Professor Carlos Drumond de Andrade
Desde tenra idade que o som de um piano me encanta, seduz e acalma.
Há dias, num sonho, tive a revelação de tão gozosa predileção:
- Noutra vida, eu fui um homem de forja que batia ferozmente no ferro quente com o martelo em ritmo compassado na bigorna feita instrumento, como se estivesse a matraquear com os dedos calosos e inchados no suave teclado de um piano desafinado.
Eu tive um sonho.
Meu sonho foi espetacular, eu escrevi sobre um assunto e depois que postei, todos me ligavam dando parabéns e dizendo que pensavam como eu e etc...
Quando acordei, refleti que deveria escrever sobre aquilo, estava muito bom mesmo. Fui tomar café, escovar os dentes e quando entrei no banho pensei, qual era mesmo o sonho?
Esqueci rsrsrsrsrs.
Uma pena, mas só o fato de lembrar do sonho já me alegrou, raramente lembro do que sonhei, e sonho todas as noites, assim como todos.
Talvez o sonho seja a coisa mais espetacular da vida, seja dormindo ou acordado.
Meu pai diz:
Temos sempre que fazer fazer planos.
Acrescento:
Isso é sonhar acordado.
Se vamos chegar lá ou não é super importante, mas não é essencial. Como disse hoje minha amada mulher, "às vezes a vida nos leva por outros caminhos", e talvez essa guinada seja a nossa oportunidade.
No fim das contas, planos mudam, só não podem deixar de existir.
Sonhar dormindo é o maior barato, uma eterna viajem.
Fiz, vi e ouvi de tudo. Já voei, ouvi animais falando, me encontrei com amigos e parentes mortos e um infinito de coisas, que infelizmente não lembro mais.
Foi interessante terminar de escrever esse texto, pois nessa manhã lembrei do meu novo sonho, como Deus é bom.
Eu comprei um bugre do meu irmão e fui para o trabalho dirigindo ele. Chegando no serviço me dei conta que estava pelado, mas tinha levado um lençol por cima do corpo. Então fiz uma espécie de sarongue havaiano ou uma túnica indiana, sei lá o que era aquilo e lá fui eu para o meu emprego. Detalhe, todos elogiaram minha roupa, não falei que é uma viajem, bons sonhos.
Homenagem ao colega de trabalho Roberto Artur Ghidalevich, obrigado pela força irmão.
ERA
Como se fosse hoje, minha mãe partiu
Num treze de maio que o Maio sentiu
Como se fosse a mãe dele a fugir
Para outro maio de sentir
Como ele sentiu.
Era Fátima no altar do mundo
Era esse o mundo de minha mãe
Deixando os que amava em horror profundo
E a Fatinha dela, pequenina, também.
Era o desabar de vidas coloridas
Entre flores vivas, vividas
E num relâmpago destruídas
Por um raio de vidas partidas.
Era, como se fosse hoje, treze de um maio
De há quarenta e cinco idos, falidos
Nos gemidos de minha moribunda mãe
Ao ir-se sem o primogénito ver...
Meu Deus, que razão de sofrer !?
Que castigos!
Só depois de tu ires, ó Cristo é que foi a tua mãe!
Eu que tanto queria partir em vez da minha
Choro agora e sempre, pela manhãzinha
A dor que só sente quem a não tem...
INDIFERENTE OU TALVEZ SEMPRE TRISTE
A tristeza inventa sabores de doçura
E se o triste diz isso a alguém contente
Sempre de frente ou com ar diferente
O outro lhe responde ser loucura.
Tão triste é ser triste já sem cura
Aos olhos malignos de satânica gente
Que nunca sentiu e jamais sente
A alegria de ser triste com ternura.
Tantas vezes sonhei ser sorridente
Cantar e dançar nos palcos do mundo
No rir só por rir tão indiferente.
Arrependi-me logo em tom profundo
Do alegre de ser dessa obscura gente
Prefiro ser triste que alegre ser imundo.
É mais fácil amputarem-me as pernas que cortarem a raiz do meu pensamento e calarem a razão de eu ser assim.
Jamais alguém me matará por escárnio ou indiferença.
A presa, tem armas mais poderosas que o caçador e no final vence a verdade.
É na infantilidade do meu pensar, que eu reconheço que ainda não perdi a alma de menino, a verdadeira.
Até hoje, ainda não consegui descobrir o mistério do silêncio, do olhar e da fala dos humanos. Só sei dizer, que os únicos seres de sangue quente que conheci ao longo do meu atribulado viver e souberam ler e entender as palavras não ditas pela boca dos meus olhos, foram os cães que tive e amei.
Eu nunca seria um ser humano consciencioso, se não fizesse perguntas a mim próprio antes de responder aos meus semelhantes.
Um poeta, necessita mais de inspiração e simplicidade do que regras estabelecidas por quem, se calhar, nem o era, não o é, e nunca o será, naturalmente.
Escrever, por vezes, torna-se um martírio sobretudo quando, sem querer, dizemos o que somos, sem maldades, nem filtros.
Um dia, perguntei à solidão:
- Quem te acompanha mais?
E, ela logo me respondeu:
- Tu!
(tu... que sou eu, este, o cujo dito.)
Tantas vezes dizemos coisas desacertadas, só porque tivemos preguiça de acertar o relógio do nosso pensamento e emoções.
Afirmam que a idade verdadeira da gente mede-se pelo cérebro de cada um.
Peço perdão às doutas opiniões:
Eu, pela medida do meu cerebelo já velho como árvore de vida, nesse raciocínio, ultrapassei os cento e trinta, há longos anos.
A solidão, por força da sua presença constante na vida da gente, acaba por tornar-se uma amiga inseparável.
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