Quando Morremos Sorrimos
Quando a vida não der mais prazer,
Quando o sol não brilhar para você,
Quando tudo chegar a dizer não para você...
Quando uma lágrima rolar
E o seu pranto alguém escutar,
Se lhe pedirem para estender a mão, é só ir...
Eu vejo o mundo ao meu redor,
Eu olho as nuvens que passam no céu.
O tempo, como fumaça, se vai
Para não mais voltar.
Quem dera eu e você,
Uns dias destes, andando por aí,
Pudéssemos encontrar o amor
Para nos fazer feliz.
E o nosso pranto secaria,
Solidão não mais haveria,
A alegria estaria em nós.
Quem dera eu e você
Se importasse mais com o amor...
Quando o Mundo Perde a Graça
Há dias em que o mundo se cala por dentro.
Não é ausência de som, é ausência de eco.
O céu continua azul, mas é um azul sem memória,
como se nunca tivesse guardado um grito de criança ou um beijo roubado.
O vento passa, mas não traz cheiro de terra molhada;
traz apenas a notícia de que está passando.
E a gente sente, no peito, um silêncio que não explica.
A graça se perde devagarinho, quase com educação.
Primeiro a gente para de correr atrás do caminhão de gás só para ouvir a musiquinha.
Depois deixa de desenhar corações no vapor do vidro do banheiro.
Um dia olha para o mar e pensa em conta de luz.
No outro, vê uma pipa rasgada no céu e calcula o tempo que falta para a reunião das três.
Crescer, descobrimos, é aprender a traduzir encantamento em utilidade.
A gente vai trocando os olhos de vidro por olhos de adulto,
e o vidro, coitado, não reflete mais arco-íris.
A gente aprende que rir alto é exagero,
que chorar é fraqueza disfarçada,
que dançar sozinho na cozinha é loucura que não se assume.
E assim, com jeitinho, vamos nos tornando pessoas sérias,
pessoas que precisam de motivo monumental para se permitir um sorriso sem destino.
Quando foi que desaprendemos de nos espantar com quase nada?
Quando foi que um passarinho pousado no fio virou mero pássaro,
uma criança fazendo bolha de sabão virou estorvo,
um velho segurando a mão da mulher depois de meio século virou apenas “casal de idosos”?
A gente troca a capacidade de ver milagre pela habilidade de ver problema.
E chama isso de maturidade.
Mas há instantes, raros, em que a cortina se abre sozinha.
Um homem entra no vagão tocando violão desafinado,
cantando com a voz rachada de quem já perdeu muito.
Todo mundo finge que não é com ele.
Até que uma senhora de coque branco e rugas profundas
começa a bater palma fora do tempo,
e canta junto, tão baixo que quase é prece.
De repente o vagão inteiro se lembra de que tem coração.
Alguém sorri sem permissão.
Outro deixa cair uma lágrima que não explica.
E por trinta segundos o mundo volta a ter graça,
como quem volta para casa depois de anos sem endereço.
Nessas horas eu entendo:
o mundo nunca perdeu a graça.
Ele apenas se cansou de oferecê-la a quem já não sabe receber.
A graça continua ali, inteirinha,
escondida no jeito que a luz atravessa a folha da árvore,
no som do portão rangendo como se dissesse “bem-vindo de novo”,
no cheiro de bolo que vem da casa de alguém que a gente nem conhece.
Ela espera apenas um olhar que ainda tenha coragem de ser criança,
um coração que aceite se surpreender sem pedir certidão de utilidade.
Porque a graça não mora nas coisas grandiosas.
Mora exatamente onde a gente desaprendeu a olhar.
E talvez a única revolução possível
seja voltar a se espantar com quase nada,
voltar a correr atrás do caminhão de gás,
voltar a desenhar no vapor,
voltar a dançar na cozinha sem plateia.
Talvez o mundo só volte a ter graça
no dia em que a gente parar de ter vergonha
de ter alma.
Quando você não se preocupa em se machucar pq você usa uma armadura forte e resistente, a vida vai te atingir usando as pessoas que você mais gosta para te cobrar.
A Armadura te protege do externo mas não do que faz parte de você.
Quando escrevo, coloco dentro das frases restos de noites mal dormidas, ossos de conversas, ossos de decisões que não deram certo. As palavras são coletores de destroços: reúnem, organizam, explicam, são a única arca que consigo construir contra o dilúvio diário.
Quando você sorri, me dá esperança.
Quanto você se preocupa, você me dá esperança.
Quando você procura saber onde estou, você me dá esperança.
Quando você diz que tem ciúmes, me dá esperança.
Quando você diz que sou uma parte sua, você me dá esperança.
Quando você se diz que não sabe o que sente, você me dá esperança.
Quando você diz que se sente culpada, você me dá esperança.
Quando você diz que não que me machucar, vc me dá esperança.
Quando você diz que te fiz chorar, me dá esperança, pois sei que há sentimento.
Quando você diz que não gosta de me ver triste, você me dá esperança
Quando você não sabe o que falar pra mim, você me dá esperança
Quando você pensa muito o que falar e na hora não fala, você me dá esperança.
Quando você sente muito por eu ser tão sozinho, você me dá esperança.
O riso escapa às vezes como quem rouba um remédio proibido. Dói o riso quando sei o preço que ele tem: esquecer por instantes. Mas prefiro esses lapsos de luz a um cotidiano contínuo de negrume, pois há beleza mesmo nos intervalos em que a alma consegue respirar.
Afastar-se não é punição, nem ultimato — é proteção. É quando finalmente entendemos que nossa paz vale mais do que insistir em lugares, relações ou situações que nos ferem. É a constatação de que crescer dói, mas continuar onde não somos vistos dói ainda mais.
Aprender a lição é perceber que não temos controle sobre o comportamento alheio, mas temos total responsabilidade sobre o espaço que permitimos que ocupem em nossa vida. É escolher a própria saúde emocional acima da necessidade de ter razão, ser aceito ou agradar. É entender que o silêncio, às vezes, é a forma mais elegante de seguir em frente.
Afastar-se, nesse sentido, é um ato de amor — por si mesmo. É reconhecer limites, honrar sentimentos, recuperar a dignidade que, sem perceber, fomos deixando pelo caminho. E, ao fazer isso, descobrimos uma liberdade nova: a de permanecer apenas onde existe respeito, reciprocidade e verdade.
Quem aprende a lição não se afasta por orgulho, mas por lucidez. E essa lucidez ilumina a estrada, abrindo espaço para encontros mais leves, relações mais íntegras e uma vida que, enfim, faz sentido.
Quando a inquietação te visitar, observa-a como farás com uma nuvem passageira.
Nada que muda tão rápido merece o governo da tua mente. A calma nasce quando recusas ser arrastado pelo que não depende de ti.
Mesmo quando tudo parece desabar, a alma que se mantém firme descobre que já estava inteira — e que a luz que procura sempre brilhou dentro dela.
A verdadeira independência nasce quando você decide confiar mais em sua intuição do que nas expectativas alheias.
Quando a tempestade vier, lembre-se: você já sobreviveu a outras. Não peça ao vento que pare; peça apenas firmeza às suas raízes.
Tudo o que ameaça derrubar você também fortalece suas fundações. A força não está no que resiste, mas no que continua. E você continua.
