Poemas q Estao de Luto por Pai q Morreu
Sob o céu da Humanidade
somos emigrantes quando
saímos do nosso próprio
país de origem para outro.
Sempre quando chegamos
para viver em outro somos
imigrantes legais ou ilegais,
mas nunca criminosos.
Quem ficou não tem o direito
de esconjurar quem foi
ou quem vai da mesma maneira.
Se houver volta em más condições
ou com algemas cabe proteger os nossos
como ato de proteção a nós mesmos.
Navegar com muita calma
pelas Pequenas Antilhas
para ter sempre precisão
por onde for e além dos dias.
Levar a vida com diversão
ir para Jack-A-Dan Island
mergulhar entre os corais
e quem sabe vir a te alcançar.
Com as minhas mãos e o olhar
nos teus olhos nas profundezas
de nós do nosso jeito de amar.
Assim há de ser para a nossa
hora de viver vir acontecer,
e não haverá nada para impedir.
Com os meus olhos
cosmonautas fui buscar
na Lua Crescente
sobre o Médio Vale do Itajaí
a tranquilidade que sinto
por ser visitada por ela aqui.
Minha Cidade de Rodeio
de todas e muitas luas
com o seu esplendor
inspira o meu poético andor.
Dormir, acordar e viver
em paz é algo caro
que nos dias de hoje
muitos já não têm mais
condições de desfrutar,
e no nosso lugar cabe cada
um de nós pela paz zelar.
Porque há outros pelo mundo
afora que não tem nem
noção de que a guerra
pode estar a se aproximar.
Feito Cayo Francisquí
com corais visíveis no meio
do azul infinito do mar
e das correntes a me levar.
É assim que leio o olhar
e cada teu pausar
quando o coração parece
diante das se tranquilizar.
Nas veias tens as correntes
ideais das Pequenas Antilhas
que perfeitas para navegar.
Não vejo outra rota a ousar,
quero além do azul do mar,
e muito mais do que estrelas contar.
Carregadeira levando
grão de açúcar
para o seu coração
sempre adoçar,
É assim que a poesia
contigo fará lar.
...
Não sei cantar
a Carrasquinha,
você pode me ensinar
para a gente fazer
com alegria essa roda rodar.
...
Uma Carranca esculpi
para colocar na minha proa,
Muita gente não acredita
que a vida sempre desafia,
e ela não falha, justa e boa,
Por isso para a poesia
sempre vou dar carona.
Depois de tanto
andar a pé,
Só um pouco
de Cimé
para ficar de pé
e continuar
a seguir com fé.
...
A minha sorte tem
algo de Coaraci e Jaci
neste berço esplêndido,
Ninguém tira o meu
orgulho deste lindo
Brasil Brasileiro
que devoto pleno
o espírito e o peito.
...
Na mata ver
um levado Coatá,
Alegria igual não há.
...
Depois de dançar
Coco comer
uma boa Cocada,
Se assim for
com você não
preciso mais de nada
para levar a vida
leve e apaixonada.
...
Depois de encher
o Cocho dos animais,
Tocar Viola de Cocho
sempre alegria traz,
Tem gente que
não sabe há diferença
entre os dois
e outros que nem
se lembram disso mais,
Há quanto tempo faz
de uma vida caipira e em paz.
Fazer-te minha propriedade
privada como a Ilha Queimadas
na Baía do Babitonga é uma
ambição que não abro mão.
Algo de muito de Carijó ainda
permanece em nós e brinda,
e sei que não nada que impeça
de todo o coração e os pés na terra.
Tu haverá de ir e sempre
irá para mim regressar porque
de dentro de ti não tirará.
.
Porque não há mais como negar
a absoluta dama das tuas auroras
e a glória do amor do tamanho mar.
Quando a constelação
Cruzeiro do Sul
encontra a posição
no nosso Hemisfério,
Coloco a confiança
sob a Chakana
pelos teus olhos
que tanto enalteço,
e venero acordada
porque não te esqueço.
Cosmos das três Américas
sob o Sol da verdade,
Lembro de uma terra que
há muito tempo o seu
choro ninguém escuta
ou se interessa por sua
luta e o quanto sofre,
Tudo isso faz por um
com que pare, ore
e peça que ao Haiti
alguém traga a liberdade
e a paz que alcance com equidade.
