Poemas Vinicius de Moraes Patria minha

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Cuidado! A vida é pra valer.E não se engane não, tem uma só. Duas mesmo que é bom, ninguém vai me dizer que tem sem provar muito bem provado, com certidão passada em cartório do céu, e assinada embaixo: Deus! e com firma reconhecida.
A vida não é de brincadeira, amigo.

Vinicius de Moraes

Nota: Trecho adaptado da música "Samba da bênção", composta por Vinicius de Moraes e Baden Powell.

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Sou um crente - e por que não o ser? A fé desentope as artérias; a descrença é que dá câncer!

Vinicius de Moraes
Para uma menina com uma flor

Nota: Trecho do texto "Amigos meus"

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Não há mal pior que a descrença, mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão.

Vinicius de Moraes
Álbum "Como dizia o poeta"

Nota: Trecho da música "Como dizia o poeta"

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Você bem que podia me aparecer nesses mesmos lugares, na noite, nos bares. Onde anda você?

Vinicius de Moraes

Nota: Trecho da música Onde anda você.

Guarda estes versos que escrevi chorando,
Como um alívio a minha saudade,
Como um dever do meu amor; e quando
Houver em ti um eco de saudade,
Beija estes versos que escrevi chorando.

SE EU MORRESSE AMANHÃ

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada, a minha aldeia estava morta. Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa,.
Eram quase quatro da manhã. Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado. Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada. Preparei minha máquina de novo. Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado. Fotografei o perfume. Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo. Fotografei o perdão. Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com maiakoviski – seu criador. Fotografei a nuvem de calça e o poeta. Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.

Manoel de Barros
BARROS, M. Ensaios fotográficos. Rio de Janeiro: Editora Record, 2000.

Ah! minha Dinamene! Assim deixaste

Ah! minha Dinamene! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!

Como já pera sempre te apartaste
De quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?

Nem falar-te somente a dura Morte
Me deixou, que tão cedo o negro manto
Em teus olhos deitado consentiste!

Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte!
Que pena sentirei que valha tanto,
Que inda tenha por pouco viver triste?

PORQUE MENTIAS?

Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e se minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?

Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?

Sabe Deus se te amei! sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe esse pobre coração que treme
Que a esperança perdeu por que mentias!

Vê minha palidez - a febre lenta
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito! Eu morro! Eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?

Felismente existe o álcool na vida.
Uns tomar éter, outros, cocaína.
Eu tomo alegria!
Minha ternura dentuca é dissimulada.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Estou farto do lirismo comedido.
Como deve ser bom gostar de uma feia!
Pura ou degradada até a última baixeza
eu quero a estrela da manha.
... os corpos se entendem, mas as almas nao.
- Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres.

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu meus cartões de visita
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minha dieta
O amor comeu todos os meu livros de poesia
O amor comeu meu Estado, minha cidade
O amor comeu minha paz, minha guerra, meu dia e minha noite
Meu inverno, meu verão
Comeu meu silencio, minha dor de cabeça
O meu medo da morte

Castanho-luz

Meu mundo está castanho:
Meus sonhos
Minhas músicas
Meus poemas
É a cor dos teus olhos que combinam tanto com o tom da tua pele clara e voz amiga.
Não preciso negar que afundei
Mergulhei de vez
No mar castanho-luz dos olhos teus.

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

Vinicius de Moraes
Livro de Letras

Nota: Letra da música "Eu sei que vou te amar", composta por Vinícius de Moraes e Tom Jobim

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Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia

Vinicius de Moraes
Álbum "10 anos de Toquinho e Vinicius"

Nota: Trecho da música "Para viver um grande amor"

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A um passarinho

Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis
Deixe-te de histórias
Some-te daqui.

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz

Vinicius de Moraes

Nota: Trecho da música "Amor em paz"

Darling,

Se você soubesse como a minha vida ficou monótona; tão sem gosto de nada. Às vezes tenho impressão que não vou poder mais aguentar nem mais 5 minutos sem te ver.
E ainda faltam tantos 5 minutos, meu bem.
Eu te adoro, te entendo, te venero. Tu és a minha vida, meu tudo. É diferente. Eu sou teu escravo, teu criado e tua cria. E tu és a minha namorada ilícita, esposa amantíssima e cidadã ímpar na Terra.

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa
Poesias Inéditas (1919-1930)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

Fernando Pessoa

Nota: Trecho do poema "Autopsicografia", de Fernando Pessoa.

Quem sabe um dia

Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!

Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!

Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!

Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!

Desconhecido

Nota: O poema costuma ser atribuído a Mario Quintana, mas não há fontes que confirmem essa autoria.