Poemas quando vai Falar Comigo

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Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Vou te falar um lugar-comum desprezível, agora, lá vai: você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off.

Falar com você de novo, faz meu coração perceber que eu não superei o que eu achava que tinha superado.

Haverá algo mais belo do que ter alguém com quem possa falar de todas as suas coisas como se falasse consigo mesmo?

Todo mundo tem suas manias, eu tenho as minhas. Mania de mexer no cabelo de 5 em 5 minutos, falar alto, encarar quem me olha demais. Mania de pensar demais em você, de acreditar em horas iguais, de ficar imaginando as coisas antes de dormir, mania de rir por bobeira e chorar de nervoso, mania de escutar uma música e ficar me imaginando nela, mania de mudar de humor constantemente, mania de ver minha vida como se fosse um filme - como se ainda fosse ter um final feliz -, mania de ter medo de tudo, de falar o que eu sinto e de te perder. Mania de pensar no que já fiz e repetir tudo, mesmo que me arrependa.

Preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada.

Quando a ouviam falar, diziam: "É um policial"; Quando a viam beber, comentavam: "É um carroceiro"; Quando a viam dar ordens a Cosette, garantiam: "É um carrasco".

Eu procurei em outros corpos encontrar você, eu procurei um bom motivo pra não falar, procurei me manter afastado, mas você me conhece, faço tudo errado. Vou te esquecer nem que vou, só por uma noite... mas só de ouvir a sua voz, já me sinto bem, mas se é difícil pra você tudo bem, muita gente se diverte com o que tem.

Ou estarei apenas adiando o começar a falar? por que não digo nada e apenas ganho tempo? Por medo. É preciso coragem para me aventurar numa tentativa de concretização do que sinto. É como se eu tivesse uma moeda e não soubesse em que país ela vale. Será preciso coragem para fazer o que vou fazer: dizer. E me arriscar à enorme surpresa que sentirei com a pobreza da coisa dita. Mal a direi, e terei que acrescentar: não é isso, não é isso! Mas é preciso também não ter medo do ridículo, eu sempre preferi o menos ao mais por medo também do ridículo: é que há também o dilaceramento do pudor. Adio a hora de me falar. Por medo? E porque não tenho uma palavra a dizer.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.

Bíblia
Mateus 6:7-8

As pessoas têm medo de falar o que elas acham de verdade, têm medo até de pensar em algumas coisas.

É mais seguro escrever do que falar; falando improvisamos, para escrever refletimos.

Acontece que eu não sei pensar antes de falar, como a maioria das pessoas, então eu vou falando e só penso depois.

Enquanto escrever e falar vou ter que fingir que alguém está segurando a minha mão.
Oh, pelo menos no começo, só no começo. Logo que puder dispensá-la, irei sozinha. Por enquanto preciso segurar esta tua mão – mesmo que não consiga inventar teu rosto e teus olhos e tua boca.

Clarice Lispector
A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não pode falar em Direitos Humanos um país que pratica a pena de morte. A vida é o maior de todos os direitos do homem.

Tanta gente nasce e morre sem dialogar com a vida. Contam coisas, falam por falar, mas não conversam, não usam a palavra como elemento de troca.

"Porque falar a gente fala sobre tudo e sobre todos, o que mais temos é opinião. Mas autoconhecimento, mesmo, a gente ganha é através do enfrentamento, e não com especulações."

“Trata-se do namoro, alguns já ouviram falar. É quando cada um mora na sua casa e tem rotinas distintas e poucos horários para se encontrar, e esse pouco ganha a importância de uma celebração.”

" O rapaz se virou então para a Mão que Tudo havia Escrito. E ao invés de falar qualquer coisa, sentiu que o Universo ficava em silêncio, e ficou em silêncio também.
Uma força de Amor jorrou de seu coração, e o rapaz começou a rezar. Era uma oração que nunca tinha feito antes, porque era uma oração sem palavras ou sem pedidos.
Não estava agradecendo pelas ovelhas haverem encontrado um pastor, nem implorado para vender mais cristais, nem pedindo para que a mulher que havia encontrado estivesse esperando sua volta. No silêncio que se seguiu, o rapaz entendeu que o deserto, o vento, e o sol também buscavam os sinais que aquela Mão havia escrito, e procuravam cumprir seus caminhos e entender o que estava escrito numa simples esmeralda. Sabia que aqueles sinais estavam espalhados na terra e no espaço, e que em sua aparência não tinham qualquer motivo ou significado, e que nem os desertos, nem os sois, e nem os homens sabiam porque tinham sido criados. Mas aquela Mão tinha um motivo para tudo isso, e só ela era capaz de operar milagres, de transformar oceanos em desertos, e homens em vento.
Porque só ela entendia que um designio maior empurrava o Universo a um ponto onde os seis dias da criação de transformariam na Grande Obra.
E o rapaz mergulhou na Alma do Mundo, e viu que a Alma do Mundo era a parte da Alma de Deus, e viu que a Alma de Deus era sua propria alma. E que podia então realizar milagres.

O Alquimista

O que acontece com as crianças

Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo. Naturalmente, quase sem querer, numa espécie de método subliminar. Em meus tempos de criança, era aquela encantação. Lia-se continuamente e avidamente um mundaréu de historia (e não estórias) principalmente as do Tico-tico. Mas lia-se corrido, isto é, frase após frase, do princípio ao fim.
Ora, as crianças de hoje não se acostumam a ler corretamente, porque apenas olham as figuras dessas histórias em quadrinhos, cujo “texto” se limita a simples frases interjeitivas e assim mesmo muita vez incorretas. No fundo, uma fraseologia de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas.
Exagerei? Bem feito! Mas se as crianças, coitadas, nunca adquiriram o hábito da leitura, como saberão um dia escrever?