Poemas para Conquistar uma Garota Desconhecida
O Amor de Dudu nas Águas
Estou virando uma menina
tornada mulherinha
com tanta coleirinha
de maturidade
ainda assim me sinto parida agora
tenra, maçã nova
nova Eva novo pecado.
Tudo gira e eu renasço menina
vestido curto na alma de dentro...
Deixo no mar os velhos adereços
a velha cristaleira, os velhos vícios
as caducas mágoas.
Nasce a mulher-menina de se amar
com água no ventre e no olhar.
Nasce a Doudou das Águas.
Minha vida não é essa hora abrupta
Em que me vês precipitado.
Sou uma árvore ante meu cenário;
Não sou senão uma de minhas bocas:
Essa, dentre tantas, que será a primeira a fechar-se.
Sou o intervalo entre as duas notas
Que a muito custo se afinam,
Porque a da morte quer ser mais alta…
Mas ambas, vibrando na obscura pausa,
Reconciliaram-se.
E é lindo o cântico.
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As folhas caem como se do alto
caíssem, murchas, dos jardins do céu;
caem com gestos de quem renuncia.
E a terra, só, na noite de cobalto,
cai de entre os astros na amplidão vazia.
Caimos todos nós. Cai esta mão.
Olha em redor: cair é a lei geral.
E a terna mão de Alguém colhe, afinal,
todas as coisas que caindo vão.
Eu Quero Ser Feliz Agora
Se alguém disser pra você não cantar
Deixar teu sonho ali pr'uma outra hora
Que a segurança exige medo
Que quem tem medo Deus adora
Se alguém disser pra você não dançar
Que nessa festa você tá de fora
Que você volte pro rebanho.
Não acredite, grite, sem demora...
Eu quero ser feliz Agora
Se alguém vier com papo perigoso de dizer que é preciso paciência pra viver.
Que andando ali quieto
Comportado, limitado
Só coitado, você não vai se perder
Que manso imitando uma boiada, você vai boca fechada pro curral sem merecer
Que Deus só manda ajuda a quem se ferra, e quando o guarda-chuva emperra certamente vai chover.
Se joga na primeira ousadia, que tá pra nascer o dia do futuro que te adora.
E bota o microfone na lapela, olha pra vida e diz pra ela...
Eu quero ser feliz agora
Se alguém disser pra você não cantar
Deixar teu sonho ali pr'uma outra hora
Que a segurança exige medo
E que quem tem medo deus adora
Se alguém disser pra você não dançar
E que nessa festa você tá de fora
Que volte pro rebanho.
Não acredite, grite, sem demora...
Eu quero ser feliz Agora
O Tempo e o Vento
Havia uma escada que parava de repente no ar
Havia uma porta que dava para não se sabia o quê
Havia um relógio onde a morte tricotava o tempo
Mas havia um arroio correndo entre os dedos buliçosos dos pés
E pássaros pousados na pauta dos fios do telégrafo
E o vento!
O vento que vinha desde o princípio do mundo
Estava brincando com teus cabelos...
Virtudes Ociosas e Bolorentas
Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade. Sentei-me a uma mesa onde a comida era fina, os vinhos abundantes e o serviço impecável, mas onde faltavam sinceridade e verdade, e com fome me fui embora do inóspito recinto. A hospitalidade era fria como os sorvetes. Pensei que nem havia necessidade de gelo para conservá-los. Gabaram-me a idade do vinho e a fama da safra, mas eu pensava num vinho muito mais velho, mais novo e mais puro, de uma safra mais gloriosa, que eles não tinham e nem sequer podiam comprar.
O estilo, a casa com o terreno em volta e o «entretenimento» não representam nada para mim. Visitei o rei, mas ele deixou-me à espera no vestíbulo, comportando-se como um homem incapaz de hospitalidade. Na minha vizinhança havia um homem que morava no oco de uma árvore e cujas maneiras eram régias. Teria feito bem melhor visitando-o a ele.
Até quando nos sentaremos nós nos nossos alpendres a praticar virtudes ociosas e bolorentas, que qualquer trabalho tornaria descabidas? É como se alguém começasse o dia com paciência, contratasse alguém para lhe sachar as batatas, e de tarde saísse para praticar a mansidão e a caridade cristãs com bondade premeditada!
O caminho do meio
O monge Lucas, acompanhado de um discípulo, atravessava uma aldeia. Um velho perguntou ao asceta:
“Santo homem, como me aproximo de Deus?”
“Divirta-se. Louve o Criador com sua alegria”, foi a resposta.
Os dois continuaram a caminhar. Neste momento, um jovem aproximou-se.
“O que faço para me aproximar de Deus?”
“Não se divirta tanto”, disse Lucas.
Quando o jovem partiu, o discípulo comentou:
“Parece que o senhor não sabe direito se devemos ou não devemos nos divertir”.
“A busca espiritual é uma ponte sem corrimão atravessando um abismo”, respondeu Lucas. “Se alguém está muito perto do lado direito, eu digo ‘para a esquerda! ’ Se aproximam-se do lado esquerdo, eu digo ‘para a direita!’. Os extremos nos afastam do caminho”.
Um cara difícil exige uma paciência oceânica.
Ele vai ser romântico e muito bruto. Ele vai ser generoso e muito casca-grossa. Ele vai dizer a verdade e vai mentir às vezes. Ele vai fazê-la se sentir uma eleita entre todas e depois vai dar
mole para muitas. Ele vai implicar com as mínimas coisas, e com as grandes também. Ele vai exibir qualidades que você nem sabia que um homem poderia ter, e em troca vai abusar de todos os defeitos que você sabia que todo homem tinha. Ele vai ser ótimo na cama. Vai ser um perigo dirigindo um carro. Vai ser gentil com sua mãe. Vai ser um brucutu com a mãe dele. Ele mudará de humor a cada 20 minutos, ele vai brigar por nada, vai beijá-la demoradamente por horas e, com essa bipolaridade bem ou mal disfarçada, ele a deixará tão tonta e exausta que você pensará que foi atropelada por um trem descarrilhado. – Quem sou eu? – será sua primeira pergunta ao acordar sobre os trilhos.
No primeiro encontro, pergunte: – Você é um homem difícil? Se ele responder que é, procure imediatamente um psicanalista. Para você, santa.
O gato e o pássaro
Uma cidade escuta desolada
O canto de um pássaro ferido
É o único pássaro da cidade
E foi o único gato da cidade
Que o devorou pela metade
E o pássaro deixa de cantar
E o gato deixa de ronronar
E de lamber o focinho
E a cidade prepara para o pássaro
Funerais maravilhosos
E o gato que foi convidado
Segue o caixãozinho de palha
Em que deitado está o pássaro morto
Levado por uma menina
Que não pára de chorar
Se soubesse que você ia sofrer tanto
Lhe diz o gato
Teria comido ele todinho
E depois teria te dito
Que tinha visto ele voar
Voar até o fim do mundo
Lá onde o longe é tão longe
Que de lá não se volta mais
Você teria sofrido menos
Só tristeza e saudades
É preciso nunca fazer as coisas pela metade.
Eu do Sol
Hoje a janela me ofereceu uma paisagem
Ofereceu-me o pôr do sol
muitos, eu sei, em meu lugar seriam capazes de poetar
de escrever em tintas coloridas ou belas palavras
O cenário que se apresentava ante minha janela
Eu, eu porém estava neutro
eu havia visto aquilo antes
muitos exaltaram o lilás-avermelhado do céu
teceriam espíritos iluminados das nuvens
ressuscitando formas
Ontem, eu teceria também, mas hoje estou neutro
sem forças, somente existindo
ontem, eu disse, que lindo azul eu sou
que lilás-avermelhado eu posso ver
eu posso, eu posso ver
pois a natureza é incolor
Natureza morta
somente átomos em profusão dominam
o que percebemos erradamente como formas numa gestalt
que no fundo não há nada de belo
é só você, você, você
os poetas descritivos estão redondamente enganados
ao invés de exaltar a beleza da natureza falsa
deveriam dedicar odes a si próprios
exaltando nosso eu
que sem dúvida é maravilhoso e incrível
pois é com esse mecanismo complexo que nos leva
a perceber tais fotografias
O pôr do sol
Eu me ponho às 6 horas na Bahia e às 7 no Rio
Eu sou o céu com andorinhas
Eu sou o mar com seus peixes
Eu sou o mundo inteiro
assim piso no lugar que cheguei
aqui está minha ode que faria ontem
Eu sou o sol
que belo lilás estou, que faço aqui, porque me ponho
criatura cheia de porquês e vivo e gracioso cérebro
que linda massa acinzentada, oh
máquina poderosa, força de energias mil
faze-me crer que estou vivo
que existo nesse Brasil
Ô mago do cosmos, poderoso mais que Alexandre
poderoso mais que eu possa conceber ou imaginar
entre tu e as tripas aparentemente parecidas
diferes em criação desde tempos já idos
Oh, massa molecular
eu sou o azul lilás que essa janela me trás
"Para mim há uma loucura racional aceita pela sociedade e uma loucura irracional condenada por ela."
(O futuro da Humanidade. - Página: 55)
POEMA
A minha vida é o mar o abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
Adormecida
Uma noite eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava, ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas!
"Virgem! tu és a flor da minha vida!..."
Eu acredito no amor. Não como uma salvação.
Mas como um prêmio de quem consegue se achar.
E se conhecer.
Poesia da Vida
A vida é uma poesia
Preste atenção aos pequenos sinais,
as entrelinhas da poesia da vida.
Sim, a vida é uma bela poesia,
que tem seus momentos trágicos,
tem seus dramas e sentimentos confusos,
mas tem muita comédia, alegria e amor,
que dependem mais dos seus olhos
do que dos fatos em si…
Como poesia, a vida conta com a natureza
que se mostra linda e cheia de cores
para alegrar o seu dia.
Pássaros que cantam, flores que se abrem,
perfumes delicados, cheiro de terra molhada,
o orvalho que lembra as lágrimas da lua,
e você, a obra perfeita de Deus,
que tem tudo isso a sua disposição,
para viver e fazer da vida,
um caminho de transformação, de conquistas,
sem esquecer jamais da ternura,
de colocar o principal ingrediente no seu dia,
para que tudo seja cada vez melhor:
o seu amor.
Então, em meio a poesia da vida,
deixe o seu amor vazar pelas ruas,
abrace mais, ligue para alguém
e diga o quanto ela é importante para você,
exprima o seu amor, fale, grite,
nada é mais poderoso que o amor,
e nada é mais poético que a vida,
que te convida em um verso que diz:
Vem!
Vem, mas vem sem medo de ser feliz!
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
A alma dos diferentes é feita de uma luz além.
A estrela dos diferentes tem moradas deslumbrantes que
eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender.
Nessas moradas estão os maiores tesouros da ternura humana.
De que só os ...diferentes são capazes.
Jamais mexam com o sentimento de um diferente.
Ele é sensível demais para ser conquistado sem
que haja conseqüência com o ato de o conquistar.
Nota: Trecho adaptado de um texto do autor.
O Inseto
Das tuas ancas aos teus pés
quero fazer uma longa viagem.
Sou mais pequeno que um inseto.
Percorro estas colinas,
são da cor da aveia,
têm trilhos estreitos
que só eu conheço,
centímetros queimados,
pálidas perspectivas.
Há aqui um monte.
Nunca dele sairei.
Oh que musgo gigante!
E uma cratera, uma rosa
de fogo umedecido!
Pelas tuas pernas desço
tecendo uma espiral
ou adormecendo na viagem
e alcanço os teus joelhos
duma dureza redonda
como os ásperos cumes
dum claro continente.
Para teus pés resvalo
para as oito aberturas
dos teus dedos agudos,
lentos, peninsulares,
e deles para o vazio
do lençol branco
caio, procurando cego
e faminto teu contorno
de vaso escaldante!
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das coisas: são belas?
(Alberto Caeiro)
A crença em uma origem sobrenatural da maldade não é necessária. Homens sozinhos são capazes de qualquer maldade.
The belief in a supernatural source of evil is not necessary. Men alone are quite capable of every wickedness.
Nem cedo, nem tarde.
O presente é hoje.
O passado está no arquivo.
O futuro é uma indagação.
Faze hoje mesmo o bem a que te determinaste.
Se tens alguma dádiva a fazer, entrega isso agora.
Se desejas apagar um erro que cometeste, consciente ou inconscientemente, procura sanar essa falha sem delongas.
Caso te sintas na obrigação de escrever uma carta, não relegues semelhante dever ao esquecimento.
Na hipótese de idealizares algum trabalho de utilidade geral, não retardes o teu esforço para trazê-lo à realização.
Se alguém te ofendeu, desculpa e esquece, para que não sigas adiante carregando sombras no coração.
Auxilia aos outros, enquanto os dias te favorecem.
Faça o bem agora, pois, na maioria dos casos, “depois” significa “fora de tempo”, ou tarde demais.
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