Poemas Irônicos Mario Quintana

Cerca de 510 poemas Irônicos Mario Quintana

Mas se a vida é tão curta como dizes
por que é que me estás lendo até agora?

Mario Quintana
A vida. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
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Vivemos conjugando o tempo passado (saudade, para os românticos) e o tempo futuro (esperança, para os idealistas). Uma gangorra, como vês, cheia de altos e baixos – uma gangorra emocional. Isto acaba fundindo a cuca de poetas e sábios e maluquecendo de vez o Homo sapiens. Mais felizes os animais, que, na sua gramática imediata, apenas lhes sobra um tempo: o presente do indicativo. E que nem dá tempo para suspiros...

Mario Quintana
Gramática da felicidade. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
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Não tentes tirar uma ideia da cabeça de outrem porque, examinando bem, verás que em geral não se trata de ideias, mas de convicções. São inextirpáveis. E a causa única de todas as guerras – políticas ou religiosas, paroquianas ou internacionais.

Mario Quintana
Diagnóstico errado. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
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Delícia de fechar os olhos, por um instante e assim ficar, sozinho, fabricando escuro... sabendo que existe a luz!

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Todo esse apego do homem ao cachorro é porque o cachorro considera o seu dono o primeiro homem do mundo...

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Se a tua vida não puder ser uma tragédia grega – por amor de Deus! – não a faças um tango argentino...

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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A única coisa que nos diferencia de peixes num aquário é que temos consciência dos limites de nosso mundo…

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Haverá coisa escrita que não seja póstuma? Tudo que sai impresso é epitáfio...

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Os chinelos são um par de gêmeos obedientes, sempre juntinhos ao pé da cama, pacientemente à espera do papai, que às vezes custa tanto a chegar.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Preocupar-se com a salvação da própria alma é indigno de um verdadeiro gentleman.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Fazia tanto calor que as sombras se ocultavam debaixo da barriga dos cavalos e da copa das árvores.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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O bom das filas é nos convencerem de que afinal esta pobre vida não é tão curta como dizem.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Meu Deus, por que será que nos sentimos tão culposos diante desse olhar interrogativo que nos lançam, às vezes, os cães? Mas culposos de quê?

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Talvez a poesia não passe de um gênero de crônica, apenas: uma espécie de crônica da eternidade.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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As lagartas não podem acreditar na lenda das borboletas – tão antiga entre o seu rastejante e esforçado povo... mas sua felicidade consiste em relembrar, às vezes, o absurdo e maravilha desse velho sonho: o de se transformarem, um dia, em borboletas.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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O crítico é um camarada que contorna uma tapeçaria e vai olhá-la pelo lado avesso.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Durante as belas noites de tempestade os relâmpagos tiram radiografias da paisagem.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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É preciso escrever um poema várias vezes para que dê a impressão de que foi escrito pela primeira vez.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Não se devia permitir nos relógios de parede esses ponteiros que marcam os segundos: eles nos envelhecem muito mais que o ponteiro das horas.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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E chegará um tempo em que os militares inventarão um projétil tão perfeito, mas tão perfeito mesmo, que dará volta ao mundo e os pegará por trás.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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