Poemas Famosos de Amor

Cerca de 517 poemas Famosos de Amor

Se depois de eu morrer quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Tenho só duas datas: a de minha nascença e a de minha morte. Entre uma e outra, todos os dias são meus.

Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.

Feliz quem não exige da vida mais do que ela espontaneamente lhe dá, guiando-se pelo instinto dos gatos, que buscam o sol quando há sol.

Me mostre um homem que não é escravo da paixão e eu o conservarei no mais fundo do peito.

As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão
Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão.

"Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram!"

É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

Carlos Drummond de Andrade
Andrade, C. D. Fazendeiro do Ar, José Olympio, 1954

Nota: Poema "O Enterrado Vivo"

...Mais

Juro que te amo
mas não sei ate quando
me descobri no teu sorriso
sincero, meigo e profundo
que desencadeou os portais
do meu mundo obscuro.

O Amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

O amor soube então que se chamava amor.
E quando levantei meus olhos a teu nome
teu coração logo dispôs de meu caminho.

A longa distância apenas serve para unir o nosso amor.
A saudade serve para me dar
a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos...

Dorme sobre meu seio,
Sem mágoa nem amor...
No teu olhar eu leio
O íntimo torpor
De quem conhece o nada-ser
De vida e gozo e dor.

Fernando Pessoa

Nota: Trecho de poema do livro "Poesias", de Fernando Pessoa.

Se sou esquecido,
devo esquecer também.
Pois o amor é como um espelho:
tem que ter reflexo.

Pablo Neruda

Nota: Autoria não confirmada.

Como nos enganamos fugindo ao amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar
Sua espada coruscante, seu formidável
Poder de penetrar o sangue e nele imprimir
Uma orquídea de fogo e lágrimas.

Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu
Em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava; sorria.
Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.

Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor
Que trazias para mim e que teus dedos confirmavam
Ao se juntarem aos meus, na infantil procura do outro,
O outro que eu me supunha, o outro que te imaginava,
Quando - por esperteza do amor - senti que éramos um só.

Duvide do brilho das estrelas.
Duvide do perfume de uma flor.
Mas nunca duvide de um amor.

Amor que é amor não se transforma
porém durante o tempo se dilata!
Se isso for um erro ou meu engano
for provado, eu jamais terei escrito
ou alguém terá amado!

William Shakespeare

Nota: Trecho do soneto 116.

CIDADEZINHA QUALQUER

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

Carlos Drummond de Andrade

Nota: De Alguma poesia (1930)

O Amor Bate na Aorta

Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.

Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.

O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.

Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender...

O primeiro amor passou
O segundo amor passou
O terceiro amor passou
Mas o coração continua.

Que à união de espíritos puros
eu não aceite impedimentos.
Não é amor o amor
que muda quando mudanças encontra,
ou se curva a quem quer extingui-lo.
Oh, não! O amor é um marco eterno
que inabalável enfrenta as tormentas.
É a estrela de todo barco errante,
de brilho certo, mas valor inestimável.
O amor não é joguete do tempo, embora
ao envelhecer os lábios nos entorte.
O amor não muda conforme o dia e a hora,
mas chega inalterado até o fim dos tempos.
Se me provarem que isto está errado,
então nunca escrevi
nem ninguém jamais amou.