Poesias de Luis de Camoes Liberdade
O homem mata
tempera,
prepara e
come
E quer matar o bicho
que quer se
alimentar do homem
Quem é o bicho?
Quem é o homem?
O homem-bicho ou
o bicho-homem?
Ao final da tarde penso em um poema,
mas me lembro de que não comprei leite
e corro até a padaria
Amanhã a conta da água
e depois a da energia
e sábado tem o aluguel
E domingo tem a fome
e segunda tem a fome
e sempre tem a fome
Em um dia o dinheiro some,
o poema falece,
os olhos tristes
veem outro dia amanhecer.
Se for caminho
ei de enfrentá-lo
pois a fé dá força
para a paz reinar
Se o que eu desejo
for inalcançável
a minha crença
manter-se-á inabalável
Se faltar brilho
um céu de estrela
pintarei ligeiro
para me iluminar.
A minha mãe rezava,
malemal me lembro
O vento forte
Temporal
Frio
Chuva
Folhas perdidas...
A madeira da casa gemia
tremia em nós o anseio,
mamãe rezava;
Tenho certeza!
Raios luminosos
Insegurança escura
Mamãe tinha fé:
- Santidade,
no altar da minha saudade!
As reticências ainda dormem
nas ruínas das destruições
do tempo estupido e visceral
Antenas anônimas captam
ruídos ruidosos da rua e as
câmaras indolentes
filmam a metrópole aflita
Respingos de caos e sombras
no muro baleado – imóvel -
grafitado de aflições efêmeras
ante os trilhos do destino
Só os egos não veem os fósseis
- Não só Judas, nem só Gení –
Empáfia máfia repugnante:
quem manda pode?
Sobre o amanhã:
- Tudo é igual, nada vejo;
Pouco sinto,
nada sei
Talvez meus olhos amanheçam cheios
e meu sorriso venha a óbito
ao escutar
o grito sofrido dos homens
em brados por justiça.
Mundo ingrato!
A vida traz o inesperado
- Gol olímpico –
Luas aluadas
Sombras que amanhecem
O rio sobe a montanha
em andaimes a espiá-la
e desliza em lágrimas
Vive e cultiva a flor
- Da pele -
Espinha e sente
o odor
da dor que dói
silenciosa
Acena ao divino
num flash de fé
Adormece leve
escutando o coração
Em paz…
Lembranças enfileiradas,
balançadas
na cadeira de palha
de pernas quadradas.
O olhar fixo na estrada
Algum movimento...
- Vento – e mais nada!
O tempo não avança
nesta distância
- Isolamento
Espera demorada.
O azul do céu
- Nos olhos -
aguardando...
Para eu ser feliz
bastam-me bons amigos,
uma morada de versos
rodeada de inspirações...
Uma corda no violão,
canções de fé e otimismo,
uma vertente de benquerença
e apreços no coração...
O barulho da natureza,
o som da poesia em meus ouvidos
e a certeza de que as amizades
são abraços de gratidão.
Caminhando desatento
sem hora, sem rumo
lentamente;
O que importa?
Coração aquietado,
bolsos cheios de mãos,
preso ao desejo de assim não ser:
Silencioso
Ausente
Invisível
Incrédulo
Não há vida
nas ruas...
Nem no íntimo
do andarilho.
A imaginação atemática:
razão em equações enigmáticas,
versos perdem a rima,
grafias fonêmicas anímicas
sem acentuar nada da alma.
Sensibilidade dorme esquecida
Sem sonhos
Sem poesia
Sem vida
A estrela que não brilhou
A semente que não germinou
A flor que o veneno queimou
O ponto cego
O atoleiro inesperado
O vento frio da madrugada
A parte íngreme da estrada
O lixo que o cachorro virou
A carta que voltou
A luz que se apagou
O nada
A vaga negada
O intruso da fruta estragada
Nota destoada
O dente que dói
A mosca da feijoada
Ausência não sentida
Nascer nasceu,
mas nunca teve vida.
A crença é o ofício do pecador
repetida ecoa a prece
como se a salvação
estivesse ancorada na vida
e viver fosse razão...
A santidade é involuntária
bondade é obrigação
se acontece o milagre
ilumina-se o coração.
Do que vivi na casa antiga
restou distância
e o tempo escondido
em momentos infantis
Daqueles amigos
dormem no peito
saudades e peraltices
Outros sonhos,
embarques sem fronteiras
tomados de esperanças
e desejos a realizar
A vida é um caminho
Alguns decolam fácil,
criando futuros novos,
oportunidades a mais
Foi ontem que nos despedimos
Em cada rosto vi saudade,
angústias de afastamentos,
certezas de esquecimentos
Cada um levou uma alma minha
A vida vai me dando outras
Mas as almas daquela época
foram-se todas (as que eu tinha).
Não há culpa
O tempo erra
e a vida segue
O que choramos
não é a morte,
talvez a dor
Jeito de não ser;
Águas
sem rio,
Humanos sem brios.
A janela apoia meu peito
Vejo a multidão aglomerada
pelas calçadas
na rua Solidão
Em mim a comoção
Desejos de abraçar
Enviar-lhes missivas de amor
A ternura enche-me o peito
faz brilhar meus pensamentos
Partículas doces de um sentimento
Jogo ao vento…
Há um nada que me segue
insistente,
mesmo indolente
me flagela
Nada feito de vazios,
de carências ansiosas
- Vida morrendo de sede –
na enchente da modernidade
Vazio que nocauteia
Fímbria de maldições
Velas brancas acendem
para iluminarem-me o chão.
Aos olhos, as cores desbotam
sem brilho, viver não é sorrir
Se não está no olhar, onde estará?
Se a alma não voa
Viver é solidão
Se os olhos reprovam
- Pouco importa –
Quem avalia é o coração.
Sinto meu egoísmo
Minha voz me diz tanto
com tamanha segurança
Sou eu comigo
... Sigo
Me canso
Me abandono
Fico distante
Perco o sono
Sou eu assim:
às vezes comigo,
outras sem mim.
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