Poesias que Falam de Amor do Seculo Xix

Cerca de 233757 frases e pensamentos: Poesias que Falam de Amor do Seculo Xix

NATAL, CHEGOU!

Ah! Natal, soam sinos na noite iluminada
Ecoam cânticos vivos de cândida poesia
E toda a vida palpita em festa, em alegria
Na modesta estrebaria, de divina morada

Sobre a palha, sem rendas, ou dourada
Seda, o Menino Deus, nasceu de Maria
E dos pobres, oferendas, numa romaria
Entre os animais, singeleza, mais nada!

Não nasceu entre pombas reluzentes
Presentes os humildes e a paz do luar
Cheio de graça, nume dos diferentes

Jesus nasceu! pra nós ensinar a amar
Sobem os hinos de louvores torrentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Minha terra, richiamo

Ah! Quem há de gabar, recordação impotente e escrava
O que o presente diz, o que a saudade escreve?
- Cutucas, sangras, pregadas nas lembranças, e, em breve
Olhas, desfeito em espanto, o que te encantava...

Passou, andou, e é num veloz turbilhão, a ilusão forjava;
Ilusões. Um dia na inocência, hoje já não mais serve,
A forma, e a realidade espessa, a lembrança leve,
De pureza, canduras, numa quimera que voava...

Quem a prosa achará pra poetar o conteúdo?
Ai! Quem há de falar as saudades infinitas
Do ontem? e as ruas que omitem e agiganta?

E o suspiro muda! e o olhar surdo! o andar mudo!
E as poesias de outrora que nunca foram ditas?
Se calam nas recordações, e morrem na garganta...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20 de janeiro, 2019
Araguari, Triângulo Mineiro.
Paráfrase Olavo Bilac

A imaginação é o único lugar onde podemos ser o que quisermos. Podemos ser loucos ou lógicos. Nela estaremos seguros em nossos sonhos.

Luciano Spagnol
poeta do cerrado
27/01/2016
Cerrado goiano

MOTIM

No fundo da minha poesia, clamor
E ouço apertos e queixas sangradas
Milhões de aspirações sepultadas
Imaginações submergidas na dor

Às vezes, um vazio, palavras caladas
Mas, de repente, um tumulto estertor
Rangendo dentro do peito a compor
Devaneios, desdando ilusões atadas

Cortejos, motins: uivos e ácido luto
No castigado papel... broto e renovo
Em fermentação, dum estro bruto...

E há na intuição, de que me comovo
E no coro da inspiração que escuto
A magia do espírito num versar novo!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2019, final
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

REI VERÃO

O teu mandar verão!... Está cheio
Cheio de suor e alta temperatura
Como arde o sol na sua quentura
Que calor estroina e sem receio...

Como brilha o dia sem algum freio
Sob o reflexo do ardor, árida figura
De pé, no cerrado, flagra em fartura
Como um cálido fumoso no enseio

Que abrasador fogo no céu ardente
Morre o desejo, outro almejo roga
Em febre, teima o chão recendente

Reino de suspiros!... incandescente
Reino esbraseante! de picante toga
Sossega este calor, vil e indecente!...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
02 de janeiro de 2019
Cerrado goiano

RELÓGIO

Sou as horas que anda, que anda
Segundos, sem fim, sem dimensão
Vou levando verás, agridoce ilusão
Sonhos, e o teor na sua demanda

Sou o tempo, a correr, indagação
A realidade adestrada da varanda
Do viver, sem fingida propaganda
Minutos no vai e vem da emoção

Ninguém pode parar meus anos
Nascem e morrem, sem medida
Desse modo, acertos e os danos

E não há rebelião pra hora corrida
Há vida, tudo passa, sem planos
Então, não desprezais minha batida...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, fevereiro, 03
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

A Morte

Oh! a saudade é fato! E tudo passa
A alma em procissão faz despedida
E na lápide fria, repousa ali recaída
Por onde o dia dos mortos devassa

Do céu os entes queridos nos espia
No chão a emoção assim despedaça
E vê ir embora, tal sopro em fumaça
Na dor da lembrança tão cruel e vazia

Tristura! por que sofrer, assim, tanto
Se no entanto tudo é apenas questão
De tempo, a vida e a morte é encanto

Paixão! deixe em paz a paz do coração
Chore! e não temas o escarpado pranto
A morte é início da prometida ascensão

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
novembro de 2018
finados, cerrado mineiro.
Araguari.

Súplica

Queria poder enxergar
Só com os olhos da alma
Sem o habitual criticar
E agradecer a oferta alheia
Poder ter a sabedoria
De só espalhar alegria
Sem presunção
E o orgulho de boa ação
Suplico um coração sem tristeza
Que a vida só me dê clareza
Aos sonhos ilusões de amor
Aos atos semear valor
Aos amigos mais amigos
Entes queridos os inimigos
Sem ser rastejante diante dos fortes
Nem gigante diante dos fracos
Quero aprender o dom de perdoar
Longe o desejo de vingança ficar
Alongando os dias de realizações
Encurtando as noites de angústias
Trazer justiça aos momentos de astúcia
Alicerçando o desejo na divina fé
Tão necessária para poder evoluir
Na grandeza de homem existir
No coração o amor então construir.

© Luciano Spagnol
20/11/2007 - 05’ 30”.
Dia da consciência negra.

FRIO (cerrado)

Quem o contentar dirá destas noites de frio?
Corre no cerrado de galho a galho, arrepio
Dum vento seco e bravio. E eu, aqui tão só
Em queixas caladas, calafrios, é de dar dó
Recolhido na tristeza do invernado cerrado
Cheio de solidão, de silêncio e de pecado...

Que corrosiva saudade! Esquisita e estranha
Uma está lembrança forjada na entranha
Do inverno, caída de outrem, fluindo amargor
Onde, em sombrio sonho, eu vivendo a dor
Sem querer, na ingratidão, com indiferença
No vazio da retidão, da ilusão e da crença

Que acirrado frio, sem piedade, ofensivo
Que me faz reclusivo, neste cárcere cativo
Insano, em vão, duma melancolia lodaçal
Que braveja, me abraça e me faz tão mal...
Por que, pra um devaneador esta paragem
Que ouriça, e é tão deslocada de coragem?

Ah! quem pode me dizer pra que assim veio?
Se está tortura é passageira, assim, eu creio.
E a minha miséria aberta, escorre pelo olhar
Receio... e mais gelado fica em mim o pesar.
Uma prosa alheia, uma penitencia escondida
Se é só o frio, por que esta insânia homicida?...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
14 de julho de 2019
00’17”, Cerrado goiano
Olavobilaquiando

MORRE POR INTEIRO

Tem os que nunca partem
Vive em nossas lembranças
Da nossa nostalgia vão além
Alimentam nossas esperanças

Nesta passageira caminhada
Tecem fios de teia de amor
Forrando por toda estrada
O carinho, o afago, o calor

À distância nesta separação
É temporária, bem breve
Que conforta o coração
Faz desta ausência leve

Se partiu, deixou verdades
Norteou de afabilidades... (a vida!)
A emoção! Perpetuando afinidades
Pois morre por inteiro quem não deixa saudades.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho, 01 de 2010, 09’13”
Rio de Janeiro, RJ

VERSOS E REVERSO

Retornei ao ponto de partida
Vou procurar por outra saída
Para este desenlace de amor
Mesmo que possa dar em dor

Vou estar na posição oposta
Qualquer que seja a proposta
De não esquecer o seu olhar
Ainda que eu esteja a lhe amar

Vou voltar a ser o que era
Sem ter que ficar na espera
Destas almas se entenderem
Transformadas em quimera

Meu coração vai ser o revés
De minha vontade, ao invés
De correr para seus abraços
Vou é estar em outros laços

Desmistifico nestes versos
O avesso de meus sonhos
Estes pesadelos enfadonhos
Pra harmonia que proponho

Não quero opor a verdade
Que hoje fala meu coração
Com toda sua ambiguidade
Pra não reverter à situação

Hoje eu quero o anverso
De um amor no reverso
Pois eu vou ter e mereço
Por um amor com apreço

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
sábado – 17/05/2008
Rio de Janeiro

pálpebras
(de manhã)
pro cerrado abro a janela
vejo o horizonte, audaz
as nuvens içam sua vela

à noite as fecho, usual
a lua fica lá fora
o céu ruborizado, colossal
estrelado, avança a hora...

durmo neste ritual!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
24 de setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro

a chegada

já a quarta estação me rodeia
tece sua cadeia de flores
as trepadeiras na ameia
da temporada dos amores
florescendo toda a aldeia

cada canto, todas as cores
no cerrado o ar perfumado
em um festival derredores
coroando o ciclo propalado
ameno, pintado, amadores
de um tempo dulcificado

mais que bela, quimera
com seus abraços, laços
em botões em espera
da diversidade em maço
a chegada da primavera!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro

FISIOTERAPEUTA,

Doutor do movimento,
auxilia na dor, no alívio, alento,
mãos que tocam manobra,
atento.
Ao aflito: regente, presente.
Profissional da saúde,
do amparo, da evolução,
o que está ali em plenitude,
no socorro da superação...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
outubro
Cerrado goiano
dia do fisioterapeuta

(en)canto

no cerrado canta a cigarra
quer o (en)canto dum par...

canta, numa tal algazarra
até o teu peito estourar...

e neste som de guitarra
baila, seduz, sem parar...

de carência ou garra
a cigarra quer casar...

é sofrença ou farra
ou carma a carregar?

neste mantra se agarra
até a lua raiar...

é fanfarra
é verão à anunciar...

então, canta cigarra
a vida tem de continuar!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
outubro de 2019
Cerrado goiano

bioma

me encanta o reino do cerrado
onde cresce o diverso na diversidade

o pôr do sol que é encantado
num pique esconde na luminosidade
(no horizonte)

e nesta magia viva de vivacidade
és dourado, é ponte, é fonte, é cerrado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

Violeiro chora a viola

Violeiro, está viola canta
e chora a saudade deste chão
este chão árido que o pranto na garganta
canta os amores nas cordas desta canção...

No meu peito também chora
este choro que não vai embora
junto da viola, que vai no raiar da aurora

Violeiro, chora a viola no meu pranto
deste desencanto que a sorte me reservou
se podes neste canto me consolar tanto
não se acanhe em espantar a solidão que aproximou...

No meu peito também chora
este choro que não vai embora
junto da viola, que vai no raiar da aurora

Violeiro, canta a viola no choro dos amores
se hoje sozinho, tenho ela cancioneiro e senhora
então consola minha solidão e minhas dores
daqui só saio se a viola for embora...

Viola e violeiro deixam eu ter este proveito
do canto e choro da viola, em poesia
pois assim alivia o meu peito...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Maio, 2016
Cerrado goiano

em novembro

vai precisar de festejo
é mês das quarenta velas
assoprar num só bafejo
sem ter parcelas...
são ainda com um tal ensejo
de serem bagatelas

afinal, os primeiros quarenta
e viver se pode, ao dobrar
somado com mais uns “enta”
a vida começa (a)pesar...

coragem e água benta!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
outubro de 2019
para o Márcio Francisco

ego

o poeta, um falsificador
destrincha a escrita
e ele que chora de dor

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado - outubro, 2019 - Cerrado goiano

lombeira

passa lento a lentidão
devagar que dá canseira
o vento sopra mansidão
no cerrado dá lobeira

pasmaceira de vidão...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

🔍 Está em busca de se entender melhor?

Todos os dias, compartilhamos ideias, perguntas e reflexões que ajudam a olhar para dentro — com mais clareza e menos julgamento.

Receba no WhatsApp