Poemas para quem Partiu dessa Vida

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“Desmediocrize sua vida. Procure seus “desaparecidos”, resgate seus afetos. Aprenda com quem tiver algo a ensinar, e ensine algo àqueles que estão engessados em suas teses de certo e errado. Troque experiências, troque risadas, troque carícias. Não é preciso chegar num momento limite para se dar conta disso. O enfrentamento das pequenas mortes que nos acontecem em vida já é o empurrão necessário. Morremos um pouco todos os dias, e todos os dias devemos procurar um final bonito antes de partir.”

Quero mais um uísque, outra carreira. Tudo aos poucos vira dia, e a vida - ah, a vida - pode ser medo e mel quando você se entrega e vê, mesmo de longe.

Tudo na vida volta, tudo na vida vai.. Tá tudo em cima, tá tudo lindo agora, a gente junto, o mundo que vá embora com suas juras falsas, com seus anúncios falsos. Tá tudo OK, tá tudo na boa agora. A gente chora, a gente ri, tem hora, hora pra tudo, hora pra ir embora...

Portanto, entre querer e alcançar, flui sem cessar toda vida humana. O desejo, por sua própria natureza, é dor; já a satisfação logo provoca saciedade: o fim fora apenas aparente: a posse elimina a excitação, porém o desejo, a necessidade aparece em nova figura; quando não, segue-se o langor, o vazio, o tédio, contra os quais a luta é tão atormentador quanto contra a necessidade.

Há horas na vida em que a mais leve contrariedade toma as proporções de uma catástrofe.

Acho uma graça essas pessoas que acham “o amor da vida” umas 5 vezes por ano.

Levo uma vida diária vazia e agitada. Passo o tempo todo pensando – não raciocinando, não meditando mas pensando, pensando sem parar. E aprendendo, não sei o quê, mas aprendendo. E com a alma mais sossegada (não estou totalmente certa). Sempre quis “jogar alto”, mas parece que estou aprendendo que o jogo alto está numa vida diária pequena, em que uma pessoa se arrisca muito mais profundamente, com ameaças maiores. Com tudo isso, parece que estou perdendo um sentimento de grandeza que não veio nunca de livros nem de influência de pessoas, uma coisa muito minha e que desde pequena deu a tudo, aos meus olhos, uma verdade que não vejo mais com tanta frequência. Disso tudo, restam nervos muito sensíveis e uma predisposição séria para ficar calada. Mas aceito tanto agora. Nem sempre pacificamente, mas a atitude é de aceitar.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Nota: Trecho de carta para Fernando Sabino, escrita em 5 de outubro de 1953.

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Hoje acordei pra viver, levantar e seguir em frente. Porque a vida sempre pede um pouco mais da gente. Veja bem, a vida, não os outros. Hoje vou viver pra esperança, pra coisas bonitas e sorrisos largos. Mesmo que tudo dê pra trás…

No fundo, a culpa de tudo o que acontece em nossa vida é exclusivamente nossa. Muitas pessoas passaram pelas mesmas dificuldades que passamos, e reagiram de maneira diferente. Nós procuramos o mais fácil: uma realidade separada.

A vida intelectual é a busca pela infantilidade pela fuga às responsabilidades que temos ao viver a realidade.

A minha vida é um todo indivisível, e todos os meus atos convergem uns aos outros; e todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda humanidade.

‎Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir.

‎Tem um lema de vida – aliás muito apropriado: “Somente as pedras não sobem à tona quando caem no fundo de um poço”.

Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações.

Se a dor tiver que vir, que venha rápido”, eu disse. “Porque tenho uma vida pela frente, e preciso usá-la da melhor maneira possível.

Numa dessas você esbarrou com o amor da sua vida sem querer, na fila da padaria, atravessando a rua ou até mesmo no intervalo da escola.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.

Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou. Uma réstia de parte do sol, um campo, um bocado de sossego com um bocado de pão, não me pesar muito o conhecer que existo, e não exigir nada dos outros nem exigirem eles nada de mim. Isto mesmo me foi negado, como quem nega a esmola não por falta de boa alma, mas para não ter que desabotoar o casaco.

Talvez eu agora soubesse que eu mesma jamais estaria à altura da vida, mas que minha vida estava à altura da vida. Eu não alcançaria jamais a minha raiz, mas minha raiz existia.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Mas chega uma hora na vida que a gente tem que parar de ser boa com os outros e ser boa primeiramente com a gente. Fiquei amarga? Não mesmo. Agora eu sou prática. Vacilou? A porta está aberta, meu bem. Sem dó nem piedade. Me desculpem, então, os que larguei á deriva. Salve-se quem puder!