Poemas quando eu me Amei de Verdade

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O Desaparecido

Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar, com um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro de mim.

Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica muito antiga num dia sem assunto, uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico. Olho-me no espelho e percebo que estou envelhecendo rápida e definitivamente; com esses cabelos brancos parece que não vou morrer, apenas minha imagem vai-se apagando, vou ficando menos nítido, estou parecendo um desses clichês sempre feitos com fotografias antigas que os jornais publicam de um desaparecido que a família procura em vão.

Sim, eu sou um desaparecido cuja esmaecida, inútil foto se publica num canto de uma página interior de jornal, eu sou o irreconhecível, irrecuperável desaparecido que não aparecerá mais nunca, mas só tu sabes que em alguma distante esquina de uma não lembrada cidade estará de pé um homem perplexo, pensando em ti, pensando teimosamente, docemente em ti, meu amor.

Rubem Braga
BRAGA, R., A Traição das Elegantes, Editora Sabiá, Rio de Janeiro, 1967

Sabe, mocinha, eu sou como o ar.
Etéreo. Inconstante. Imprevisível.
Eu posso te carregar comigo,
soprar suavemente em teu rosto,
ou simplesmente ir embora, bruscamente, feito furacão.
Mas curiosamente, isto não depende de minha vontade:
tudo depende apenas de você
e de como você será comigo.

E desde quando você se foi
Me pego pensando em nós dois
E eu não consigo ver aonde que eu errei
Se um dia eu fiz você chorar nem meses vão te recuperar
me da uma chance para mostrar que eu mudei.

Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.

Oscar Wilde
O retrato de Dorian Gray.

Nota: Trecho adaptado de um diálogo do livro "O retrato de Dorian Gray".

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Quando guri, eu tinha de me calar à mesa: só as pessoas grandes falavam. Agora, depois de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem.

Quando procuro o que há de fundamental em mim, é o gosto da felicidade que eu encontro.

Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz.

Eu sei de que maneira pródiga a alma empresta / Juramentos à língua quando o sangue arde.

Quando eu era moço observei que nove das dez coisas que eu fazia fracassavam. Como não desejava fracassar, eu trabalhava dez vezes mais.

Quando eu era jovem, de manhã alegrava-me, / de noite chorava; hoje que sou mais velho, / começo duvidoso o meu dia, mas / sagrado e sereno é o seu fim.

Quando uma pessoa fica longe muito tempo, você começa a guardar na memória todas as coisas que quer contar. Tenta manter tudo organizado na cabeça. Mas é como tentar segurar um punhado de areia: os grãos mais finos escapam da mão, e, de repente, você só está segurando ar e grita. É por isso que não se pode tentar guardar tudo assim.

Amar talvez seja isso...
Descobrir o que o outro fala mesmo quando ele não diz.

Se você quer saber se fez bem a uma pessoa é só você descobrir se, quando saiu da vida dela, você a deixou melhor do que quando a encontrou.
Quem ama de verdade torna a outra pessoa melhor do que ela é, empresta os olhos para a pessoa se ver melhor, se ver mais corajosa, mais bonita.

Acho que a felicidade é uma espécie de susto; quando você vê, já aconteceu. Ela é justamente uma construção pequena de todos os dias...

Procure sempre uma ocupação; quando o tiver não pense em outra coisa além de procurar fazê-lo bem feito.

Quando dois corações se querem entender, ainda que falem hebraico, descobrem-se logo um ao outro.

Machado de Assis
Fernando e Fernanda (1866).

A perfeição não é alcançada quando já não há mais nada para adicionar, mas quando já não há mais nada que se possa retirar.

Quando a gente anda sempre para a frente, não pode mesmo ir longe…
(O Pequeno Príncipe)

Antoine de Saint-Exupéry
O pequeno príncipe (1943).

Não é mau este costume de escrever o que se pensa e o que se vê, e dizer isso mesmo quando não se vê nem pensa nada.

Machado de Assis
Memorial de Aires (1908).

Vislumbrei um clarão no mistério da sua presença...
...Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer...