Poesias sobre o Chamado de Deus

⁠São tão longas as horas
que se eu sobreviver ao atravessar delas
posso chegar até ao fim do Infinito

⁠Tenho duas certezas na vida. A primeira que vou, como todos vamos, morrer.
A segunda, se ainda não morri é porque continuo vivo.
Por isso, até morrer, vou viver de Viver.

⁠Certa vez, minha esposa, à época namorada, disse-me que eu a atrasava.
Ainda bem, pois hoje sabemos que a felicidade é um trem que demora para chegar.

⁠Não sou poeira cósmica.
Não quero ser poeira cósmica.
Jamais serei poeira cósmica.
À parte isso,
trago em mim todo um universo empoeirado.

⁠Enquanto trago o cigarro, o cigarro me fuma.
Enquanto fumo o cigarro, o cigarro me traga.
Quando morrer quero minhas cinzas depositadas em um cinzeiro.

Meu primeiro tesouro foi minha mãe.
Meu primeiro pirata foi meu pai.
Depois disso, nunca mais encontrei
meu mapa

⁠Minha filha diz que eu sou uma cocadinha de sal.
Não sabe ela que até o lobo mau tem seu lado romântico.

⁠Em REDE social quem entra é peixe.
Dizem que o peixe morre pela boca.
Em tempos digitais, morre-se pelos dedos.

⁠Vou morrer, depois que morrer.
Não quero viver para sempre na eternidade com o luto daquilo que perdi.

⁠Tenho saudades de tudo aquilo que me dá saudade.
Tenho saudades até das saudades que não construi, e já tenho saudades
das saudades que amanhã terei.

⁠Sabe quantas vezes pensei em te deixar?
Várias, inúmeras vezes.
Hoje sei que nunca vou te deixar, mas é a vida que, um dia, vai nos deixar.

⁠Acreditem, por debaixo de um texto, qualquer texto, há sempre uma vida.
Os textos são vestimentas que os escritores usam para encobrir a nudez do existir.

⁠Fiz ressonância magnética, tomografia computadorizada, ultrassom e angiografia. Fui radiografado de cima pra baixo e por todos os lados.Ninguém achou em mim minha alma.
Por debaixo da pele e por dentro, sou infotografável.

⁠Quando o amarelo e o azul se casam têm filhos esverdeados.
Minha família tem as cores da bandeira nacional

⁠Certa vez minha esposa me chamou do quarto: "amor, vem simbora". E eu lhe respondi que não, "quem vai simbora é Manuel Bandeira para sua Passárgada, pois lá terá as mulheres que quer na cama que escolher".
Eu já estou em minha Passárgada

⁠Sou psicólogo porque sou poeta.
Sou poeta porque sou psicólogo.
Quem não consegue ler ou tentar entender um poema, não conhece a alma humana

Há animais que vivem como pessoas e pessoas que vivem como animais.
Essa lei do equilíbrio não falha.

Quando os adultos ficam doentes, eles voltam a ser crianças.
Deveria ser quando veem um lago, um parque, um escorregador, um aquário, um jardim.

Não sei se o correto é chamar de zona de conforto.
É acomodar-se no desconforto.
É estar confortavelmente acomodado na zona de desconforto.

Um dia alguém vai perguntar o que você fez na vida.
E você poderá dizer que curtiu de tudo um pouco ou até muito.
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