Quando Sorrimos

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Quando um bêbado não é senhor de si, tem um esconderijo.

Só que quando você sabe que vale muito, você passa a não se contentar com pouco, entende?

Quando a ouviam falar, diziam: "É um policial"; Quando a viam beber, comentavam: "É um carroceiro"; Quando a viam dar ordens a Cosette, garantiam: "É um carrasco".

Quando uma pessoa anda com insónias, volta-se e torna-se a voltar na cama, à procura do fresco ombro do leito. Mas basta tocá-lo, para ele se tornar tépido e recusar-se. E ele procura noutro sítio uma fonte durável de frescura. Mas não consegue dar com ela, porque mal lhe toca a provisão esvai-se. O mesmo se passa com aquele ou com aquela que se fica no vazio dos seres. Não passam de vazios os seres que não são janelas ou frestas para Deus. É por isso que, no amor vulgar, só amas o que te foge. De outra maneira, vês-te saciado e descoroçoado com a tua satisfação.

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.

Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz.

Quando se ama de verdade
Nós não vemos a dificuldade
Acreditamos que na nossa Idade
Vale em muito nossa integridade.

Eu tenho medo do ótimo e do superlativo. Quando começa a ficar muito bom eu ou desconfio ou dou um passo para trás.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Canção de Pedroca

Quando nos apaixonamos
Poça d'água é chafariz
Ao olhar o céu de Ramos
Vê-se as luzes de Paris

No verão é uma delícia
A brisa fresca de Bangu
Mesmo um cabo de polícia
Só nos diz merci beaucoup

Eu ouço um samba de breque
Com Maurice Chevalier
Bebo com Toulouse Lautrec
No bar do Caxinguelê

Daí ninguém mais estranha
O Louvre na Praça Mauá
E o borbulhar de champanha
Num gole de guaraná

Cascadura é Rive Gauche
O Mangue é Champs Elisées
Até mesmo um bate-coxa
Faz lembrar um pas-de-deux
Purê de batata roxa
Parece marron glacé

Sabemos quem somos e o que sentimos, mas não sabemos até quando.

Quando reparo no comportamento das garotas, me pergunto: “Elas são muito atiradas, ou eu é que sou tapada demais?”.

A garota nunca entende quando um cara está a fim dela. Mas ela entende quando ele está a fim da amiga dela. É difícil de entender.

Fé: É quando a gente diz que vai escalar um Everest e o coração já o considera feito.

Por que as coisas só ficam claras quando é tarde demais?

Deixa ser, como será!
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar...

Por que garota de calendário? Não sei.Talvez porque os rapazes não consigam assoviar quando eu passo.

È muito fácil descermos quando subimos; difícil quando
descemos.

Bonito é quando a sua personalidade brilha através de sua aparência.

À beira do negro poço
debruço-me, nada alcanço
decerto perdi os olhos
que tinha quando criança.

Nossa história é dessas que a gente não sabe quando começou, mas tem certeza que nunca vai ter um fim. Porque você é dessas pessoas que me fazem esquecer o que um dia doeu. Você é dessas pessoas que me fazem acreditar no amor. Dessas pessoas lindas que faz um dia simples se tornar inesquecível.

É sempre assim que acontece – quando a gente se revela, os outros começam a nos desconhecer.

Clarice Lispector
A maçã no escuro. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

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