Reflexão de Passado

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Se ela fosse mais inteligente poderia apagar o passado com palavras novas.

Clarice Lispector
O lustre. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Converta o passado em uma época ideal que nunca poderá ser comparada ao presente.

Digo que perdoo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: faz de conta que eu não sofro.

O passado seria tolerável tão-somente para quem se sentir superior a ele, ao invés de ter de admirá-lo estupidamente, sob a noção da importância atual.

A gargalhada era aterrorizadora porque acontecia no passado e só a imaginação maléfica a trazia para o presente, saudade do que poderia ter sido e não foi.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Um homem não é as roupas que veste, não é o lugar de onde veio, nem é o que fez no passado. Conceituar as pessoas pelo o que fizeram no passado é não confiar na própria evolução do indivíduo, e está claro que todos os indivíduos evoluem em suas vidas.

Eu “não resisto a uma baixaria bem brega”! Resisto sim. Tenho um passado hippie que me deixou muitas coisas boas. Estou sempre preocupado com a ética, com a beleza, com a dignidade. Sou educadíssimo, e fui criado de maneira muito católica, com toda aquela culpa de “maus” pensamentos, “mas” ações, e uma terrível nostalgia da “bondade” (como a “Alice” do Woody Allen).

Caio Fernando Abreu

Nota: Carta a Guilherme de Almeida Prado

Sinto falta do meu passado sim, mas prefiro o presente, porque hoje eu sei em quem eu podia confiar e quem nunca iria me abandonar.

Quando afirmamos que o passado foi melhor, condenamos o futuro, sem conhecê-lo.

Acho que tenho medo de não conseguir deixar que o passado seja passado, de aceitar verdades pela metade, de viver de ilusão! Eu preciso muito deixar acontecer o momento da renovação, trocar de pele, mudar de cor.

Só às vezes piso com os dois pés na terra do presente: em geral um pé resvala para o passado, outro pé resvala para o futuro. E fico sem nada.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Dispenso uma vida rotulada, humores instáveis, amor de hora marcada. Nego reviver o passado e ter maturidade quando quero colo. Discordo viver sobre desculpas e amordaçar minha tolerância. Não esfolo meu valor com o descaso. Não podo minhas asas. Não oscilo de opinião. Adorno meus medos, dores são segredos; prefiro expor o que tenho de bom. Não sou de faces, mas tenho fases. Não invento personalidade, nem crio situações. Que me achem fria; que me julguem estranha. Que se afastem os que confundirem autenticidade com estupidez. Sou o que quebra e não cola; o que brota mas também desfolha. A intensidade de uma ocasião. Perfeita, ou não.

O passado é história, o futuro é mistério, e hoje é uma dádiva. Por isso é chamado de presente!

O passado está sempre conosco, apenas esperando para bagunçar o presente.

Sim, o passado pode machucar. Mas, do modo como vejo, você pode fugir dele ou aprender com ele.

Se você quer saber como foi seu passado, olhe para quem você é hoje. Se quer saber como vai ser seu futuro, olhe para o que está fazendo hoje.

Nunca chore por passado e sim viva o presente de olho aberto para o futuro.

Em um instante tudo muda. Esquecemos o passado e vamos em direção ao desconhecido, nosso futuro. Vamos para lugares distantes para tentar nos encontrar ou tentamos nos perder explorando prazeres perto de casa. Os problemas começam quando nos recusamos a mudar e voltamos aos velhos hábitos. Mas se prender-se muito no passado, o futuro pode nunca vir.

As vezes é preciso esquecer o passado para que se tenha um futuro.

Depressão é excesso de passado em nossas mentes. Ansiedade, excesso de futuro. O momento presente é a chave para a cura de todos os males mentais.