Poesias que Falam de Amor do Seculo Xix
Insanidade
Servente ao pensamento dormente
Ora em lampejos de lucidez, ora
Em apagões da balela traidora
Logo, chorais, amarguradamente
Desejais regressar... tarde a hora
Entristeceis... árida é a corrente
Angústia e desejo, é recorrente
Quando a insensatez te devora
Sofreis do aluamento, lembrança
Pois da sua tão pouca sanidade
Fura-te o peito, ferido por lança
Triste engano! agita-se a fatuidade
Te rouba a tua sedenta esperança
E te jogam no porão da falsidade...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
olavobilaquiando
CONTRAMÃO
Como a maldade egoista, sombria
Que do homem o bem lhe é tirado
Qual apenas, o ruim, é seu brado
De falseta, e cuja a ação é tirania
Não aguenta nunca a luz do dia
O qual, de amor, não é adornado
O teu peito pra glória é fechado
No cruel interesse: a idolatria!
E hoje, entre tantos, muitos são
De um coração ermo, ressecado
Horrendo, traindo na contramão
Pulsam cobiça, e seus espinhos
Repugnam a honra de outrora
Empedrando de ira os caminhos
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
O POEMA
A obra de um poema é tal a imaginação
Evolam do agridoce de um pensamento
Em disperso vapor, e cintilante explosão
De palavras e quimeras, em um evento
Vidas que saem da vida, em universos
Pó de uma idéia, ao torvelim do vento
Içadas do porão da alma, ali imersos
Grifadas no tempo num só momento
Inventa, tenta, o certo e o imperfeito
Reinventa: fala e cala, o sim e o não
Emaranhadas dentro de um cântico
Mas o verso certeiro este sai feito
Do peito... em salmos do coração
Imortal: em testemunho semântico!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 20 de outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
REGRESSO
Irei! Que importe o engano? Desate deste nó
Sobre o dúbio está o ousado ensaio. Então!
Arda em chamas o medo, evole deste chão
Os teus segredos, uive as feras, sem ter dó
Vamos! Ignoto, um botão entreaberto, e só!
Regue este deserto com outra tua emoção
Leve tudo: felicidade, amor; infortúnio não!
Pois, o que for perdido, no tempo, vira pó...
Depois que o pecado ao mudo é revelado
Nada importa, todo regresso tem direção
Ah! E tu, má sorte, aí, fique do outro lado!
E se, a vida com seu crime não for ilusão
Redimido e sublime, não fique ultrajado
Errar, é falta, e não a perene contrição!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
A interpretação vai de acordo com seus princípios, cada qual lê o que a sua verdade vê e a sua razão acredita. Afinal, tudo é aquilo que lhe convêm: Ser Humano.
(poeta do cerrado)
VANITAS
Só, em silêncio, a inspiração tímida e fria
Poeta... A prosa sai tremulante e inquieta
Rascunhando a estrofe em uma linha reta
De ilusão secreta, dor e suspiro em agonia
Febril, sua o devaneio, amotina a euforia
Bravia a alma grita, palpita, e então espeta
O nada, por fim, quer ser qual um profeta
Iluminado, falante e de alucinada idolatria
Poeto... cheio da minha imaginação cheia
Nascente do meu mais abismo profundo
E desagregada das paredes da teimosia...
Farto, agora posso descansar a cavalaria:
As mãos nervosas e o coração moribundo.
