Poemas para quem Partiu dessa Vida

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O que me resta da vida? Como é estranho, só me resta aquilo que dei aos outros.

Para agradar aos homens é preciso professar o que cada um desses homens repudia e odeia na sua vida secreta.

Agimos como se o conforto e o luxo fossem os requerimentos principais da vida, quando tudo o que precisamos para nos fazer felizes é algo pelo que ser entusiástico.

Nós só vivemos contradições e para as contradições; a vida é tragédia e luta perpétua sem vitória e sem esperança de vitória; ela é contradição.

É necessário ter amor pela vida para o prosseguimento vigoroso de qualquer intento.

A vida é amarga e doce. Por isso não há outra forma de descrevê-la senão captando esses dois sabores.

À medida que a vida e os anos nos maltratam, aprendemos finalmente a conhecer-nos. Mas, nessa altura, já não vale geralmente a pena estabelecer relações.

Também leio livros, muitos livros: mas com eles aprendo menos do que com a vida. Apenas um livro me ensinou muito: o dicionário. Oh, o dicionário, adoro-o. Mas também adoro a estrada, um dicionário muito mais maravilhoso.

Os dados reais da vida não têm valor para o artista, são unicamente um ensejo para manifestar o seu génio.

Ó meu amigo, não te limites a aspirar à vida do possível, esgota antes o campo do possível.

Se a vida é um mal, por que tememos morrer; e se um bem, por que a abreviamos com os nossos vícios?

O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas.

Todos os homens que se aborrecem num planeta passam a sua pobre vida a procurar outro.

Essa outra vida que é esta vida desde que nos preocupemos com a nossa alma (...).

Émile-Auguste Chartier
ALAIN, Histoire de mes pensées, Impr. moderne, 1936

A vida é um movimento de assimilação progredindo sem cessar. No seu caminho suprime todos os obstáculos, assimilando-os. A sua essência é a criação contínua de desejos e de ideais.

Os males da vida são os nossos melhores preceptores, os bens, os nossos maiores aduladores.

A vida humana é uma intriga perene, e os homens são recíproca e simultaneamente intrigados e intrigantes.

A fortuna aumenta a vida, na medida em que aumenta a possibilidade, que é a própria vida sentida. A vida é a conservação do possível.

Não é por ter sido honesto uma vez que se pode passar o resto da vida a descansar.

O que me interessa, é a vida dos homens que falharam visto significar isso que tentaram ir para além das suas possibilidades.