Poemas Vinicius de Moraes de Mar
Cinzas
O brilho, orla metálica
deslizando sobre
as falanges desertas
simples arremesso
entre o sentido
e a palpitação
fluindo sob o adarve da aorta
e a masmorra do ventrículo
como se a noite depusesse
a pétala, no cinzeiro lírico do amor
e aguardasse uma só face
estendida na promessa,
oxigenando o rosto do beijo,
sobre o jorro das cinzas agasalhadas
numa só face…
a tua face,
desenleando ternos olhares nas mãos
que te ampararão.
Caí na desgraça
Se um dia saí de dentro de mim,
Se um dia vivi tudo até ao fim.
Nesse dia gritei pela vida passada,
Nesse dia chorei pela outra estrada.
Nesse dia olhei e já não vi nada.
Então no deserto onde eu estava,
Descobri de certo o que se passava.
O fim era agora já estava aqui.
Já, sem mais demora o epílogo li,
E vi-te senhora...tão longe daqui.
Se um dia voltar eu hei-de querer,
Eu hei-de abraçar todo o viver.
Mas por enquanto mais nada se passa,
Estás longe e portanto caí na desgraça,
De te amar tanto...que nunca mais passa.
Hoje ninguém existe.
Nem o meio termo nem a saudade,
O sol poente e a neve dos altos montes
Longínquos como temos sido
Acabou agora mesmo de cessar.
Hoje toca o sino da igreja
Que assinala o nosso fim
Estende-se fúnebre pelas casas e pelas ruas
E desvanece como que perdido
Assim nós o temos sido.
Hoje nada é nada.
Nós somos como pó no meio da estrada,
Somos relembrados, somos esquecidos,
Somos uma tempestade e um vendaval,
Uma origem e um final...
Se fosse tão fácil
Eu juro que eu mudaria minha cara
Todo dia pra ficar diferente
Inventaria uma nova melodia
Pra te ver sempre contente
Se fosse tão fácil
Eu juntaria meu passado e meu futuro
E te daria de presente
E todo livro de romance seria sobre a gente
Não mudaria uma vírgula do que eu sinto
E se alguém me perguntar se é bom, eu minto
Não quero te perder
Não quero dividir você
Se fosse tão fácil, enfrentaria o mundo inteiro
E você me chamaria de valente
Eu remaria contra todas as correntes
Só pra te alcançar
Você deixa um pedaço seu
Em cada coisa que tocar
E agora que cê tá indo
Eu tenho que me acostumar
Com o cheiro no travesseiro
Com o gosto no meu jantar
Com o jeito que a mala fica no maleiro
Porque a gente não vai mais viajar
Você leva um pedaço meu
Quando essa porta se fechar
De tudo que virou vício
Eu tenho que desapegar
Tipo mexer no seu cabelo
Te fazer rir até cansar
Ou aquela nossa música do Zeca Baleiro
Que eu não posso mais escutar
Penso em você sempre na hora errada
Desde quando acordo até madrugada
Fala pra mim
Que isso não é uma besteira da minha cabeça
Antes que eu enlouqueça assim
Diz que sente o mesmo também
Como é que você quer sair sem mim
Se eu nunca deixei de ter fé em você
Sempre disse que daria certo
Desde que eu estivesse perto
Mares
"Somos como os mares,
Uns tão cheios, mas tão impuro,
Outros aparentemente completos, mas nada passa por lá.
São como mares sem peixe, são como mares sem vida.
São apenas águas bonitas,
Pessoas entram e saem, sem deixar aviso prévio.
Eles fingem sentir.
Somos agitados, e nos perdemos no caminho.
Assim são os mares,
Quando chegam as noites as pessoas se vão,
Mas permanecemos vazios, em busca de algo que nos preencha."
Moça do cabelo dourado meio encaracolado
Você é mais que uma emoção
Te dou a minha vida e dou até meu coração
Acorda vai
Vamos brincar de ficar
Bem coladinhos e de frente pro mar
Vamos brincar de rolar num chão de areia sem pensar
Eu voo lá pro céu
Pra buscar uma estrela pra você
Eu faço uma canção
Pra tentar fazer você não esquecer
Eu paro o mundo
Pra você ficar, cada vez mais perto
E lá no fundo
Eu posso encontrar, de coração aberto
Tudo o que você quiser
Me mostra o teu mundo
Nem que num segundo
Eu seja só seu refém
Te dou meu carinho,
Me faço de ninho
Pra te proteger
Remover mensagemYeda Moraes Souza Machado
"Quem sabe escrever,escreva.
"Quem sabe falar, fale.
Tudo na luta pela justiça é válido!
O que não é válido é a inércia e a omissão!..." (yedamsm citando Dom Helder Câmara em trecho e discurso de posse na APAL, em 06/10/2009)
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for.