Bumba Meu Boi Canarinho
O Capitão avança, dança
e anuncia levantando
a alegria e a festança
que com ele vem chegando
para fazer a gente sacudida.
Bumba Meu Boi Canarinho
caiu no laço do Vaqueiro,
coitado, pobrezinho,
O Bumba Meu Boi agonizou,
e depois ninguém
mais ouviu se ele suspirou.
O Pai Francisco e a Mãe Catirina
estão preocupados
com o Dono da Fazenda
porque o Bumba Meu Boi Canarinho
era dos bois o preferido.
Pares de indígenas,
eles rapazes e elas meninas,
Junto com os Caiporas
acompanham o ritmo
dos músicos e a direção
que apontam os Caboclos.
O Cazumbá mantém
a ordem entre os Brincantes
enquanto a Burrinha
chora pela perda do querido
Bumba Meu Boi Canarinho.
O Dono da Fazenda foi
com fé atrás do Pajé,
E foi assim que ressuscitou
o Bumba Meu Boi Canarinho,
e todo o mundo pela rua comemorou.
Sem querer, o amor!
Enquanto procurar o amor, estará condicionado a premissas que não, necessariamente, condizem com o que é melhor ou pior.
Partindo do princípio de que tudo que nos incomoda no outro é o mais puro reflexo dos nossos próprios defeitos, para amar, não defina, não estipule ou especifique a si próprio, inconscientemente, no outro, visto que, consciente, inevitavelmente não se suportará.
Simplesmente, não procure!
Deixe a espontaneidade revelar o que realmente completa, não complementa.
O amor deve ser completude em adição,
Não em complementação.
No que complementa,
O que já tem aumenta.
No que completa,
O que não tem integra.
Em 1500 quando fomos invadidos, domesticados, colonizados pela força, nos apagaram até as marcas de nossa civilização, de nossa cultura, de nossa história. Fomos chicoteados, amordaçados, vilipendiados...
Nos levaram o ouro, a prata, a cana, a madeira e nos chamaram de BRASILEIROS, como uma referência a quem extrai pau Brasil, nosso gentílico faz alusão ao trabalhador braçal que contribuía com a extração de nossa madeira que levada para a Europa serviria para virar tinta. É tão verdade que não somos BRASILIANOS tal qual os Italianos ou Americanos, nem BRASILIÊS tal qual o Português ou Norueguês. A propósito, somos o único país que adota o sufixo "EIRO" na descrição de sua nacionalidade, tal qual o faxineiro ou garimpeiro.
Nossas heranças culturais enraizadas em nossos hábitos nos dizem muito de quem somos. Mais de 500 anos depois (só para constar, somos mais velhos que os Estados Unidos da América), mesmo sendo um país soberano, livre e o maior produtor e exportador para o mundo de suco, café, soja, carne, frango, leite, minério, açúcar, celulose, algodão... Tendo um imensa biodiversidade deveras invejada pelos países estrangeiros, um traço multicultural único, um extenso território geograficamente equilibrado para cultivo de diversas culturas do agro, ainda vemos, em plenos dias atuais, um sentimento aflorado de "capaxismo" e de submissão de nosso povo imperando, como se, amarrados a grilhões que não existem e experimentando uma síndrome de Estocolmo por seu algoz, se sentissem bem em se ajoelhar e beijar os pés daqueles que outrora os domesticaram pela força e pelo chicote de verdade, só que dessa vez a resignação é voluntária.
VIRADA
Começa a haver meia noite, memoração
Como se tudo no tilintar das taças finda
Calam-se os corações, os fogos falam
Abraços hão de haver, de haver ainda
E o universo inteiro sozinho...
O meu fadário calado e na berlinda
Do silêncio na inspiração d'um ninho
Ruídos da rua, passos de ida e vinda
E os festejos sussurrando baixinho
E sozinho o universo inteiro...
Felicitações me são dadas do vizinho
Pelo ar ecoam acumulação de cheiro
Então deixo ilusões na taça de vinho
E velo solenemente o meu cativeiro
E inteiro sozinho o universo...
No rés do chão ter esperanças é roteiro
Já o pensamento na saudade disperso
Esperando, escutando, leve e sorrateiro
Qualquer coisa, antes de dormir, averso
Sozinho, solitário não, romeiro...
Vou dormir! Amanhã, dia outro e diverso.
