Poesias que Falam de Amor do Seculo Xix
vento
o vento no cerrado, chia
acaricia grosseiramente
pelos pequizeiros rodopia
e assobia ansiosamente
nos buritis, e em romaria
de repente, se faz ausente...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
SONETO NO CREPÚSCULO
Morre o dia. Aqui no cerrado goiano
Dizemos-nos adeus silenciosamente
À meia luz do entardecer confidente
O sol no horizonte desfalece profano
Em um purpureado lôbrego poente
O céu é degustado pelo breu ufano
Num longo abraço de um cotidiano
Do sol e a terra num valsar ardente
Da vidraça, o crepúsculo soberano
Invade o quarto numa luz pendente
Vindo do luar voluptuoso e fontano
E, como uma orquestração silente
A noite se prostra num olhar arcano
Embalando o dia misteriosamente...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2016, novembro
Cerrado goiano
SONETO COM CHARME
Moço, se no tempo, velho eu não fosse
Onde a dor da saudade a apoderar-me
As recordações a virarem um tal carme
E a lentidão em mim se tornarem posse
Ah! Aquelas vontades já me são adarme
O que outrora me era tão suave e doce
Num gosto acre o meu olhar tornou-se
O espelho, um revérbero, a desolar-me
O meu espírito a tudo acha tão precoce
Já o corpo, cansado, soa em um alarme
Na indagação a juventude que o endosse
Da utopia ao caos dum tão triste arme
Envelhecer, como se não fosse atroce
Então, vetusto, tenhas arrojo e charme!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2016, 18 de novembro
Cerrado goiano
Papel e Tinta
Laivei o meu pincel
no cinza do cascalhado
no entardecer fogueado
no chão ressecado
no desbotado areado...
Laivei o meu pincel
na luz do horizonte
na sombra atrás do monte
no suor da fronte...
E no branco do papel
vão aparecendo inquinações:
de folhas secas, chão árido
amarelados ipês, buritis, ar cálido
pequis, céu divino e estrelado
num desenho do cerrado...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2016
Cerrado goiano
garimpo
cerrado, alvoreceu o dia…
a chuva cai
há respingos de harmonia
a sequidão se esvai
e lava o sal da poesia.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
tagarela
quando o buriti balança no cerrado
ao vento, sigilo dele espalha...
são avisas a ele segredado
Quem disse que o cerrado não fala?
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Poema para o amigo
É para você, este poema
Intitulado: - "pro amigo"
Nele a afeição é o tema
Nosso carinho, eu bendigo...
Receba este real presente
O trago do apreço comigo
É do coração vertente
Do afeto venho festejar contigo...
Pois, só ele deixa saudade
Amor. Só ele nos traz abrigo
E a lembrança de nossa amizade.
Feliz por ser seu amigo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
dia do amigo
ciscando
busco significação
no cesto de entulho
do fim do ano
e eis que tenho na emoção
- monotonia –
uma folha em branco
e uma acinzentada poesia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
SONETO ABSTRATO
Na prosa do poeta, não só tem poesia
às vezes de tão vazia, o abstrato pinda
arremata cada imaginação, e aí, ainda
nada lhe completa, nada tem harmonia
Tu'alma inquieta, o verso na berlinda
a solidão, a lágrima, a dor em romaria
se perfilam no papel em uma rima fria
e assim, a privação na escrita brinda
Neste limitado querer, sem simpatia
o silêncio, o belo, no feio prescinda
e a inspiração, então, fica sem orgia
Aí, o soneto sem quimera, não finda
e os devaneios perdidos na ousadia
sem fantasia, a ausência é provinda
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 09 de 2016
Cerrado goiano
Ave Maria
Quando a noite vem e, cerra o dia
como se trincasse entre os dentes
eu, desfolho em reza a Ave Maria
na fé dos preceitos transparentes
Onde se tem somente primaveras
a fleuma do entardece, poentes
e a elevação de todas as esperas...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
SONETO NAS ONDAS DO MAR
De todos os cantos, o encanto é pro mar
É atração mais forte, encontro profundo
Do vento, praia, do sol, de modo singular
Onde minh'alma se une ao querer rotundo
O cheiro da maresia me leva num segundo
Me tira lá do fundo da saudade a apertar
Poeto com afeto, donde o verso é oriundo
Me rapta nas ondas e, que me faz sonhar
A arrebentação é meditação a contemplar
Onde a lua nua torna estórias pra contar
E nas tuas areias eu me enfarinho jucundo
Neste amor, um amor robusto, de amar
Onde no teu horizonte muito fui segredar
És querido de todos as quinas do mundo (o mar) ...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
DOMINGO CHUVOSO NO CERRADO (soneto)
Cerrado, as nuvens se encolheram
O céu abriu-se em gotas molhadas
A voz do vento dando gargalhadas
E as trovoadas o silêncio corroeram
Devagar veio o cheiro em pancadas
As folhas secas lânguidas desceram
Ao chão, encharcado e, obedeceram
Silenciosamente as suas chamadas
Uma a uma, gota a gota, vieram
Mansamente forrar as esplanadas
Cumprindo o fado que advieram
Aí, a relva e as árvores prostradas
Usufruindo, agradecimento fizeram
As chuvas no cerrado, tão clamadas
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Domingo, 27/11/2016
Cerrado goiano
RETROSPECTIVA (soneto)
A vida na vinda e ida tem multidões
Não percebi todo o vento a suspirar
Tão pouco todas as cantigas de ninar
Foram cantadas nas minhas emoções
Tive chances no partir e no chegar
Os medos os pus nas contradições
No tempo rompi todas as estações
E nem todas as flores eu pude amar
O trem teve distinto as suas estações
O doce da quimera o seu mel a melar
E o tanto de carinho as suas aluviões
Na curva da esquina, solidão pude visar
Nos prazeres os feitos e as proibições
Porém, primaveras, também, vi florar...