Arranquei-ti-ei pra vida, vivas tu ó poesia!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
“SPLEEN”
O céu do cerrado, hoje, amanheceu plúmbeo
Sobre o espírito meditabundo, só e chuvoso
E, ungido toda a reta do horizonte, nebuloso
O dia virou noite, e o meu fausto olhar, ateu
Neste temporal escuro tal calabouço lodoso
Onde a vontade quer encontrar o êxito seu
Espavorido, o acaso coloca asas de fariseu
Em um voo infeliz, tão enfado e impetuoso
A chuva a escorrer as traças da melancolia
Imita as aranhas tecendo sua espessa teia
No beiral do vazio, numa angústia sombria
O trovão dobra, de repente, e furibundo
E a alma encarcerada em lúgubre cadeia
Chora o verso, suspirando e gemebundo
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, de 2018
Cerrado goiano
GARIROBA
Folhas, entre os ventos, em lufada uivante
De um agudo murmurante de uma ladainha
Sacerdotisa em reza, imponente e rutilante
Do cerrado, amarguenta, a palmeira rainha
Rezas sobre os pequis, de sabor vibrante
Sobre o sertão, e o no regional da cozinha
E, degustada, pasma a delicia suplicante
No fogão de lenha, a branca senhorinha
Amarga, em um holocausto de sabores
Amores e ódio, dura a satisfação bravia
Para as várias receitas, que a acolhê-las
E invade, como anfitriã, nos seus olores
E a principal soberana do prato do dia...
No Goiás, gariroba, primeira das estrelas!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
À MINHA MÃE
Sei que a saudade, mãe! é bastante...
A esta, que não estou mais a teu lado
O aperto no peito, sentir, é constante
Vazio em vazio, um coração repicado
Aflição! Recordação! a cada instante
Ter... Volver, é um perceber replicado
De lembrança, no suspiro soluçaste
De ti, a falta, do teu amor tão amado
Minha mãe! Minha mãe! só saudade!
Estou com saudade! Cá lamentando
Passo a passo, a mais dura realidade
E aqui nestes versos tão maltrapilho
Minhas mãos, trêmulas, chorando
Lacrimejam saudades de teu filho...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
A ALVORADA DO DIA
Vê-se no cerrado; e vê, pela janela
A beleza diversa na vida vespertina
Casto, nasce o sol. A noite termina
Outro raiar, luzidio, e a magia trela;
Outro espanto, no apreciar revela
Encanto feroz que a alma morfina
Presenteia-lhe o dia, prova Divina
Mais que seduçāo, ato de ser bela!
Fios dourados... Ouro... composto
Enche-a de luz, para despertá-la
No surgir que aí vem... Só dá gosto
A surpresa, na admiração enleada
Altiva, e a cintilar, no atônito rosto
Os primeiros raios da rútila alvorada...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Final outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SONETO EM MARCHA
O tempo lá se vai, em debandada
Por um tropel veloz e, tão diverso
Os segundos no minuto submerso
E a hora em tanta década passada
E no que parece um conto de fada
O destino, tão acirrado e perverso
Com o seu bronco verso e reverso
Avança... com a inexorável jornada
Sobra a saudade, de um momento
Aquele que é o hercúleo ao poeta
A quimera, lembrança, o contento
Mas dentre tantas, varia é a meta
No amor, e o amor um juramento
Versando vida, e o saber profeta...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 03, de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ASSOMBRAÇÃO
Tenho uma solidão, tapera sombria
Assombrada, de sonhos penitentes
Onde anda a ilusão tristonha e fria
Na saudade, poetando os ausentes
E no vazio, a alma sem doce poesia
Tal paz duma sepultura, os poentes
Sois, num entardecer de melancolia
Tatalam as mãos, olhar e os dentes
No silêncio o ranger da imaginação
Pelos cantos os vultos em prantos
Das lembranças, tal qual fiel serva
Que invadem as órbitas da emoção
Soturnos fantasmas e, quebrantos
Segregando o espírito na tênia treva
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
CONTRIÇÃO (soneto)
Às vezes, uma saudade me silencia
Nesta solidão e um vazio que ando.
