, ele nasce...!”

“.... Devemos perdoar a nós mesmos.
Não haverá condição de perdão para o outro, senão limpar o caminho que está dentro de você. Quando você perdoa o outro e não perdoa a si pelos erros cometidos, esses se transformam em culpa e o caminho continua fechado para todas as pessoas envolvidas, principalmente para você...! ”

Não, não é verdade que o sofrimento torna melhores as pessoas. O sofrimento frequentemente embrutece, tira a sensibilidade, tira a esperança, torna cruéis as pessoas. Um Deus – ou força cósmica – que usasse o sofrimento para evolução seria muito curto de inteligência – não saberia aquilo que os homens aprenderam: que a única força capaz de fazer as pessoas ficarem melhores é o amor.

Literatura é mostrar conchinhas.

"Os que têm medo sonham. Porque tenho medo da cidade grande onde me perco eu sonho com cidade grande que posso amar. É uma utopia. Não existe. Mas não tem importância. Valéry perguntou: “Que seria de nós sem o socorro das coisas que não existem?” O que não existe socorre. Oscar Wilde, que sabia do socorro das coisas que não existem, escreveu: “Um mapa do mundo que não inclua o país da Utopia não merece nem mesmo um olhar, pois ignora o único país ao qual a Humanidade constantemente chega. E quando a Humanidade lá atraca, fica alerta, e levanta novamente as âncoras ao vislumbrar terra melhor…”."