(Nesta retrospectiva particular) ...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
29/11/2016, 10'00"
Cerrado goiano
PRESENTE DE NATAL (soneto)
Noite de Natal, de alegria reluzente
Abraços confraternizando, luzeiro
Presépio, preces, bolas no pinheiro
Pro céu, a mesura ao ente ausente
Meia noite... - chamem o fogueteiro!
Pra aleluias à Deu menino, onipotente
Manou o Salvador, do amor vertente
Que trouxe amizade ao mundo inteiro
Que a palavra na vida seja presente
Como firmamento do valor obreiro
Na fé de ofertar o zelo diariamente
E que assim, possa ser mais certeiro
Na paz e bem, e nos corações assente
O maior presente: - o amor verdadeiro!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro de 2016
Cerrado goiano
FIM DE ANO EM SONETO
Sim, vão-se os anos de fim de ano
Assíduos, só a aparência mudou
O tempo passa e tudo passou
O destino é mesmo soberano
Há anos pós anos, o sonho mitou
A minha rota tem outro cotidiano
Num entra e sai do desígnio tirano
Do nada como antes, vil sobrevoo
Saudade é a mesma, mesmo dano
Esperança, sim, desta nunca enjoo
E com a quimera nunca fui profano
Assim vou, mais um ano, num atroo
De comemoração, então seja ufano
O revoo, pois o fim, ainda não chegou...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
dezembro de 2016
Cerrado goiano
SONETO NA CHUVA
Quantas vezes, pés descalços, enxurrada
A minha infância, na inocência eu brinquei
Águas em versos, chuva molhada, sopeei:
Quantas vezes eu naveguei na sua toada?
Na narração me perdi, no tempo maloquei
As lembranças ali no passado deixada
De memórias fartas, meninice, criançada
Aqui no peito guardada, e nelas estarei...
Céu cinza do cerrado, nuvem carregada
Deixa chover, pois só assim eu alegrarei
Da varia recordação da pluvial derivada
Pingo a pingo, trovoada, no outrora voltei
Água na cara, cachoando na alma calada
De saudades, neste soneto na chuva, falei!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
região
chão árido cascalhado
de tradição e moda de viola
à alma consola
coração do Brasil
- Goiás do cerrado...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
ANOITECER (soneto)
Desmaia o dia no árido cerrado
Num adeus de luz e esplendor
É Deus com o seu recompor
Do céu azul ao negro estrelado
E eu, aqui num mero espectador
Sob este tão espetáculo, admirado
Não sei se rio, choro ou fico calado
Inerte... no âmago belo do criador
É um rosário pelo encanto desfiado
Conta a conta, infinito e acolhedor
D'amor, benção, no tempo denodado
Está hora, do ângelus, do cair multicor
Enteando saudades, dor ao enevoado
Vem a noite, para vida por ela transpor
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
Linha
Eu poeto de mim, daqui
nesta câmera surreal
por este fio vocês dai
numa transmissão corporal
por esta linha dual, agruras
em diversas camadas
solidão sem gravuras
felicidades sem risadas
assim, nesta comunicação
de passa e repassa, a voz
camuflada de significação
em versos mansos ou feroz
que se imprime da emoção
num linguajar em cadência
lembranças e boa paixão
na alma em total evidência
em cada trova um avesso
do reverso do meu daqui
cada verso o meu confesso
para vocês daí...
Instantâneos do meu poeta imerso...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Tua lembrança
Tua lembrança foi um sonho deletado
Um e.mail na lixeira do computador
São literárias de um ignoto passado
E apenas memórias de um antigo amor
Tua lembrança é gemidos e soluços
No meu poetar respingado de lágrimas
Já lavados dos meus vários embuços
E das liras de murmúrios e lastimas
Aqui do cerrado te digo que prossiga
Que mesmo sem o teu prazeroso olhar
Teu nome não mais escreve cantiga
Pois o meu verso árido pôs a ressecar
Aqui do cerrado te digo que esqueça
Não te soletro mais em noites de luar
Pois mesmo que meu pranto aconteça
No peito ficou só saudade de te amar
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
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