Poesias de Chico Buarque

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Quando ela chora
Não sei se é dos olhos pra fora
Não sei do que ri (...) (...) Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é demais
Talvez nem me queria bem
Porém faz um bem que ninguém
Me faz (...) Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem
E fim

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio.

E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão, o seu nome rasguei
Fiz um samba canção das mentiras de amor
Que aprendi com você

Até Pensei...

Junto à minha rua havia um bosque
Que um muro alto proibia
Lá todo balão caia
Toda maçã nascia
E o dono do bosque nem via
Do lado de lá tanta aventura
E eu a espreitar na noite escura
A dedilhar essa modinha
A felicidade
Morava tão vizinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha
Junto a mim morava a minha amada
Com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia
De sonho e fantasia
E a dono dos olhos nem via
Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a a enganar nuca me via
Eu andava pobre
Tão pobre de carinho
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha
Toda a dor da vida
Me ensinou essa modinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha

Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz e atrás dessa mulher mil homens, sempre tão gentis.
Por isso, para o seu bem, ou tire ela da cabeça ou mereça a moça que você tem.

O que a ação revela sobre a pessoa?
Ouça um bom conselho
que lhe dou de graça
Inútil dormir
Que a dor não passa
Espera sentado ou você se cansa
Está provado
Quem espera nunca alcança

Seu homem foi-se embora
Prometendo voltar já
Mas as ondas não tem hora, morena
De partir ou de voltar

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
(...)
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar

(...)Vê como é que anda aquela vida atoa, e se puder me manda uma notícia boa!


(Samba de Orly)

Venha, meu amigo. Deixe esse regaço. Brinque com meu fogo. Venha se queimar. Faça como eu digo. Faça como eu faço. Aja duas vezes antes de pensar... Eu semeio o vento. Na minha cidade. Vou pra rua e bebo a tempestade.

Pense que eu cheguei de leve, machuquei você de leve, e me retirei com pés de lã. Sei que o seu caminho amanhã, será tudo de bom, mas não me leve.

...e se vai continuar enrustido com essa cara de marido, a moça é capaz de se aborrecer... Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz...

Acho uma delícia quando você esquece os olhos em cima dos meus, ou quando sua risada se confunde com a minha.

No palco, na praça, no circo, num banco de jardim, correndo no escuro, pichado no muro... Você vai saber de mim.

Hoje lembrando-me dela; Me vendo nos olhos dela; Sei que o que tinha de ser se deu; Porque era ela; Porque era eu.

Já passou, já passou. Se você quer saber, eu já sarei, já curou. Me pegou de mal jeito mas não foi nada, estancou.

E pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz, você era a princesa que eu fiz coroar e era tão linda de se adimirar!!!

Vem, me dê a mão; A gente agora já não tinha medo; No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido.

Eu por mim sonhava com você em todas as cores, mas meus sonhos são que nem cinema mudo, e os atores já morreram há tempos.