Quem Mexe com Ferro com Ferro Sai Ferido
O dia é como uma canção, única e especial , que ,entre palavras e melodias, nos provoca uma sensação real.
Ter o controle sobre ela é ser sobrenatural.
Ou, na verdade, estaríamos nós esquecidos do nosso poder real?
O ser humano é esquisito
Armadilha de si mesmo
Fala de amor bonito
E aponta o erro alheio
Vim ao mundo em um só corpo
Esse de um metro e sessenta
Devo a ele estar atenta
Não posso mudar o outro
Mas se eu não tiver coragem
Pra enfrentar os meus defeitos
De que forma, de que jeito
Eu vou me curar de mim?
O luto (...) não é só dor, ou só tragédia. A vida vai se reconectando aos poucos e em momentos que não são os esperados.
O ato de escrever não foi exatamente um momento de alívio ou cura – nem gosto muito dessa palavra. Mas quando eu escrevia acontecia algo ali que me conectava de novo ao mundo. Ou à minha filha. Hoje eu nem entendo como fiz isso. Eu estava completamente destruído e, mesmo assim, escrevia.
Não deu tempo de levar a Minha Filha para Paris, para as praias no Nordeste, para mergulhar em Bonito. Não deu tempo de tomar com ela um copo de cerveja e uma taça de vinho. (...) Não deu tempo de ela andar ao meu lado no banco da frente do carro. Não deu tempo de parabenizá-la por ter entrando na História, na Arquitetura, na Medicina, por ter decidido não fazer faculdade e ter largado tudo para ir morar em uma comunidade em Piracanga. (...) O que realmente me dá medo é o que não deu tempo para ela pensar em fazer comigo. Os sonhos dela. Ou ainda, o que ela nem chegou a sonhar. Esses se tornaram insondáveis. Um mundo que eu não posso acessar. Fechado no cérebro já desligado dela.
Nós também somos feitos de espaços em branco. Nosso corpo não é uma massa densa. É preciso lembrar disso. Há centenas de cavidades, buracos, esconderijos, zonas mortas, terrenos baldios. A medicina nunca procurou curar a dor dilacerante nesses não lugares da massa corpórea. As drogas não agem no vazio. Eu sinto profundamente cada um desses espaços. São abismos internos. É preciso cuidado para não se perder.
O superprotecionismo e o apego exacerbado, geram dependências capazes de destruir os melhores talentos. Uma fábrica de gênios atrofiados, que jamais brotarão.
A volatilidade sobe como um foguete e cai lentamente.
Porque a incerteza não se dissipa com uma certeza
Como flores de plástico, bonitas por fora e sem vida por dentro, muitos estão assim neste lugar.
Vivendo de ilusão, mera imitação que não levará a nenhum lugar.