Pensamentos Mais Recentes
Procurei o teu cheiro em outra mulher e não achei.
Busquei os teus abraços em outros braços e não encontrei.
Porque o que existe em você não se copia, não se repete, não se substitui.
Teu cheiro ficou gravado na minha memória como promessa eterna,
teu abraço virou abrigo que o mundo não sabe imitar.
Tentei seguir, tentei fingir que o tempo apaga,
mas o amor verdadeiro não aceita disfarces.
Você não é ausência — é presença que insiste,
é saudade que pulsa, é marca que o coração não permite apagar.
Enquanto outros toques passam, o teu permanece,
forte, único, insubstituível… como o amor que eu sinto por você.
ONDE A LUZ SE INFILTRA.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
“É principalmente em tuas mais profundas cicatrizes que a luz também entra.”
A afirmação não exalta a dor como virtude nem sacraliza o sofrimento como fim em si mesmo. Ela reconhece um princípio antigo da tradição moral e espiritual segundo o qual a fratura revela a verdade do ser. As cicatrizes não são apenas marcas do que feriu mas sinais do que resistiu. Nelas a consciência aprende a depurar-se, a soberba cede lugar à lucidez e o orgulho silencia diante do limite reconhecido. O que foi rompido abre frestas, e toda fresta é uma possibilidade de discernimento, pois somente o que foi atravessado pela experiência conhece o peso do real.
A luz não entra pela superfície intacta, lisa e protegida, mas pela matéria que já conheceu a noite e sobreviveu a ela. Há aí uma pedagogia severa e antiga: o humano cresce quando aceita ver-se sem ornamentos, quando consente em olhar suas falhas sem cinismo e suas quedas sem desespero. A cicatriz não é a negação da beleza; é a sua maturação ética. Onde houve rasgo nasce responsabilidade. Onde houve dor desperta-se a vigilância interior.
Assim, a luz que entra não ilumina para consolar, mas para ordenar. Ela não promete repouso fácil, mas clareza. E nessa clareza o espírito aprende que a verdadeira elevação não se dá pela ausência de feridas, mas pela dignidade com que se transforma o que sangrou em fonte de consciência, pois é nesse ponto exato que a alma, depurada, começa a erguer-se com firmeza e sentido.
Reclamou, chorou, gritou: Quanta ingratidão! Até alguém te estender a mão e o guiar para o caminho do sucesso.
Agora, protagonista, poderia ser o que estende a mão...
Na vitória, seleciona memórias.
É mais fácil ser o ingrato da história.
Nublado
Meu dia é um eco esquecido,
um novelo de sorte ao avesso.
Sinto-me um passarinho cansado,
voando por lugares que não conheço.
Nos dias nublados, penso
em um olhar que realmente me veja.
Talvez na chuva eu encontre afeto,
um silêncio gentil que me proteja.
Que o meu lençol seja meu último abraço.
Que nada mais precise de mim.
Que eu feche meus olhos,
sem jamais os abrir.
Para só assim, ter um fim.