Sofro e cismo, no cerrado, quando
As lembranças do mar são teimosia
Dores e saudades sufoquei calando
Desespera!... uma explosão, todavia
Ah! Como eu quisera, uma outra via
Porém, sorte, é fator não um mando
Percebo que naufraguei na solitude
Revolto, neste princípio de velhice
Choro e rio, brado, farsa ou atitude
As venturas que não tive por asnice
Meu remorso, o que viver não pude
E os amores, o amor que não disse!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, novembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
A MOCIDADE
A mocidade é tal qual a flor do ipê
Vigorosa, e na secura resplandece
Tudo pode, é formosa, sonha e crê
E suas inquietudes não lhe apetece
É a idade da beleza a sua mercê:
O presente não lhe traz estresse
E o futuro pouco ou de nada vê
O que lhe importa é a tua messe
Ousada, domina e brilha ao vento
Na desventura tem nenhum receio
Pois, é facilmente o esquecimento
Porém, o senhor tempo, tão voraz
Qual a flor do ipê, de frágil esteio
Cai ao chão, de um destino fugaz
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
NO TEMPO
Sou o eu que marcha, que andeja
Princípio, sou fim, poesia agarrida
Levo o plural: a tristura e a peleja
As vaidades, e os alardes da vida
O tempo passa, repassa, ou seja
Corre, e nesta ventura, a medida
Pra cada hora: a fé, assim esteja
Os anos no muito na sua torcida
Vou levando acertos e os danos
Vou levando o tudo e o instante
O amanhã a extensão dos anos
Ninguém pode evitar o talvez
Assim, que tudo seja vibrante
E o amor, o primordial da vez!!!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ANDOU
Como quisesse alegre ser, deixando
O queixume rotativo, zunindo a hora
O tédio, ao bafejo sequioso da aurora
Do cerrado, dentro de ti, comandando
Estranho querer, no peito te cortando:
Melancolia, silêncio, a paz indo a fora
Que te cala, maltrata e também chora
E chora... saudades então recordando
E logo, uma imaginação, compungida
Te perseguindo, surge como senhora
Dos teus sonhos, torturando a razão
Assim queixosa minha alma perdida
Andei largo instante, sem ir embora
E agora, o tempo antigo, é oposição!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
11, novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
VERSOS TATUADOS
Corpo do soneto, em versos tatuados
A poesia em delírio, e a mão a poetar
Impulso que pulsa, sonhos sonhados
E vida, em cada estrofe o vário estar:
Do beijo, do laço, desejos desejados
A fé ao nosso lado ajoelhada no altar
Ah! e o amor nos corações acordados
Em perfumes que nos fazem embalar
A inspiração: - messe e dádiva, tributo
Pra alma, semeando e colhendo fruto
Hóstia da ideia em purgação. Pensar!
E assim, saudades: - dolorosa rama
Que pelos versos, chora e derrama:
Quimeras e sorte, na pele a versejar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, novembro
Cerrado goiano
ME PERDI, E ME ACHEI
Não me perdi na imensidão... me perdi
Na melancolia do cerrado. E me julguei
No chão, e da terra então, eu me achei
Se daqui eu sai, hoje, meu lugar é aqui
Mas há ilusão no tempo, se acolá e ali
Outros houve, e assim, eu então farei
Caminho, na diversidade, caminharei
Num ardor sublime, na terra araguari
Ah! Ó saudade de cólera tremenda
Os sonhos sonhados agora fugitivos
E as lembranças ao coração inflama
Poetizaram nas rimas desta lenda
A emoção tão comuns dos vivos
Os desenganos os deixo na lama.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2018
Triângulo Mineiro
Olavobilaquiando
ALVORADA CHUVOSA
Fulge em nebuloso dia, o cerrado. O céu delira
As nuvens rugem, chora chuva rojando ao chão
Há torrentes de pujança, suprema é a renovação
De gota em gota, banham as folhas da sucupira
Bulcões pintam a paisagem na sua vastidão
O sol miúdo no horizonte quer arder em pira
O bem ti vi na carnaúba saúda com a sua lira
A alvorada, raiando a vida em doce gratidão
E o vento emborcando os galhos da paineira
Rolam no ar, andorinhas, gritam as maritacas
Clangorrando... - e avigora o sertão molhado
Novembro, é o mês das chuvaradas primeira
No tropel alinhado das barulhentas curicacas
Em cinza, em glória, o céu chuvoso no cerrado...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Uma rosa é uma rosa,
de uma beleza caprichosa...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
do poema "Uma Rosa"
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