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Poeta do cerrado
ADEUS ANO VELHO
Deste que passaram-se horas
Do velho ano
Do ano que já é outrora
Agora recordação, tempo profano
A cada segundo, minuto, hora
Dia após dia, quotidiano
O tempo vai, vai embora
Sorrateiro e ufano
Muito antes, antes de mim
Veloz e insano
Sem parar, até o fim...
No diverso plano
Vida que segue, "Quixotesco" no seu rocim
Adeus velho ano!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Poeta do cerrado
SONETO SONHADO
Sonhei que saudade de ti sonhava
Aqui pelas bandas do meu cerrado
Foi tão bom, uma pena ter acabado
Pois nele, sonho, contigo eu estava
Que pena... era um sonho sonhado
De lembranças em que a alma lava
Onde a tua falta na minha ali ficava
Em um silêncio d'um afeto amado
Sonhei hoje contigo, nem imaginava
Ter-ti tão manifesto ali ao meu lado
Num sonho, que nostalgia passava
Queria de ti, não estar desamparado
E sonhar-ti, onde só amor anunciava
Eterno sonho, eternamente no fado...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
CHUVA NO CERRADO ( soneto)
Canta chuva, no cerrado, uma cantata
E há, feérico coro no planalto fustigado
De gotas do céu num tilintar animado
Como que um suave retinir de prata
Bendita chuva que ao chão imaculado
Batiza a secura com água que desata
Verdes relvas e fulgor novedio da mata
Num renovo de um frescor empanado
Alvor ideal que desponta na fragata
Do sertão, num úmido beijo desejado
Arejando, generosa, em trínula volata
Ah! Num regozijo do viver denodado
Num delíquio louco, ri-se escarlata
A encantada chuva que cai no cerrado
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 04, 2017
Cerrado goiano
CERNE (soneto)
Do ventre do cerrado ergui meu gemido
Estrugido duma saudade que me eivava
Furtando o fôlego duma dor que escava
O coração já aturado e um tanto dividido
Da solidão a tramontana reviu-se escrava
No cerne da sofrença no peito desfalecido
Que és de tudo escárnio no fado contido
Grito! Que ao contentamento então trava
Que labareda tal me arde no esquecido
Me remanescendo qual tétrica cadava
E me prostrando na réstia do suprimido?
E, se toda sorte aqui me falhe, és clava
A esperança, dum regresso ainda vivido
Factível, sem os que a quimera forjava...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
LACUNA (soneto)
Solidão, de insistir-te, não és esquecida
A saudade anda exagerada em te trazer
Nem sequer és o pretexto do meu viver
Pois se a sorte é triste, alegre é a vida!
Nada neste exagero é de fato pra crer
Se há ganhos e perdas, vinda e partida
Ter desvario é querer chuchar a ferida
O vital é mistério, bom é se surpreender
Pois a mesma estória tantas vezes lida
Traz história enlouquecida ao escrever
Tudo passa, não é só subida e descida
Ai, pode voar o tempo, tempo morrer
Tudo tem princípio e o fim, na medida
E nesta metamorfose, vai o nosso ser...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
2017, início de janeiro
ENTRANHAS (soneto)
Então? Poucos estarão ao teu lado
Tua sorte vai até quando fores útil
O desprezo é porção do lado fútil
Lamentável, da ingratidão é aliado
De tão cego o afago se torna inútil
Vários hão ambição, pouco agrado
Onde o olhar se faz fragor calado
E o abraço repulsa num solo fértil
Afaze-te ao discernir denodado
Da injustiça encontrarás o covil
Da proteção o ferrolho trancado
Não te faças de amigo neste ardil
Nem formidável no vil acordado
A dor calejada, pode ser gentil!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
AMOLDO VERSOS (soneto)
Eu amoldo versos como artesãos
Do barro inviolado a transfiguração
Livre é o saltimbanco do coração
Que trova alumbramentos cortesãos
Nas pontas dos dedos em convulsão
A quimera arranha os tarares anciãos
Com a lira d'alma nos gemidos sãos
Escorrendo expressão da imaginação
Gota a gota, tato a tato nos corrimãos
Das vozes que aos amados clamam
E das odes que saem como bênçãos
Neste improviso tem dores, emoção
Solidão. Na cata dos sensíveis grãos
Da poesia. Transformados em canção!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp