Poesias de Robert Louis Stevenson
Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...
Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?
Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Nota: Trecho de poema presente no livro "Poesias de Álvaro de Campos", de Fernando Pessoa (heterônimo Álvaro de Campos).
...MaisMenino chorando na noite
Na noite lenta e morna, morta noite sem ruído, um menino chora.
O choro atrás da parede, a luz atrás da vidraça
perdem-se na sombra dos passos abafados, das vozes extenuadas.
E no entanto se ouve até o rumo da gota de remédio caindo na colher.
Um menino chora na noite, atrás da parede, atrás da rua,
longe um menino chora, em outra cidade talvez,
talvez em outro mundo.
E vejo a mão que levanta a colher, enquanto a outra sustenta a cabeça
e vejo o fio oleoso que escorre pelo queixo do menino,
escorre pela rua, escorre pela cidade (um fio apenas).
E não há ninguém mais no mundo a não ser esse menino chorando.
ÁRIA PARA ASSOVIO
Inelutavelmente tu
Rosa sobre o passeio
Branca! e a melancolia
Na tarde do seio.
As cássias escorrem
Seu ouro a teus pés
Conheço o soneto
Porém tu quem és?
O madrigal se escreve:
Se é do teu costume
Deixa que eu te leve.
(Sê... mínima e breve
A música do perfume
Não guarda ciúme).
(...) e aí estás tu privado de Deus. E recusado. Vejo-te sentado no portal, tendo atrás de ti a porta da tua casa fechada, totalmente separado do mundo, que não passa do somatório de objectos vazios. Porque tu não comunicas com os objectos, mas com os laços que os ligam.
Como é que havias de subir até aí, quando te desprendes disso com tanta facilidade?
DIANTE DAS FOTOS DE EVANDRO TEIXEIRA
A pessoa, o lugar, o objeto
estão expostos e escondidos
ao mesmo tempo, sob a luz,
e dois olhos não são bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.
É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das imagens.
Fotografia-é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando,
e da evanescência de tudo
edifica uma permanência,
cristal do tempo no papel.
Das lutas de rua no Rio
em 68, que nos resta,
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como exorcizar?
Marcas de enchente e de despejo,
o cadáver insepultável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York,
a moça em flor no Jóquei Clube,
Garrincha e Nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois que são fotos.
Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo,
viajas, surpreendes, testemunhas
a tormentosa vida do homem
e a esperança de brotar das cinzas.
Eterno! Eterno!
O Padre Eterno,
a vida eterna,
o fogo eterno.
(Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie.)
— O que é eterno, Yayá Lindinha?
— Ingrato! é o amor que te tenho.
Eternalidade eternite eternaltivamente
eternuávamos
eternissíssimo
A cada instante se criam novas categorias do eterno.
Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma
[força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos loucos
é tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e
[passageiras as obras.
Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um
[mar profundo.
Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos
[afundamos.
É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.
Mas eu não quero ser senão eterno.
Há maquinas terrívelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um cachuto aperte um botão,
Paletós abotoam-se por eletricidade,
Amor e faz pelo sem-fio,
Não precisa estômago para digestão (...)
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Tudo é expressão.
Neste momento, não importa o que eu te diga
Voa de mim como uma incontenção de alma ou como um afago.
Minhas tristezas, minhas alegrias
Meus desejos são teus, toma, leva-os contigo!
És branca, muito branca
E eu sou quase eterno para o teu carinho.
Não quero dizer nem que te adoro
Nem que tanto me esqueço de ti
Quero dizer-te em outras palavras todos os votos de amor jamais sonhados
Alóvena, ebaente
Puríssima, feita para morrer...
Desde a mais tenra infância, Tomás de Aquino deixava de chorar quando se lhe apresentavam livros e manuscritos. Erasmo dizia na juventude: Quando tiver dinheiro, comprarei primeiro livros, em seguida roupas. Luís Veuillot antes mesmo de saber ler experimentava grande alegria quando era presenteado com livros. Consagrou os primeiros e magros recursos à compra dos autores clássicos nos alfarrabistas. Mais tarde quantas horas deliciosas não passou no cais do Sena, folheando livros curiosos!
Por princípio, e com o fim de fortalecer em vós a constância, não deixeis perder nem um só dos minutos preciosos de que dispondes. Aproveitai-vos, como vo-lo diz o Pe. Sertillanges, para aprofundar uma idéia que vos passou pelo espírito sem deixar um sulco nítido, para consultar no dicionário um vocábulo ou uma expressão, para dar a última mão a algum trabalho escrito, assentar notas, classificar documentos.
Bendizei a Providência, meus caros amigos, se vos deu o amor pelo estudo. Ela dotou vossa alma de um título de nobreza. Não deixeis apagar esta chama preciosa, alimentai-a sem cessar pelo trabalho constante, por resoluções enérgicas e muitas vezes renovadas.
A modéstia é o caráter inseparável do verdadeiro conhecimento, da mesma forma que a autossuficiência e a pretensão formam o cunho especial da ignorância e da meia cultura.
Amai a solidão e o silêncio porque favorecem a concentração, condição essencial para o trabalho sério. Para compreender e cultivar a verdade, é imprescindível desligar-se da multidão, fugir das conversas fúteis, das ocasiões de dissipações e da perda de tempo.
O que dá autoridade (ao mestre) não são os anos, nem a elegância do porte, nem o tom e o timbre da voz, nem as ameaças, nem até os castigos: é antes e principalmente a disposição inalterável de bom humor, a decisão inabalável e mansa, um modo de agir impregnado de bom senso e criterioso, afastado de caprichos e violências.
Com a autoridade, impera a ordem; com a autoridade, aparece a estima, o respeito, a obediência; e fica possível a educação.
"O estudo é fonte de felicidade, pois nos preserva do mal. A preguiça, a indolência, os prazeres malsãos não deixam senão remorsos e pesares. O estudo nos faz saborear a felicidade no cumprimento do dever, no desenvolvimento das faculdades, na busca apaixonada da verdade, na intensiva preparação à missão para a qual fomos criados."
Hoje 31 de março é um dia de reflexão! Após 50 anos, um Movimento Militar criou mais uma Ditadura no país. Porque mais uma? Porque o Brasil desde o seu cerne possui uma visão Imperialista, seja de Esquerda ou Direita! Sabemos que aqui nunca houve uma Direita ou Esquerda efetiva! Essa Nação sempre foi movida a interesses! Muitos foram mortos dos dois lados, Homens que fizeram a História! Ninguém explica por exemplo como Castelo Branco morreu atingido por um Avião da FAB. Ninguém cita que a linha dura queria vê-lo morto, pois tinha idéias democráticas que calavam até os Marechais. E JK? E o Jango? (Esses eram óbvios, pois eram líderes da Frente Ampla que com a atuação do grupo, houve o endurecimento das leis com o AI 5). Mais e o Povo onde estava? Estava hipnotizado com os feitos do Milagre Econômico! Assim como aconteceu com a Ditadura Populista de Getúlio Vargas, quando houve a criação das Leis trabalhistas e Olga foi enviada para os Nazistas! O povo permaneceu calado como estivesse vivendo em uma democracia plena! É assim agora com o Lulo-Petismo, que com suas bolsas e "Eventos Internacionais" compram a população que esquece dos assassinatos : de Celso Daniel, de Reputações, dos Venezuelanos e dos Pobres das Favelas. Infelizmente o sonho de todo oprimido é um dia se tornar opressor! O Estado tem que ser Social, porém Democrático! Eu ainda acredito que um dia essa nova geração irá assumir esse Grande País e tudo de ruim não passará de História! Pois como diz Chico Xavier "tudo passa"! E nós estamos cansados de ser intitulados pela Mídia e pelos Partidos de Coxinhas, Todynhos ou Esquerda Caviar! Nós somos simplesmente o "POVO"!
A maioria das pessoas preferem acreditar que precisarão de várias vidas para superar um erro do que errar muitas vezes para ter uma vida.